The Teacher

Deusa grega

Rafa parou o carro diante das folhas de uma palmeira enorme balançando na entrada da mansão da família de Gizelly na manhã do dia seguinte. A professora pretendia ficar no carro, mas acabou saindo com Rafa que queria ver sua mãe. Quando desceu do veículo, prontamente viu os seguranças que abriram o portão para que o carro entrasse.

- Deixa aqui na rua mesmo, amor.

Afirmou a professora, ao ver o carro de seu pai na garagem. No celular de Gizelly, tinha uma mensagem de sua irmã.

"O pai enlouqueceu de vez. Volto rápido, mamãe tá no meu quarto."

As duas passaram pelo caminho de pedras. A casa imensa não trazia conforto nenhum para Gizelly e foi inevitável não dar de cara com seu pai e seu então irmão sentados na varanda diante da piscina azul turquesa. Pareciam animados, conversando assuntos que não lhe diziam respeito. Era o cúmulo do absurdo.

- Inacreditável... - Afirmou Gizelly.

Sua intenção foi passar direto, mas era impossível não vê-las. Tiago e Luis ficaram sem graça imediatamente. O rapaz engravatado ficou parado encarando a professora.

- Bem vindas. - Afirmou Luis. - Essa não era a maneira como pretendia colocar as coisas no eixo...

Gizelly revirou os olhos, ignorou o que iria ouvir e pegou na mão de Rafa para que fossem à porta principal. Porém não conseguiu ir muito a diante.

- É SEU IRMÃO! - Exclamou Luis.

Gizelly soltou a mão de Rafa, bateu algumas palmas irônicas e retrucou:

- Ok! Preciso chorar agora? Abraçar... O quê mais?

Tiago era observador o bastante para ficar calado. Cruzou os olhos com o de Rafa e abaixou a cabeça.

- Todo mundo erra! A vida é assim, erros e acertos as coisas acontecem é imprevisível. - Prosseguiu o pai, tentando justificar-se. - Quem sabe tenha sido Deus! Ele tem tino para os negócios como eu, gosta do que faz, é bom no que faz. Tem gana, está no DNA.

Rafa pensou em falar, ficou imediatamente inquieta, mas Gizelly estava perdendo a calma, enquanto Luis continuou:

- Todo mundo está sujeito a cometer um deslize e se dele vier coisas boas? Pode acontecer até com você inclusive filha!

Na frente de Tiago, Luis exibia um personagem, calmo e sereno. Contudo, Gizelly pegou a mão de Rafa e deu dois passos, até ouvir:

- Espero que você nunca erre com ela. ESPERO QUE ELA NUNCA ERRE COM VOCÊ
RAFAELLA! - Afirmou num tô mais alto. - O exercício do perdão é divino! - Continuou.

O que fez Gizelly soltar a mão da namorada outra vez:

- Não vou errar com ela porque não sou doida! Sou uma mulher que sabe escolher o certo e o errado. Não vim pra esse mundo pra fazer ninguém de idiota e destruir ninguém como você faz com o psicológico da minha mãe. Canalhice e cara de pau nada tem a ver com DNA. Fique tranquilo que no meu sangue não corre isso.

Dessa vez ela acelerou o passo, pegou a mão da namorada outra vez. Entraram na casa e sequer olharam para trás. Rafa e Gizelly sabiam o quanto o pai dela era cínico. Luis estava com uma mão no peito e outra na testa, exibindo um ar de decepção para Tiago enquanto o casal sumia de suas vistas. A casa estava em silêncio. Imediatamente uma das funcionárias baixou os olhos ao vê-las, e Gizelly notou que nada havia mudado. O pai ainda tratava seus colaboradores sem nenhuma cordialidade.

- Bom dia, Vanda!

Afirmou Gizelly, estendendo a mão e sorrindo para a senhora. Que respondeu no mesmo momento com um sorriso lhes oferecendo um café. Ambas negaram, subiram as escadas até o quarto de Tais onde a mãe de Gizelly estava sentada na escrivaninha diante da janela, de onde não era possível ver Luis e Tiago conversando. Márcia assustou-se ao ver a filha com Rafa ali tão cedo. Estava com os olhos tristes, características de uma pessoa que não dormia bem há dias. Em cima da cama, uma mala grande esperava ser preenchida por uma pilha de roupas dobradas ao lado.