Eu perdi.

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   Gizelly e Rafa respondiam as perguntas com toda a leveza que podiam. O pai dela levemente alterado dava mais atenção ao amigo que a filha e a namorada. Já a mãe, as enchia de perguntas e parecia disputar a filha com a nora.

- A mamãe coloca o seu prato... Espera um pouquinho. - Disse ela, servindo a filha.

O celular de Gizelly começou a chegar algumas notificações, ela deixou para ver mais tarde.
Quase meia hora depois, quando a sobremesa foi servida, seu Luis afirmou apontando para a filha.

- Essa menina aí, vive no mundo da lua. Tem um império pra administrar e tenho que deixar na mão dos outros por que ela prefere brincar de escrever textinho e ser professora. Estava nos estados unidos, veio embora sem nem avisar nada e agora está trabalhando em uma academia, uma escola e fazendo vídeo pra gente desocupada na internet. Não faço a menor ideia de onde errei.

As palavras do homem pegaram todos de surpresa. Márcia repreendeu o marido, mas ele pouco se importou.

- Já falei mil vezes pra deixar a menina em paz. Ela não quer trabalhar na empresa. Certo que essas coisas que ela faz não são os melhores empregos do mundo, mas não precisa falar assim com ela.

- A culpa é sua! Você que não criou ela direito! Sempre lendo, vivendo na órbita do planeta, deu no que deu.

Rafa estava impressionada com tudo que ouviu. Dava pra entender porque Gizelly não queria continuar aquele legado. Imaginou tudo que ela havia sofrido pelas escolhas que fez. Gizelly estava com o rosto sério. Olhava o pai com certa raiva e segurava a mão de Rafa com um pouco mais de força.

- Não liga pra essas coisas, Rafaella! - Afirmou Thais. - Aqui sempre voltamos a esse mesmo assunto, não é pai?

O pai deu um sorriso irônico, olhou para a moça e respondeu:

- É, mas você já fica ciente. Se casar com ela, é isso que vai ter. Uma escritora fracassada, professorazinha de colégio infantil e faz só Deus sabe o quê nessa academia que vocês trabalham. Ela é só isso mesmo, mas não deve casar, ninguém aguenta isso.

- Chega! Vamos embora, amor! Não trouxe você aqui pra ouvir esse bando de baboseira sem noção.

Gizelly levantou-se, deixando a mãe e a irmã com a cara no chão pelas palavras do pai, que só sorriu e disse:

- Vá com ela moça! É isso, ela não quer ouvir o resto para não espantar você, como espantou as outras. Acha que não sei? A Hariany foi embora por que não aguentava mais a vida medíocre que você dava a ela. Mulher não gosta dessas coisas!

Rafa não ia ouvir calada, virou-se para o pai de Gizelly e afirmou:

- Vou com ela sim! A conheço há pouco tempo, mas o bastante para saber que infelizmente o senhor não conhece a filha que tem, e mulher de verdade tá pouco se importando com isso ou aquilo, palhaçada! Nunca ouvi tanta bobagem vinda de um homem só e já vi muito embuste nesse mundo!

Luis sorriu novamente e respondeu:

- Petulante! Nossa... Claro, claro! Ela já lhe iludiu com aquela conversa mole de romance, mas um dia vai cansar e daqui seis meses ela aparece aqui apresentando outra e assim a vida segue.

Márcia e a filha levantaram da mesa, junto com a prima que parecia estar amando a situação. No mesmo momento, Gizelly tirou o celular do bolso e viu a notificação que havia chegado. Os olhos pareciam se misturar com a raiva, pegou a mão de Rafaella e saiu.

- Filha! Volta, vem cá! - Afirmava a mãe, indo atrás dela.

- Venho com mais calma outro dia, mãe. Quando ele não estiver aqui. Desculpa.

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