Tenho alguma chance?

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   Parecia que o som da rua era dentro do prédio e parecia ainda mais que ninguém se importava que era madrugada e as pessoas poderiam estar dormindo. Era um falatório, gente bebendo, se beijando nos corredores, pouco se importando com quem olhava. A garrafa de long neck que estava em na mão de Rafa foi descartada na lixeira depois do ultimo gole pausar em sua boca.
   Chegando a porta de Gizelly, tocou a campainha, mas não obteve retorno. A falta de luz da fresta da porta entregava que não havia ninguém ali. A esperança de talvez resolver aquele problema foi embora e talvez devido a bebida, a vontade de chorar veio junto.

- Inferno! - Disse para si mesma. - Aprende. Você não nasceu pra gostar de ninguém sua tapada! Que ódio!

Rafa engoliu o choro, tirou o salto alto e pegou o celular para ver as horas, 03:29h. Começava a chamar um novo carro pelo aplicativo, mas por instinto, ligou novamente para Gizelly.

- Até parece que ela vai atender... - Chamou duas vezes e ela atendeu. Muda, Rafa prendeu os lábios e arregalou os olhos. Tentava ouvir o que viria antes de qualquer palavra e sentiu seu corpo gelar da cabeça aos pés.

-   Oi, Rafaella. - Disse Gizelly, ao atender. Estava num silencio absoluto, diferente do que Rafa imaginava.

-   Você tá gostando da festinha?

Rafa perguntou. Depois fechou os olhos sabendo que não era aquilo que deveria e nem queria dizer, mas a vontade de provocar era maior que tudo.

- Não vou tomar muito o seu tempo. Você pode me ouvir? Não quero atrapalhar. Só vou dizer umas coisas e depois acabou. Não toco mais no assunto pode ser?

As frases saiam quase sem vírgulas e ela até precisou tomar fôlego para continuar.

-   Claro. - Gizelly respondeu.

-   Você não tem coração. Depois de tudo aquilo que falou enquanto dançava comigo teve coragem de ir pro motel com um bando de piranhas, com o Paulo e com o outro professor. Eu fiquei arrasada imaginando o quanto fui burra! Eu não estava com o Allan, só usei aquele banana pra fazer ciúmes em você. Mas eu fui trouxa sabe por quê? Me iludi com o seu papo de escritora romântica, achando que gostava de mim de verdade, que queria mesmo ficar comigo e agora eu sei que você está aí nua, transando com essas vagabundas e nem aí pra mim. Sei que ficamos pouco tempo, mas eu gostei de você! Gostei muito. Eu amei você, sua professora safada sem coração. Não é justo!

Gizelly tentou interromper, falou apenas uma letra, mas Rafa falou:

-   Espera, deixa eu continuar e depois não toco mais no assunto.

-   Tá bom, você tá bêbada? - Gizelly indagou.

-   E eu fui ainda mais trouxa que vim aqui na porta da sua casa. Não tô bêbada. Não muito, mas não interessa, e não me interrompe mais se não, não vou conseguir terminar!

-   Tá.

-   Como você tem coragem de escrever sobre mim no seu livro e me esquecer assim tão rápido. Eu achei que você ia me amar. Eu li as coisas que escreveu, me achava interessante. Você não sabe o quanto tô puta por que tô imaginando aqui você beijando a boca de uma daquelas mulheres. Eu falei tanto que você era minha... Eu me arrependi de ter terminado.

Rafa deu uma pausa e respirou fundo. A entonação dramática que ela dava as frases era hilária. Gizelly continuava ouvindo e ao perceber um fungado perguntou:

- Rafaella você tá chorando?

Rafa jogou o cabelo se apoiou na parede e respondeu:

-   Claro que não, e já disse pra não me interromper. Posso continuar?

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