The Teacher

Nunca vi falar tanto!

   Gizelly suspirou de olhos ligeiramente arregalados ao ver os senhores na porta. A mãe de Rafa tinha olhos pequenos e brilhantes, era baixinha, mas o sorriso resplandeceu ao vê-la. Exatamente como o pai dela, que sorriu meio desconfiado. Imediatamente, ela se olhou mais uma vez, sem camisa, com uma bermuda, top e um par de havaianas brancas nos pés. Inevitavelmente coçou a cabeça ao mostrar o desconforto.

- Amor, são seus pais! - Afirmou sem saber o que fazer diante da porta.

   Ela lembrou-se que Rafa havia lhe falado que seu pai era mais falante e sua mãe meio tímida, mas os dois estavam calados, um olhando para a cara do outro, com um sorrisinho que só eles entendiam. Até Rafa aparecer enrolando os cabelos. Acelerada, feliz da vida.

- Meu Deus! Meus amores vieram me matar do coração! Nem pra me avisar e preparar uma caminha pra vocês...

Ela os abraçou imediatamente. Tentava abraça-los ao mesmo tempo. Sua mãe parecia a filha de tão baixinha que era e Gizelly foi abrindo mais a porta para que a cadeira do pai da moça pudesse passar.

- Que saudades Princesinha, estávamos doidos para ver vocês. Amanhã cedo vamos no Tato, saudades do nosso menino! - Disse seu pai.

Rafa revirou os olhos, lembrava-se da discussão com Renato horas antes no telefone.

- O filho de vocês tá impossível! Tá dando muito trabalho. Parece que tem dez anos.

Gizelly apenas observava como Rafa era carinhosa com o pais. Apertava as bochechas da mãe e bagunçava os poucos cabelos do pai enquanto fazia cafuné, mas ela levou um tapa na bunda de sua mãe que agora franzia a testa parecendo estar brava.

- É assim que ama seus pais? Casou e não nos contou nada? E a festa? O bolo? Isso que chama de respeito conosco que amamos tanto você? Nos vimos naquele dia pelo vídeo e de lá pra cá você nem falou que estava morando com a moça!

Gizelly arregalou os olhos ao ouvir tanto sermão e Rafa não sabia onde enfiar a cara e muito menos a professora ao ver o pai da namorada com a cara amarrada lhe encarando de mão estendida.

- Casou com a minha filha e nem sabe o meu nome ainda. - Afirmou o senhor num tom desafiador.

Gizelly estendeu a mão, sentiu os dedos do sogro lhe apertarem um pouco mais.

- Muito prazer, Carlos.

Gizelly ficou nervosa. Tentou soltar a mão do sogro que balançava pra lá e pra cá. O olhar de seu Carlos dizia: "Cê tá fodida se pisar na bola com a minha filha.".Até Rafa perceber.

- Gente, que casamento? Eu queria saber por que o povo só fala em casamento! Ela só está aqui...

Ela deu de ombros, e logo sua mãe e seu pai sorriram antes de dona Anna falar:

- Mas ela está morando aqui? Se está morando, é casamento sim!

Agora Rafa não sabia o que dizer. Viu seu pai soltando a mão de Gizelly e ela pedindo desculpas.

- Só um segundo... Já volto! - Pediu Gizelly, indo para o quarto onde pretendia se vestir.

- Mãe, pelo amor de Deus! Não é casamento, ela só está aqui por que teve um problema lá onde ela morava...

- E ela vai voltar pra casa dela?

Rafa coçou a cabeça, estava perdida e em nenhuma hipótese esperava ser surpreendida naquela noite.

- Não... Não. Acho que não. - Disse ela parecendo desinteressada.

- Então é casamento sim! - Afirmou seu pai com sua voz grossa e imponente.