quer que eu faça o quê?

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   Durante o jantar, Gizelly falou sobre a mudança que andava fazendo em seu livro, disse que estava mantendo a história original, mas com um toque diferente, depois de alguns acontecimentos e coisas que havia presenciado, modificou algumas partes.

- ...Mandei um e-mail para a editora, fiz umas ligações e justifiquei a causa do meu não comparecimento no dia marcado, mas não obtive retorno.

Sonolenta, Gizelly falava bastante, enquanto evitava pegar o celular e não falar das mensagens que lá estavam. O que deixava Rafa ainda mais inquieta.

Rafa passava a mão no rosto, olhava para os lados e a vontade de perguntar estava bem ali na ponta da sua língua, pronta para sair. Lá estava um de seus maiores defeitos, o ciúme vindo com as paranoias que sua cabeça insistia em criar e pro azar de Gizelly, na hora que foi mostrar o celular para a moça, exibindo o conteúdo do e-mail que havia mandado para a editora, lá estava mais uma notificação.

"Responde ao menos no grupo. O pessoal quer saber a sua opinião."

O grupo referido era um criado por Ivy para unir os professores a respeito do torneio. O que Gizelly não havia contado para Rafa era que no dia anterior, a professora havia feito um desabafo e lhe mandado uma mensagem um tanto sentimental.

- Esse povo não dorme... - Disse Rafa levantando, tirando os pratos da mesa.

Sem nem saber de quem era a mensagem, Gizelly já havia percebido que Rafa não gostou. Entretanto, também ficou em dúvida se devia contar para ela ou não o conteúdo da mensagem de Ivy, embora não houvesse acontecido nada entre as duas. Gizelly leu rapidamente a mensagem do grupo e respondeu prontamente com um áudio curto.

- Estou de acordo com vocês, mas façam da maneira certa. Mandem e-mail para o Ronaldo.

No grupo dos professores havia um impasse. Todos falavam com ela primeiro, queriam promover um café da manhã coletivo para todos os alunos no dia do torneio e como sabiam que ela era namorada da chefe, queriam cortar os protocolos do caminho. Achavam que falar com ela facilitaria o processo, mas não era bem assim.

Rafa virou-se para a pia e começou a lavar a louça enquanto Gizelly a observava, era uma coisa estranha, ela tentava não ser ciumenta, mas as expressões não iam de acordo, o que piorava tudo era sua ineficiência em fingir.

   Depois de falar com o grupo, Gizelly se aproximou, pegou os mantimentos arrumando para por na geladeira e pontuou:

- Se tivesse de cara assustada, diria que viu um fantasma, com a cara amarrada, não sei o que viu.

Sua intenção era que Rafa falasse algo, um segundo foi o intervalo entre as frases das duas, com uma resposta breve.

- Vi nada não.

Gizelly pensou em não insistir, também imaginou o que ela diria se viesse a saber o que Ivy lhe havia mandado, pensou que não era mesmo bom dizer nada, ficou calada terminando sua tarefa enquanto ela terminava a dela.

O assunto terminaria ali, se não chegasse mais nenhuma notificação no celular da professora, o grupo não parava e piorou quando um dos áudios era de Ivy.

- "gi, da uma olhada no privado, por favor."

Ela logo apertou os olhos, não imaginou que seria uma mensagem apenas para si, já que a conversa estava rolando com todos. Não precisava falar nada, bufou enquanto via Rafaella enxugar as mãos imediatamente com toalhas de papel coloridas. Gizelly agora não sabia o que dizer, largou o celular na mesa enquanto Rafa a olhava calada, mas não por muito tempo.

- Quer que eu saia? Privado é privado não é? Olha logo a porcaria do privado é vê o que ela quer, que não pode ser falado no grupo e precisa ser de madrugada.

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