Não vão a lugar nenhum!

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   Quando Gizelly parou na porta da emergência, prontamente Rafa foi atendida. Um enfermeiro e uma enfermeira a ajudaram a sentar na cadeira de rodas, observaram a roupa suja de sangue e apenas fizeram sinal para Gizelly preencher a ficha. Ela estava tão nervosa que esqueceu o freio de mão, e por pouco o carro não desce pela rampa sinuosa. Tentava manter o controle e não pensar em nada ruim, mas estava difícil.

- Pode estacionar em frente à segunda portaria. - Afirmou o segurança ao vê-la meio perdida.

Já dentro da sala de emergência, Rafa parecia esperar por Gizelly a cada segundo. Pálida, ela não queria aceitar o que estava acontecendo. Continuava com uma tremedeira discreta e involuntária, até parecia frio.

- Preciso aferir sua pressão. - Disse a enfermeira enquanto lhe fazia mais e mais perguntas, sendo o mais rápida possível, enquanto fazia sinais para outra pessoa.

- A Gizelly! Pode falar que estou aqui? - Questionou aflita, com olhar perdido nas paredes brancas com listras azuis.

- Está sentindo muitas dores? Deixe-me ver sua barriga...

A enfermeira tocou com a ponta dos dedos bem abaixo do umbigo da moça, até ela queixar-se de dor.

- Minha coluna...

As costas eram onde mais doía. Quando terminaria de falar, Gizelly entrou apressada. Parecia haver corrido alguns quilômetros. Com olhos esbugalhados e ansiosos.

- Estou aqui!

Rafa aliviou-se por aquele momento. Uma das enfermeiras falava e anotava algumas coisas num tablet. Enquanto o outro disse:

- Precisamos ir para a outra sala. A médica já está esperando.

A médica estava aguardando na sala ao lado, esperou que entrassem e disse:

- A ajude a vestir o avental, estou entrando.

Parecia o consultório de sua primeira médica. Uma sala de exames e um local onde deveria vestir-se e usava o avental de costume, exceto pela luz que parecia mais baixa.

A enfermeira a ajudou prontamente. Pediu que Gizelly esperasse sentada e entrou para examina-la.

- Começou hoje o sangramento? Sentiu algo diferente? - Indagou.

- Não estava sangrando, fui ao banheiro e sangrou de repente.

- Certo, sentiu algo durante o dia? Cólicas?

- Senti dores nas costas, mas eu sentia isso ás vezes.

Ela falava tão baixo o quanto podia, nem parecia a mulher que vivia falando pelos cotovelos e ligada nos 220. Só os olhos se expressavam mais que as palavras. Puxando o equipamento de ultrassom, a médica ficou quieta. Olhou várias vezes para o monitor, anotando algumas coisas num tablet ao lado. Rafa chorou esperando uma notícia ruim.

- Estão aqui! Vamos ouvi-los?

O peso de todo o mundo havia ido embora naquele momento. Ela sorriu meio emocionada, olhando para o teto da sala e agradeceu.

- Obrigada! Obrigada...

Os agradecimentos pareciam uma oração silenciosa. Só ela sabia a quem agradecia e naquele momento, sentiu o que achava que não sentiria ao ouvir outra vez os corações dos seus bebês. Um a um, como de costume batendo freneticamente e todo o medo, foi substituído por um sorriso enorme, lá estavam os três saquinhos.

- Estão aqui e estão muito bem, mas foi por pouco. - Disse a médica.

Ela observou algumas alterações que causavam certa preocupação e foi enfática ao afirmar:

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