Rafaella ganhou uma toalha e uma camisola um tanto folgada de algodão macio com cheiro de lavanda. Sorriu ao ver sua vó abrir as portas do guarda roupas do quarto de hóspedes. Tirando um edredom, pondo sobre a cama.- Seu avô tava falando em você esses dias! Nunca mais apareceu aqui e olha, vai ficar feliz de saber que veio. Pegou friagem ontem e hoje amanheceu todo moído. Tomou um chá e acho que não acorda nem no chute.
Rafa estava em silêncio. As lembranças vinham a todo o momento e sentou prontamente na cama ao ver sua avó apontar.
- Dormir de cabelos molhados dá pesadelos. Deixa eu ver...
Ganhou um turbante improvisado feito de toalha e um sorriso de quem a admirava tanto.
- Tem certeza que não aconteceu nada?
Ela confirmou com a cabeça, engoliu seco e tentou ser a mais normal de sempre.
- Tudo ok. Só parei por que ia ficar tarde pra pegar a estrada. Mas amanhã vou cedo, tem muito trabalho pela frente.
- Não vai sem antes comer. Seu avô vai ficar feliz demais em ver você. Tá quentinha a cama. Pega sol durante o dia e a noite parece que as camas foram passadas a ferro.
Ela viu sua avó verificar o quarto inteiro.
- Vou colocar uma citronela ali pra espantar os mosquitos.
Depois de acender um palito de citronela, ela voltou e disse:
- Tá cansada, né? Vocês vivem correndo nessa vida, pra lá, prá cá. Não come direito. Isso não sustenta ninguém, menina!
Rafa ganhou um beijo na testa. Mas depois se levantou e a abraçou longamente. Depois disfarçou quando parecia que sairiam as lágrimas uma por uma.
- Vovó, Kelly vai amar esse cheiro! É amaciante? - Indagou cheirando a camisola.
- Não não! É lavanda de verdade, lá do jardim. Fica bom né?
Ela balançou a cabeça. Sentou na cama vendo sua avó sair.
- Todo mundo diz que no mato o tempo não corre. Então durma! Amanhã eu venho acordar você.
A senhora deu um beijinho na mão de Rafa e depois acenou. Fechou a porta e deixou a neta sozinha.
Rafa deitou na cama e os pensamentos
continuavam invadindo tudo. Há silêncios e silêncios. O de lá era como os que deixam até a própria respiração ser ouvida. Com cheiro leve de lavanda e citronela. Ela não quis mais pegar o celular. Decidiu que aquele misto de sentimentos era somente por aquele dia. No dia seguinte seria a mesma de sempre e fim de assunto."Não há absolutamente nada de especial em você."
"Você chorava sem parar."
"Era insuportável."
"Tomei tudo e você não saiu."
"Eu não quis, ele não quis..."As frases se repetiam como música.
- Meu Deus, como isso pode me afetar tanto... - Nem ela aceitava.
Virou para o lado e acabou cochilando. Mas não existe paz quando não se está se sentindo assim. Não importa de quantas formas diferentes o ambiente mude. Do cochilo, ela despertou algum tempo depois. Não sabia após quantos minutos, mas ao longe ouvia um barulho.
A voz de Gizelly falando com a sua avó na sala.
-... Ela se deitou tem um tempinho. Mas entre! Tem cobertor pras duas, quer que eu a chame? Essas coisas de juventude... Vocês brigaram?
Gizelly notou que Rafa não havia falado nada. Tranquilizou a avó da moça e disse que falaria com ela no quarto.
- Se precisar, podem me chamar! Tá tarde, mas dá pra ouvir. Boa noite!
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The Teacher
FanfictionSinopse Gizelly G!P Gizelly Bicalho tem 29 anos é professora, nadadora e escritora, depois de morar 3 anos fora da Brasil, volta para sua cidade natal com a sua namorada, Hariany. Gizelly é amável, inteligente, gosta de artes e viagens. Ela sonha...