Você quer alguma coisa?

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   Rafa não contava com a dureza das palavras da professora. Olhou-se no espelho e via-se com os olhos molhados. Pensou que poderia ter se poupado daquilo se não houvesse parado ali, mas sabia que Gizelly tinha razão.
   Abriu sua bolsa e pegou um pequeno pacotinho de lenços umedecido que levava para retocar a maquiagem quando precisava e com um deles limpou seu braço que ainda cheirava a bebida assim como seu vestido.
   Lá se foram quase vinte minutos, se olhando no espelho, tentando se livrar do cheiro de conhaque. Os pensamentos se misturavam e a certeza que havia acabado. Terminou suspirando. Molhando as bochechas e as enxugando em seguida. Quando abriu a porta,  Gizelly estava parada encostada na parede, a olhando. Diferente do que Gizelly imaginava, Rafa sorriu. Disfarçando a tristeza e disse:

- Eu já vou, mas a gente pode agir naturalmente uma com a outra mesmo sabendo que o namoro não deu certo, eu gosto de você por outros motivos também. A pessoa que você é vai muito além da mulher em si. Se é que você me entende. Depois de hoje, ou melhor, depois de agora, eu percebi ainda mais o quanto fui burra. A verdade é...

Gizelly a via falando com um sorriso que só lembrava saudade, tão singela, aceitando da maneira que podia que tinha feito burrada.

- ... Meu sentimento por você não vai sumir assim, mas vou me acostumar.

   Ela finalizou. Rafa abaixou a cabeça, sorriu de lado com a timidez que nunca demonstrava. Sempre era espevitada e falava o que vinha à cabeça. Estava tão vulnerável que teve vergonha de expor aquela face.
   Gizelly coçou a cabeça, a viu se afastando até a porta da sala. Rafa pegou os sapatos que estava no chão e o celular. As palavras estavam na ponta da língua de Gizelly e por mais que quisesse, não conseguia.

- Tá vendo que você não sabe nada sobre mim? Se soubesse alguma coisa, saberia que não vou deixar você sair daqui essas horas. Sozinha, num final de semana pra esperar taxi lá em baixo.

   Afirmou, puxando-a pela mão. O retorno do ato foi imediato. Mesmo que ela não quisesse, o abraço veio automático, com as mãos que tocavam o corpo uma da outra.
   Rafa dizia que precisava daquele abraço enquanto pausava a cabeça no ombro dela. Saudades gritando que não queria sair dali. Gizelly não tinha mais para onde voltar. Tocou os cabelos dela e afirmou:

- Fica aqui! Durmo na sala e amanhã de manhã você vai. Vou pegar uma roupa e você tira esse vestido molhado. Já chega dessa conversa.
Ela o beijou no pescoço, e ele foi até o quanto, voltando com uma roupa e uma tolha para ela.

Rafa a beijou no pescoço e Gizelly foi até o quarto, voltando com uma roupa e uma tolha para ela.

...

   Rafaella saiu do banheiro algum tempo tempos. Havia enxugado os cabelos e os penteados dentro do banheiro mesmo. Ao entrar no quarto de Gizelly, a viu sentada na cama, fechando os livros que estavam espalhados ali e uns papéis com esboços. Estava empenhada na tarefa para o concurso literário e escrevendo bastante. A roupa que Gizelly lhe deu, foi um shorts de Corrida e uma camisa azul celeste de algodão fino.

-   Você não precisa deixar a sua cama, fico no sofá, daqui a pouco amanhece.

Disse Rafa e ao mesmo tempo, observou que a cama já estava lá. Bonita e nova, mas não teceu comentários que não cabiam naquele clima.

-   Não. Já salvei aqui as coisas, amanhã estou de folga e continuo. Boa noite.

Gizelly juntou seus pertences, esticou a coberta da cama, ligou o ar condicionado e a deixou dizendo:

- Não precisa ter pressa. O sofá não é tão ruim.

Fechou a porta em seguida e saiu. Rafa deitou-se, estava cansada e pensativa. Cabia respeitar que a relação chegou ao fim por que ela mesma escolheu aquilo. Verificou o celular e viu marcar quatro e quarenta da madrugada, afastou a cortina e não viu raios de sol, parecia que o domingo seria chuvoso.
A cama de Gizelly parecia tão larga e os lençóis cheiravam a amaciante, assim como as roupas que ela lhe deu parece que tinha seu cheiro entranhado. Não escapava um centímetro que não lembrasse. Era como se Gizelly a estivesse abraçando o tempo inteiro.

