The Teacher

Por isso que gosto de você!

Aquele domingo estava tão preguiçoso e gelado que Rafa brigou com seu inconsciente para abrir os olhos. Viu-se encolhida ao canto da parede sentindo o braço de Gizelly envolvendo sua cintura. Gizelly estava com um sono bem pesado, de quem não dormia bem há algum tempo. Sequer se moveu.
Ao levantar, ela andou pela casa, viu a varanda aberta e as cortinas balançando devido ao vento e o piso molhado devido aos respingos, estava chovendo pesado.
Todas as coisas que Gizelly andava escrevendo estavam sobre a mesa. Ela vinha se esforçando bastante, e eram incontáveis a quantidade de rascunhos. Rafa ficou tentada a ver tudo, mas não tocou, sabia que ela não gostava que vissem seu trabalho antes da conclusão.
Gizelly se mostrava bem minimalista na decoração. Não exibia luxo ou coisas supérfluas no ambiente. Até a área de serviço dela, tinha poucas roupas estendidas no varal de chão, bem cheirosas.
Rafa era ruim em quase tudo na cozinha, mas assar uns pães e fritar um ovo não era tão difícil então preparou um café.
Diferente da casa dela, lá no apartamento de Gizelly não tinha cafeteira elétrica, nem sanduicheira, nem microondas, mas tinha panelas de tamanhos diferentes, uma gaveta bem organizada com vários tipos de facas e utensílios de cozinha. O que indicava que ela gostava bastante de cozinhar.

- Pronto. Acabei!

Ela se sentiu orgulhosa ao olhar a bandeja improvisada: dois ovos fritos, três pães assados, uma garrafa com café, duas maçãs e duas fatias de melão. Havia iogurte e geleia na geladeira, mas aquilo não ia muito bem ao estômago de Rafa logo pela manhã.
Carregando uma bandeja que na verdade era uma assadeira de frango, Rafa foi até o quarto. Estava com uma camisa de Gizelly, descalça e com um coque enrolado bem no alto da cabeça. Largada de peito para cima, subiu sobre Gizelly, pegou os óculos dela na mesinha de cabeceira e colocou no rosto, a acordando, mesmo com a visão turva.

- Bom diaa, minha escritora favorita!

Gizelly sorriu antes de abrir os olhos, apoiou as mãos nas coxas dela, levantando as pálpebras vagarosamente. Abriu ainda mais o sorriso ao vê-la de óculos e afirmou:

- Que sexy! Não tô enxergando direito, mas já tô vendo que ficou bem gostosa assim!

Rafa deitou sobre Gizelly, tirando os óculos de seu rosto e pondo no dela. A beijou enquanto era abraçada.

- O que é isso? Não consigo acreditar que a pessoa que me dispensou preparou um café da manhã pra mim!

Disse Gizelly ao ver a bandeja com as coisas que Rafa havia preparado. Lógico que ela poderia ter feito bem melhor, mas não era de rebaixar o trabalho alheio. Rafa sorriu envergonhada ao ouvir e ver que Gizelly prestava atenção em tudo.

- Olha o deboche! Não me faz me sentir ridícula e me arrepender de tudo. Acordei antes de você, não estava fazendo nada... Não me custava fazer o café!

- Uhum! Não mesmo e custava menos ainda trazer na cama para o seu amor! Primeira vez que uma mulher me serve na cama, no geral sempre eu que faço isso.

Rafa sentou-se sobre as pernas, a olhou e retrucou:

- Ah! Então você serviu todas as dezenas de outras que já teve na cama e sou a primeira trouxa que serve você. Vou levar de volta! Esquece essa parte que fiz o café pra você.

Gizelly sorriu a puxando de volta para cima dela, lhe deu uns beijos espalhados pelo rosto e respondeu:

- imagina daqui dez anos! Quando alguém me perguntar se alguma mulher já me trouxe café na cama a primeira pessoa de quem lembrarei será você. Uma morena linda e marrenta, se você me perguntar agora os nomes das dezenas de mulheres que servi, não recordo nenhuma.

Rafa sorriu alto. Embolou-se na cama, ficando sob ela e respondeu:

- Você é a pessoa mais mentirosa que eu conheço. Dezenas! E não se lembra de nenhuma? Tá bom.