O que sentiu?

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   Gizelly entrou na sala sendo puxada pela mão e ao mesmo tempo rodeada de crianças. Ela sorriu, ao notar Rafa passando a mão no rosto, expressando sem palavras o quanto estava aliviada e logo foi questionada por Sofia.

-   Cadê o seu pijama, Tia gi? Não pode ficar na festa sem o pijama!

-   Eu não pude escolher um! Estava no trabalho.

A menina se apressou até o quarto, onde pegou ao pijama que daria ao seu pai, lhe entregou e disse:

- Aqui! O meu pai não vai se importar em emprestar, depois falo para ele.

Não havia como recusar, com um coral de pequenos humanos gritando: VESTE! VESTE! VESTE!

-   Acho melhor você vestir se não quiser ser comida viva por eles!

Afirmou Rafa, encostada ao sofá, vendo o quanto as crianças foram receptivas com Gizelly. Rafa tinha um sorriso reprimido no rosto, ou uma inveja inocente de como só a presença da mulher conseguia acalmar aquele furacão infantil.

-   Final do corredor, terceira porta!

Embora com um sorriso afável, Gizelly pareceu mais recatada naquele momento. Talvez pela presença de seus alunos, mas não deixou de olhar para Rafa, que baixou os olhos com certa timidez. Fatos que foram completamente esquecidos, quando ela saiu do banheiro com o mesmo pijama de Rafaella. O que a fez abrir um sorriso enorme ao ver.

- Bem vinda professora Girafinha!

Era somente o que as crianças precisavam ouvir para batiza-la de professora Girafinha pelo resto da noite.

- E então, do que vamos brincar agora?

   Gizelly perguntou, reunindo a molecada, fazendo Rafa levantar as mãos para o céu como se fosse a melhor coisa que poderia ter ouvido naquela noite.
   Rafa viu Gizelly afastando alguns móveis, tirando algumas cadeiras do lugar sem nem perguntar se podia, mas era o que ela precisava para ter um pouco mais de espaço. Então começou a brincar, como se tivesse a idade daquelas criaturinhas.

"Acho que chegou outra criança!" ela pensou ao vê-la tão entretida e animada.

   Observou por alguns minutos, a desenvoltura da professora e sem querer acabou lembrando-se da noite no quartinho da academia.
   Entretanto, balançou a cabeça dispersando o pensamento que lhe parecia inconveniente para aquele momento.
   Lentamente, Rafa começou a juntar algumas bagunças espalhadas pela sala.

- Vem, tia! A professora Girafinha vai contar uma história.

Chamou Sofia, enquanto Gizelly a convidava com um aceno de cabeça.

- Senta aqui! - Pediu Gizelly, num tom mais brando.

   Ficaram Sofia, Rafa e Gizelly, sentadas sobre uma almofada grande, e as crianças ao redor ouvindo a história que Gizelly contava.
   Ela tinha desenvoltura com as palavras. Mais que ler, interpretava as frases e trejeitos que os personagens do livro pediam, e era impossível não arrancar sorrisos até da pessoa mais séria que tinha naquele local: Rafaella.
   Por mais interativa que a leitura fosse o sono também estava presente. Os bocejos começavam, e pouco a pouco eles se davam por vencidos e para terminar a noite, Rafa pôs um filme. Depois foi até o quarto e pegou os edredons e colchas, forrando no meio da sala onde provavelmente as crianças dormiriam.
   Até que foram resistentes. Já passava alguns minutos da meia noite, quando os últimos guerreiros viam o resto do filme.
   Gizelly notou Rafa cochilando e Sofia dormindo ao seu lado. Parecia uma cena perfeita de uma família, compartilhando de trajes iguais.
   Ela até pensou em ir embora, já tinha feito o que lhe foi proposto: entregar uma coisa que não tinha a menor importância naquele momento. Porém percebeu Rafa abrir os olhos bocejando, olhando ao redor da casa e vendo que todas as crianças finalmente estavam dormindo. Gizelly levantou-se, estendendo a mão para Rafa em seguida.

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