...

   O sono rápido foi o suficiente para fazê-la despertar. Ouvindo barulhinhos de gostas de chuva na janela de vidro. Via-se sozinha na cama, era irresistível não ir até a sala.
   Gizelly estava dormindo encolhida com o rosto virado para as costas do sofá. O notebook aberto na mesinha, com os papéis espalhados, indicava que ela estava escrevendo, trabalhando, e os óculos ainda no rosto. Talvez Rafa fosse desprezada se a tocasse ou a chamasse para dormir mais confortavelmente ao seu lado.

"Meu Deus, Eu amo essa mulher!" foi seu pensamento ao vê-la tão suscetível.

Uma constatação que ela precisava dizer a si mesma. Tacando a mão na testa. Rafa sentou na pontinha do sofá. As mãos pareciam não lhe obedecer, tocavam o corpo da mulher, a fazendo despertar devagar, levemente assustada, ajeitando os óculos no rosto. Gizelly murmurou a olhando ali e perguntou:

- O que foi? Não conseguiu dormir? Tá precisando de alguma coisa?

Ao sentar, as duas trocaram um olhar penetrante, e Gizelly continuou:

- Você quer alguma coisa?

Rafa nem aguentava mais guardar as palavras e disse:

- Quero você. Me beija, me abraça, faz amor comigo! Volta pra mim!

Independente da resposta, Rafa já havia falado o que estava em sua garganta. Estendeu-se até a mulher quase sentando em seu colo, de olhos fechados se acalentando roçando um rosto contra o outro.

- Uma vez eu pedi pra você não me fazer tanto carinho, por que eu tinha medo de me apegar. Agora é um carinho que eu preciso. Tô odiando me sentir sozinha, não aguento mais de saudades de você.

   Gizelly a puxou para cima pela cintura e pelas pernas ao mesmo tempo. A olhou cravando os dedos em seus cabelos. Ouviam o barulho da chuva caindo na rua e pareciam secos pela boca uma da outra. Quando finalmente se beijaram.
   Beijo esse que vinha com Rafa tentando estar ainda mais colada ao corpo de Gizelly. Se movendo contra ela, brigando entre si pelo posto de quem mais sentia saudade.
   Murmúrios, gemidos pequenos, dedos pressionando a pele uma da outra entregava os sentimentos que pairavam ali. As mãos de Gizelly fincadas na bunda de Rafa tentavam trazê-la ainda mais para perto como se fosse possível.

- Me beija! - Ela pediu entre os gemidos, mesmo estando sendo beijada a todo o momento. - Me beija...

Até achavam que não daria mais certo, que se danasse se o motivo fosse apenas a carne fraca, não tinha para onde fugir.

- Eu me arrependi! Juro! Eu amo você! - Dizia Rafa.

Ao mesmo tempo em que sorria Gizelly acariciava os cabelos de Rafa como se falasse e consolasse, respondendo:

-   Eu também amo você!

-   Sei que você não me entende... Nem eu entendo! Mas me desculpa, fica comigo!

Gizelly pausou o dedo indicador na boca de Rafa que foi beijado, enquanto Rafa a acariciava no rosto e pela primeira vez naquele reencontro, Gizelly a viu sorrir. Alegre. Mostrando a beleza que tinha ao exibir deus dentes e uma covinha do lado. Gizelly a beijou por cima da roupa, depois tirou deixando-a com os seios expostos.

- Eu quero ser sua!

   Disse Rafa, sentindo a boca de Gizelly lhe tocar os mamilos com carinho. Um a cada vez, como um doce que era provado por sua boca. Depois, se deram a mais um beijo de língua intenso, fazendo-a gemer ao perceber Gizelly beijar e morder seu pescoço.
   Rafa a afastou o suficiente para ver os olhos castanhos a encarando. Sentindo as mãos dela agora apertando suas coxas puxando o short para baixo. Apoiando-se nos joelhos, Rafa facilitava a retirada da peça, mostrando-se inteiramente nua.
   Gizelly mesmo se desfez do short e da cueca que usava, parecia desesperada tanto quanto Rafa.
   O corpo de ambas se movia num beijo longo. Sem penetração aparente, Gizelly a pegou com força, jogando-a contra o seu corpo, partindo para o quarto.

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a reconciliação veio

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