Eu quero eles!

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   Depois de passar rapidamente pela academia do centro, Rafaella estranhamente foi para casa. Kelly não estava, tudo estava em silêncio e arrumado. Ela foi para o quarto, onde largou os sapatos e deitou-se na cama. Seu corpo parecia pesar bastante e ela de olhos fechados apreciou a sensação de estar com a coluna esticada e plana na cama. Não se queixou, mas sua forma de respirar falava o quanto estava aliviada. O bastante para ficar naquela posição por algum tempo até sem querer cochilar e acordar quase uma hora depois.

O tempo parecia nem ter passado. Quando acordou, viu que estava na mesma posição. Só o celular chegava uma notificação atrás da outra, até Kelly se surpreender ao vê-la em casa naquele horário.

- Dona Rafa? Tá bem? O que houve?

Ela levantou-se, ajeitou os cabelos e respondeu:

- Nada. Vim pegar um documento que esqueci e acabei cochilando.

Kelly ficou calada. A viu meio atordoada, mas ela se apressou.

- Você tava no mercado?

- Sim senhora!

- Eu já vou. Ainda tenho trabalho pra hoje.

Rafa saiu até a cozinha. Onde na bancada via várias frutas e legumes, até demais.

- Dona Gizelly disse que era pra trazer mais frutas, eu trouxe tudo.

Rafa sorriu de lado e começou a sentir falta da professora. Saiu de casa, deixando Kelly arrumando as compras. Pensou em voltar para academia, mas não. Estacionou na frente da editora onde a noiva trabalha. A moto estava lá e na recepção perguntou:

- Posso falar com a Gizelly? - A recepcionista sorriu.

- Pode sim, dona Rafaella! Ah, parabéns pelos trigêmeos, ela tá super feliz. A gente viu a foto, ela mostrou até as perninhas deles. Vão ser lindos.

Ela ficou surpresa pela recepção. Um pouco sem graça. Todo mundo lá aparentemente já sabia.

- Ela está na segunda sala do corredor. Está escrito "roteiro" na frente. Aquela será a sala dela agora.

Rafa ficou feliz, mas Gizelly não havia lhe contado que agora tinha uma sala pra chamar de sua. A porta estava entre aberta, e tinha cheiro de tinta fresca. Gizelly estava de costas, arrumando em sua estante, livros e outros objetos, quando Rafa se aproximou por trás devagar passeando a mão pela costas da professora sobre a camisa até o abdômen.

- Será que posso voltar atrás e pedir para não me deixar em paz? Pode me perdoar de novo? Você pode me perdoar por bem ou posso colocar a culpa nos hormônios e falar que nada é minha culpa. Descobri que chantagem também faz parte da gravidez.

Gizelly virou-se séria, mas Rafa ainda falava:

- Ah, e acho melhor me perdoar bem rápido por que quero saber por que você tem uma sala só sua com o nome "roteiro" na frente e não me contou. Você está se tornando uma escritora importante e não me contou... E será que pode me perdoar bem rápido também por que queria convidar você pra jantar comigo hoje e se possível, me perdoar bem rápido também por que eu tô com muitas saudades de você...

Gizelly sorriu ao ouvir tudo aquilo. A vendo se aproximar, lhe abraçando com carinho, se apoiando em seu peito e ombro, deitando a cabeça devagar. Depois Gizelly a abraçou também, beijando sua testa e sua boca em seguida.

- Não tá perdoada.

Rafa fez um biquinho e uma cara de choro.

- Quando me ver chorando, vai querer me consolar e vai ser tarde!

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