Jantar em família

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Gizelly tentou se distrair daquela situação com seu pai. Todas as vezes que se encontravam, alguma coisa acontecia. Porém, sua mãe havia lhe dito que as coisas estavam melhores e as implicâncias foram deixadas de lado um pouco. Ao menos era aquilo que Márcia achava.

-   Seu pai sempre foi assim?

Indagou Rafa, visto que ela estava calada, embora sempre sorrisse quando Rafa a olhava.

-   Sempre foi durão, mas ficou pior quando troquei a faculdade de direito por letras. Nossa família tem negócios espalhados, escritórios e muitos clientes. Nada que me atraia. O resto você já pode imaginar no que deu. Ele me expulsou de casa, as brigas ficaram cada vez mais sérias e depois saí do Brasil.

Ela prestava atenção nas coisas que Gizelly dizia, não fez muitas perguntas, mas imaginou os motivos que fez Gizelly se afastar.

- Mas será que você pode esquecer um pouco meu caos familiar e me falar para onde está me levando?

Na zona norte da cidade, Rafa conhecia um lugar que daria uma animada nas duas. No mínimo pitoresco e sem grande elaboração, um teatro a ajudaria a melhorar.

- A senhora que ama arte e teatro, vai gostar muito de um grupo amador de comédia que se apresenta numa praça, distraindo qualquer pessoa que passa. Descobri por acaso, numa visita que fiz na academia há umas semanas.

Gizelly ficou animada. Chegaram até o local onde havia algumas cadeiras ainda disponíveis. A apresentação já havia começado e só o fato do ambiente já fez Gizelly abrir um sorriso enorme.

- Eu sabia que você ia gostar! É a sua cara essas coisas.

   Disse Rafa a puxando para uma das cadeiras vazias. Ela não poderia ter levado-a para um lugar melhor. Se pretendia arrancar sorrisos e deixar a noite mais leve, foi tudo o que aconteceu.
   Distraída, Gizelly a acarinhava e sorria ao mesmo tempo, olhando a apresentação na praça. O passeio durou quase duas horas e Gizelly fez questão de cumprimentar os atores ao final. A peça era muito boa e não tinha custo. Gizelly a abraçou ao final, lhe dando um beijo e a suspendendo tirando-a do chão por uns centímetros.

- Obrigada, novamente! Só me resta encher você de beijo pra agradecer da maneira que se deve!

   Afirmou, cumprindo a promessa que viera na frase. Continuaram andando pela cidade à noite. Mesmo assim, Rafa ainda percebia Gizelly pensativa e olhando para o nada. Aos poucos ela percebia que quanto mais chateada Gizelly ficava, menos falava.
   Quase às onze, pararam no prédio de Gizelly. Onde a farra de fim de semana já havia começado com direito a tudo, músicas para todos os gostos no maior volume, tipos variados de gente andando pelos corredores e muita conversa.

- Você não pensa em se mudar daqui, gi?

Perguntou Rafa ao ver aquela bagunça.
Gizelly a olhou de lado com sorrisinho maroto, apertou a mão da namorada e respondeu:

- Tá me pedindo em casamento? Pela doçura dessa voz e essa fala tão fofa, acho que nessa pergunta tem um pedido subjetivo de casamento.

Rafa deu uma risada longa, tão alta quanto o pagode que rolava na casa do vizinho. Ficou de frente a ela andando de costas em direção a porta e retrucou:

- Casamento? Nem pensar. Não sou mulher pra casar, gosto de estar apenas e somente namorando.

Gizelly deu de ombros, vendo-a sorrir como uma menina.

- Ah, o que você considera uma mulher pra casar?

Rafa ficou confusa, balançou a cabeça de um lado para o outro. Abriu os olhos ligeira e respondeu:

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