LUNA DUARTE📍Seis e meia da manhã de segunda feira eu já estava de pé, essa noite quase não dormir de tanta ansiedade pra começar o curso, pegava de oito da manhã até meio dia, já tinha tomado meu banho e levantei cedo também pra fazer a finalização dos meus cachos que demorou pra caralho, continuava arrumando a minha mochila e vendo se estava tudo certo para o meu primeiro dia.
Ouço os passos da minha vó indicando que estava subindo.
— Já está de pé?
— Sim vó, meu coração tá explodindo aqui de tanta ansiedade. — Digo eufórica.
— Aí filha, estou tão feliz por você — Diz quando se aproxima deixando um beijo na minha testa.
Sorri feliz por ela está ali comigo, eu era muito grata por tê-la em minha vida. Com tudo arrumado sento na beira da cama pra responder algumas mensagens no whatsapp pra distrair até a hora de eu sair.
...
— Caralho, não acredito nisso! — Digo vendo que eu tinha acordado cedo pra nada pois perdi o horário do busão, um caminhão tombou na entrada da favela e não tava passando ninguém, consegui sair depois de esperar horrores o fluxo de gente diminuir saqueando a carga.
Não acredito que vou chegar atrasada no primeiro dia de aula, acordei horas antes pra quê? Tanto esforço em vão, bem que dizem que quando se fica pensando muito em algo acaba dando tudo errado.
— Qual foi princesa, tá perdida? — Me assusto com a voz grossa atrás de mim e acabo derrubando meu celular no chão. — Puta que par... — Respiro fundo sem completar a palavra vendo o JP parado olhando pra minha cara, ele desce da moto e vem se aproximando no instante em que abaixo pra pegar o celular.
— Tá assustada? Pergunta quando chega mais perto.
— Caralho garoto, você parece aquelas plantas que brota do nada — Falo analisando meu celular que não tinha quebrado nada, sinto alivio, sem condições de comprar outro no momento.
— Tá fazendo o que ai essa hora, maluca? — Diz vendo que não tinha ninguém na parada de ônibus, apenas eu.
— Vim pegar um trem. — Digo debochando.
— Muito educada tu, fala ai pô.
— Não é da sua conta JP.
— Caralho, nem tomei café ainda e tu já vem com pedrada essas hora do dia. — Diz.
Só respiro fundo vendo o JP ainda na minha frente, sério, ele conseguia me estressar sem fazer esforço nenhum, quando me beijou não parecia ser tão chato assim.
— Ai que merda! — pego o celular vendo que o próximo ônibus só iria passar de sete e cinquenta, daqui que eu chegasse na unidade já ia ter perdido boa parte da aula, isso me deixou irritada pra caralho.
— O que rolou? — Ele pergunta ainda parado na minha frente.
— Nada — Respondo abrindo o aplicativo na Uber na tentativa de achar um aquela hora da manhã, minha expectativa vai por água abaixo quando o aplicativo mostra "não há carros disponíveis".
— Desenrola cara. — Ele diz esperando uma resposta ainda, depois do susto que me fez esperava que ele sumisse da minha frente logo.
— Eu perdi o ônibus JP, perdi o ônibus. — falo soletrando pra que ele entenda e me deixe em paz.
— Aonde tu vai? Sobe ai pô, te levo. — Olhei bem pra cara dele pensando se realmente era uma boa ideia.
— Tô tentando achar um Uber, não precisa. — Digo recarregando a página do aplicativo, mas nada mudava, fico desesperada enquanto JP de braços cruzados me olhava esperando ainda uma resposta.
— Se tu tá chateada pelo outro dia, eu só fal... — Antes que ele termine de falar eu desisto bloqueando o celular e digo: — Aceito a carona. — Ele dá um sorriso debochado como se já esperasse que eu fosse aceitar, ele sobe na moto já ligando e logo em seguida eu também, mostro a localização pra ele que acelera numa velocidade absurda.
O vento frio percorria por toda pista, o frio que fazia devido ao horário, tento me esconder atrás do seu corpo sentindo um frio absurdo, já ele parecia não ligar.
