Capítulo 4

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𝙇𝙪𝙣𝙖 𝘿𝙪𝙖𝙧𝙩𝙚

Já eram quase duas horas da manhã quando eu decidir ir ao banheiro, mas imediatamente desisti quando vi a situação que estava aquele lugar, voltando para o lugar em que estava já não encontro mais a Isa e a Amanda, ambas tinham sumido, talvez pensaram que eu iria demorar e aproveitaram pra dar uma fugidinha nesse meio tempo.

O baile estava bom, nunca tinha vindo mas não era por medo ou algo do tipo, apenas não sentia vontade e mal falava com as pessoas daqui da comunidade, apenas alguns moradores que me conhecem desde pequena. Até curtir o lugar, tirando algumas mulheres que adoram encarar, e os homens para cima e para baixo segurando seus fuzis, eu já tinha visto mas não tão de perto como hoje, eu nem acreditava que eu estava no meio de tudo isso pela primeira vez.

Procuro as meninas mesmo sem saber nem por onde estava indo, pego meu celular e vejo que tinha um áudio da Amanda, levo o celular no ouvido pra tentar ouvir mas estava impossível com todo aquele barulho.

— Que merda é essa? — Digo ao não entender nada que ela tinha me enviado, apenas ruídos.

Sigo andando pra mais longe, me afasto numa boa distância daquela multidão, na tentativa de ficar longe do som e tentar falar com as meninas, com o celular em mãos procuro o nome da Isa pra ligar mas antes que eu possa fazer isso, ouço tiros vindo de trás, na hora fico abismada e não consigo me mexer, fico sem saber o que fazer e começo ver algumas mulheres ao redor correndo, tento correr mas parece que as pernas estão travadas. Justo na primeira vez que decido subir no baile acontece isso, penso logo que é um aviso para não vir mais.

— Ei, você tá bem? — Ouço uma voz masculina mas não reconheço, o garoto alto, de pele escura, cabelos enrolados, usava uma camisa vinho de mangas longas que estavam dobradas até o cotovelo, uma calça jeans escura e um tênis branco. Não penso muito quando ele segura meu braço e passa na minha frente, conseguimos passar no meio de umas pessoas que também estavam mais afastadas e atravessar a rua em segurança, não conseguir dizer uma palavra até estar longe dali.

— Você tá bem? —  Pergunta quando paramos próximo a um carro.

— Uhum... — Falo ainda sem acreditar que aquilo estava acontecendo. — Preciso voltar, minhas amigas estão lá. — Digo quando temo por não ter notícias das duas.

— Acho que é melhor esperar a poeira baixar um pouco — Ele diz olhando as pessoas ainda se afastando.

Apenas concordo com a cabeça, estava com frio e cansada, eu sabia que não era uma boa ideia ter vindo, eu daria tudo para estar na minha cama agora.

— Esses bailes sempre acabam em confusão. — Ele diz passando os olhos ao redor do lugar.

— Você não aparenta frequentar muito esses lugares — Digo analisando sua roupa social.

— E não frequento.

— E o que faz perto do baile essa hora da madrugada? — Pergunto curiosa, ele não parecia o tipo de cara que frequentava bailes.

De inicio vejo ele me olhando e parecia receoso em responder o que eu acabei de perguntar, olha ao redor mas não demora muito pra falar.

— Estou em treinamento, passei no concurso da PMERJ há poucos meses, estava com uns amigos num barzinho local aqui próximo quando ouvi os tiros, não que eu poderia fazer algo para impedir, porque os caras estão armados até os dentes, mas é sempre bom está por dentro de tudo, já que eles não sabem de mim. — Coça o queixo.— A propósito, Sou o Mateus.

— Luna. — Aperto sua mão.

— Muito prazer, Luna. Agora que nos conhecemos, eu ficaria grato se não comentasse com ninguém o que acabei de falar. — Dá um leve sorriso de canto.

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora