𝑱𝑷Depois do baile de sexta feira, por volta das seis quando cheguei em casa, como eu cheguei na verdade eu nem sei, depois de deixar aquela garota em casa, eu voltei pro baile, e só lembro de ter cheirado uma carreira de cocaína atrás da outra, eu não estava em si, não sei como conseguir pilotar até em casa.
Subindo pro meu quarto, vou andando lentamente, tentando manter meus olhos abertos, sentia que eu iria cair a qualquer momento, consigo chegar até o banheiro, a água gelada percorria todo o meu corpo, podia sentir meu coração acelerado, eu estava extasiado, flashbacks de lembranças com meu velho vinham na minha mente, coloco as duas mãos na parede abaixando a cabeça com os olhos fechados enquanto a água caia sobre minha cabeça.
Passagem de tempo...
— Pô muleque tu é bom demais nisso — vejo meu pai todo suado e exausto sentar no campinho de barro.
— Quero ser jogador pai. — Digo e vejo um sorriso se formar em seu rosto.
— Continuar assim tu vai ser o melhor do mundo, acabou comigo facinho cara.
— Ah claro né — bato no peito todo convencido por sempre ganhar dele no fut.
— Quero ver tu ganhar na corrida então — Ele se levanta em disparada correndo e logo em seguida eu também.
Depois de um tempo em baixo do chuveiro, vou em direção ao meu quarto e simplesmente me jogo na cama sem ao menos colocar uma cueca, eu não conseguia pensar em nada, só sei que apaguei ali mesmo.
𝟭𝟯𝙝𝟰𝟳:
Já era de tarde quando ouço batidas de fundo, o som estava longe e parecia que eu estava sonhando, me desperto quando percebo que minha mãe batia na porta sem parar.
— João Pedro! — Ela diz com voz autoritária.
— Qual foi? — Respondo levantando da cama.
— Tô te chamando faz meia hora, desce pra almoçar agora!
Ouço silêncio do outro lado indicando que ela já tinha ido, caralho, minha cabeça tava doendo pra uma porra, logo entro no banho pra tirar toda aquela mazela de mim, lembro dos flashbacks que tive e fico indeciso se aquilo foi real ou sonho, demoro uns quinze minutos até sair, vesti uma camisa de time com uma bermuda preta e já logo joguei o perfume, arrumei minha corda no pescoço, minha cara tava péssima, precisava ir pra boca resolver algumas pendências, sabia que a coroa ia falar, mas fazer o que, nós da vida bandida não tem paz não.
Desço as escadas e já entro na cozinha vendo ela com uma cara nada boa, apenas abro a geladeira e bebo dois copos de água rapidamente como se eu tivesse passado o dia no deserto, caralho que sede.
— Ouvi você chegando hoje. — Diz de costas pra mim.
— Qual foi pô, relaxa — Digo.
— Não vou dizer nada, você sabe o que eu penso disso. — O silêncio toma conta do cômodo quando ela sai, parecia um pouco abatida, em seguida eu pego a chave da moto e já meto o pé pra boca, nem mesmo almoço com essa ressaca fudida que eu tô.
𝑳𝒖𝒏𝒂 𝑫𝒖𝒂𝒓𝒕𝒆
Era sábado e eu tava muito empolgada, na segunda-feira eu iria começar o meu curso, eu tava tão ansiosa, estava em frente ao notebook fazendo um currículo pra deixar em alguns lugares, precisava urgentemente de um trabalho pra comprar minha tão sonhada câmera, continuava focada quando ouvi as notificações chegarem, era mensagem do Mateus, a gente tem se falado desde que nos conhecemos e ele continua insistindo que eu tô devendo um rolê com ele, até porque o que ele me fez esses dias eu simplesmente furei.

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DOSE DUPLA
FanfictionLuna é uma jovem que cresceu no Complexo da Pedreira, no Rio de Janeiro. Sua vida vira de cabeça para baixo quando ela se vê dividida entre dois homens que representam mundos opostos: um sendo da lei e o outro não. À medida que Luna mergulha em um t...