Não demora muito pra que a gente chegue no local, desço da moto ajustando minha calça e passando a mão no cabelo que bagunçou pra caramba por conta do capacete e do vento, ansiosa e desesperada entrego o capacete pra ele e entro correndo sem ao menos olhar pra ele, não olho pra trás e apenas grito de lá mesmo: — OBRIGADAA! — Subo as escadas correndo em direção a sala e vejo que já tinha algumas pessoas ali, mas pelos céus a aula ainda não tinha começado, respirei aliviada e procurei um lugar pra sentar, ali aguardo a aula que tanto sonhei.
JOÃO PEDRO 📍
Vejo Luna entrar correndo num lugar que parecia mais uma faculdade, depois de dar uma carona pra essa maluca que tava sozinha na parada de ônibus, de longe ela grita mas nem olha pra mim, só dou a volta com a moto e meto o pé pra onde estava indo antes de me trombar com ela.
Assim que chego na outra favela pra encontrar alguns caras pra resolver sobre as drogas que tavam pra chegar, sinto o celular vibrando e logo vejo que era o nome do FP, atendo na hora.
— Fala tu. — Levo o celular na orelha atendendo.
— Não demora ai não, preciso de tu aqui o mais rápido possível.
— Demorô, o que tá pegando? — Já logo pergunto achando que tinha acontecido algo.
— Nada, só manter a ordem, depois da tua brilhante ideia de tombar a porra desse caminhão pros moradores saquear a carga, tá uma discussão do caralho, preciso sair pra resolver um assunto sério, resolve quando chegar.
— Vai lá, já chego ai — Desligo o telefone e já adianto o assunto com os caras pra resolver esse b.o — Mandei tombar mermo essa porra, boa parte dos moradores passando dificuldade e era uma oportunidade única pra saquear, caminhão tava sorteado de suprimentos, fiquei sabendo pelos meus contatos.
Depois de conversar por um tempo com os caras e deixar tudo resolvido, meto o pé pro complexo da pedreira, chegando lá me deparo com vários homens discutindo, já chego logo metendo tiro pra cima chamando atenção de geral que tava lá.
— Quem já pegou rala, quem não pegou adianta o processo que já vou mandar tirar essa porra daqui. — Já vejo o fluxo voltar ao normal com alguns saindo e outros pegando outras coisas do caminhão.
Ainda não tinha comido nada, tava varado de fome, então já logo encosto numa lanchonete pra laricar, assim que faço meu pedido, vejo a garota que conheci no baile, Natália. Lembro da mulher de cabelos de trança que logo vem até mim, parecendo se lembrar de mim também.
— Você por aqui? — Vem se sentando na mesa onde eu estava.
— Eu moro aqui. — Digo abrindo uma coca gelada, enquanto esperava a comida.
— Você sumiu aquele dia, te procurei pra te dá meu telefone.
— Fiquei ocupado. — Não rendo muito assunto apesar da mulher ser gata, vejo a comida chegando e já me empolgo porque tava varado de fome.
— Sem problemas, vou deixar aqui pra você — Ela pega um guardanapo e escreve o número com a caneta que tira do cabelo que estava preso em um coque, deixa do meu lado e encosta um beijo rápido na minha bochecha.
Vejo ela sair do local usando um short apertado que marcava todo seu corpo, não vou negar que ela era muito gostosa.
Pego o papel com o seu número e coloco no bolso, não salvo ainda porque tava comendo e nada ia atrapalhar o laricão que tava batendo, em seguida pago a conta e volto pra boca, passo o dia lá resolvendo toda contabilidade das drogas.
Mais um capitulooooo <3

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DOSE DUPLA
FanfictionLuna é uma jovem que cresceu no Complexo da Pedreira, no Rio de Janeiro. Sua vida vira de cabeça para baixo quando ela se vê dividida entre dois homens que representam mundos opostos: um sendo da lei e o outro não. À medida que Luna mergulha em um t...