LUNA DUARTE
— Luna, fala comigo cara! — Mateus fala enquanto eu procurava o dinheiro da passagem do ônibus que tinha jogado na bolsa, assim que eu saí do curso me deparei com Mateus encostado no seu carro, nem enxerguei quando veio falar comigo naturalmente depois de ter me ignorado por dias, nem me mandou mensagem avisando que viria aqui, simplesmente apareceu, por sorte meu celular reviveu, graças a Deus porque sem condições de comprar um novo.
— O que tu quer? — Digo andando sem olhar pra ele.
— Desculpa eu ter sumido, é que... — Não deixo ele terminar de falar.
— Cara, não precisa se desculpar, é sério, você não me deve satisfação nenhuma. — vejo sua cara quando disse isso, nem entendi, era verdade mesmo, pra falar a verdade eu nem me importei muito que sumiu esses dias, tava tão ocupada com os trabalhos de designer que não dei falta.
— Deixa eu te levar em casa? — Ele para na minha frente impedindo de eu andar, então só encaro seu rosto.
— Não precisa.
— Porra Luna, facilita.
— Facilitar o quê? olha, eu vou indo! meu ônibus já já passa, até mais.
Eu até gostava de estar com o Mateus, estava com a cabeça muito confusa porque uma parte de mim gostava da sua companhia, mas a outra parte não, me sinto como se tivesse dois lados, como o Yin-yang descreve é como duas forças.
JP despertava meu outro lado, ele sabia muito bem que mesmo com toda minha marra, eu gostava das suas loucuras, eu nunca fui de me envolver com ninguém, em vinte e dois anos namorei apenas uma vez e depois disso nunca mais, meus traumas acabaram me privando de viver muita coisa, mas isso estava mudando.
Vou indo em direção ao ponto de ônibus e por sorte tava chegando um na hora, deixando Mateus pra trás eu entro no busão, caminho pelo corredor até as últimas cadeiras e sento, coloco meu fone de ouvido e ali fico imaginando que tô numa série, porque minha cabeça não parava de passar um filme de tudo que tava acontecendo.
Sem contar no fato do JP não saber que Mateus estava em treinamento da PMRJ, sabia que aquilo causaria um estrago em tudo que estamos vivendo, eu sinceramente não queria estragar isso, mas eu também não queria mentir, e agora tô aqui, sem saída e com o coração dividido, Mateus já sabia que JP era envolvido, muito antes de nos conhecer, o que me deixava desconfiada que só ia me levar em casa como desculpa pra estar sempre por dentro da comunidade vigiando. Não sabia o que pensar, eram muitas especulações, vou o caminho todo pensando em tudo, depois de ver JP quase matar alguém, temia pelo o que pudesse pensar ou fazer contra Mateus, ou até mesmo contra mim.
Um tempo depois, chego em casa e encontro minha vó dormindo no sofá, passo em silêncio e subo as escadas devagar, jogo a mochila na cama e logo vou tirando a roupa pra entrar no chuveiro.
Depois de tomar um banho, pego o notebook deitando na cama, a demanda de pedidos estava crescendo e eu tinha muitas artes para entregar, não perco tempo em começar pra terminar cedo.
JOÃO PEDRO
— Tu não devia tá na loja não garota? — Vejo Juliana deitada no sofá sorrindo pro celular.
— Hoje a Mayara vai ficar no meu lugar, eu tô com dor de cabeça.
— Também não larga esse celular. — Vou até a cozinha a abro a geladeira pegando a garrafa de água tomando. — Ai Juliana, preciso de um favor teu. — Volto pra sala empurrando suas pernas do sofá dando espaço pra eu sentar.
— Ai garoto, vai me derrubar.
— Vai mais pra lá então folgada.
— O que tu quer? — Ela desliga o celular colocando sobre sua barriga.

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DOSE DUPLA
FanfictionLuna é uma jovem que cresceu no Complexo da Pedreira, no Rio de Janeiro. Sua vida vira de cabeça para baixo quando ela se vê dividida entre dois homens que representam mundos opostos: um sendo da lei e o outro não. À medida que Luna mergulha em um t...