Jantar Romântico

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   O quarto de hóspede ficava duas portas depois do quarto de Rafa, no final do corredor. Gizelly destrancou a porta, enquanto ouviam o som de violino baixinho que vinha do canto. A janela mostrava o dia amanhecendo, mas Gizelly se encarregou de fechar as cortinas, deixando o ambiente o mais escuro possível.

- A noite sempre é mais sensual e romântica. As velas trazem um ar misterioso, assim como os cheiros, vinhos... - Disse Gizelly.

Rafa cruzou os braços a observando. Parecia ensinar pra ela como as coisas eram feitas.

- É verdade, vi as pessoas falando tudo isso na internet. - Respondeu Rafa. - Eu tinha feito um cardápio, a Kelly me ajudou, mas agora não dá mais tempo de executar.

Gizelly sentou em cada uma das almofadas testando se estavam fofas o bastante, enquanto Rafa só observava revirando os olhos.

- Sei, sei... Você é profissional na arte de fazer jantares românticos e está criticando o meu o máximo que pode! Procura um defeitinho aqui, outro ali... Vai, continua! Pode continuar... Fala que você faria melhor que eu, que teria isso, teria aquilo...

Rafa cruzou os braços parecendo chateada e Gizelly levantou-se das almofadas. A abraçando em seguida.

- Talvez eu tenha tido alguma experiência, nenhuma foi com você então não vale! Ah, e todas as experiências que tive foram criadas por mim. Ninguém foi sensível o bastante para fazer tudo isso só porque queria uns minutinhos comigo. Olha só esse quarto... É a coisa mais clichê que existe no mundo! Tenho certeza que você pegou a primeira foto lá no Google e fez igual!

Rafa sorriu alto ao ouvi-la e respondeu:

- Ah, peguei mesmo a primeira foto que tinha lá, morri de rir da cafonice e eis como ficou.

- Pois é! Sem julgamentos. Não importa pra mim. Podia ser dez vezes mais clichê que isso.

A voz de Gizelly soava baixinha, leve e doce, exatamente como a música.

- ...E eu amei tanto que a gente vai deitar e rolar nessa clichêzada toda! Vamos tomar champanhe com as taças cruzadas, vamos dançar dois pra lá, dois pra cá, vamos sentar com o cotovelo na mesa uma olhando a cara da outra e falando: "Te amo... Eu que te amo... Ah, não! Eu te amo mais. De jeito nenhum! Eu amo muito, muito mais!" E assim uma briga de amor vai começar! Vamos colocar uvinha na boca da outra, fazendo carinho no rosto e falando: "linda! Razão da minha existência! O mundo é cruel sem você. Que sorte a minha! Não acredito que estou namorando você... É muita sorte!".

Rafa sorriu como ainda não havia sorrido naquela noite. Todas as risadas com Ronaldo e seus amigos, não tinham o exagero de Gizelly. Lhe deu um tapinha no ombro, pausando a testa sobre o mesmo. Era clara a intenção da professora tornar tudo exacerbado. Ficou feliz por vê Rafa mais calma.

- Só não é clichê dizer que você sorrindo é minha imagem preferida! Até quando seus olhos ficam pequenininhos e você tenta abrir mesmo sorrindo, e balança a cabeça perdendo o fôlego por que nem consegue ficar quieta.

Quanto mais Gizelly falava, mais Rafa sorria.

- E se meu amor por você fosse um pote de açúcar, acha que já estaria cheio? - Perguntou Gizelly, fazendo-a sorrir ainda mais.

- Afff! 500%! Já bateu a cota de melosidade do ano. Nunca ouvi tanto mel junto durante a minha vida inteira! Tô quase diabética...

Gizelly sabia que ela iria reclamar e retrucou:

- Se é assim, o que passa de cem por cento, já é lucro, não é? Vamos começar!

Gizelly deu um passo pra trás, estendeu a mão se curvando para pedi-la para dançar. Pareciam duas adolescentes mal vestidas, aos risos com uma música ruim dando dois passos para cada lado. Era péssimo, mas era divertido. Principalmente quando Gizelly começou a imitar o som ambiente.

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