Capítulo 36

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📍𝑳𝒖𝒏𝒂 𝑫𝒖𝒂𝒓𝒕𝒆


— Luna, não me deixe falando sozinha, vamos conversar! — Minha vó me seguia pela casa depois da fofoqueira da vizinhar sair comentando sobre a briga que teve no pagode, que até vídeo tava rolando, não sei da onde tinha surgido porque não vi ninguém em cima com celular.

— Não foi nada demais vó, já disse, a garota quis crescer pra cima de mim e eu revidei ué. — Subo as escadas e escuto ela vindo atrás.

— Você acha isso certo? não te criei pra isso garota! — Entro no quarto jogando a mochila na cama vendo ela parada na porta. — Olha pra mim! — Direciono meu olhar pra ela. — O que tá acontecendo com você? você não é assim...

— Assim como? — Cruzei os braços vendo a mulher na minha frente.

— Luna, eu criei você, eu te conheço. Você está diferente, não é a garotinha de antes, desde que começou a sair e ir pra aquelas festas e andar com pessoas que nunca tinha se aproximado antes, você tem se afastado. — Ouço sua fala embrulhada e já sei que está com vontade de chorar.

— Vó, a senhora não pode simplesmente me julgar desse jeito, eu sou a mesma pessoa de sempre, só tô tentando encontrar meu próprio caminho. E se eu tô diferente, talvez seja porque você nunca quis ver as coisas do meu jeito. — Falo.

— Não é sobre isso Luna! é que eu não reconheço mais você, eu sempre te ensinei a ser verdadeira e valorizar a honestidade e agora vejo você mentindo e se envolvendo com pessoas erradas! — Fala em tom alto.

— Você nem tem o direito de me cobrar isso! Mentiu pra mim esse tempo todo sobre a nossa família, sempre escondendo as coisas dizendo que tava tudo bem enquanto não estava. — Já sinto um nó na garganta, mas não choro.

— Eu só quis proteger você de uma realidade que poderia te machucar... fiz o que eu achei que era melhor e agor... — Interrompo ela.

— Mas essa foi a sua escolha — Enfatizo o sua apontando o dedo. — e agora eu estou lidando com as consequências disso. Não pode simplesmente esperar que eu seja perfeita e honesta quando você mesmo construiu uma imagem distorcida do nosso passado. Eu só tô tentando lidar com a verdade do jeito que eu posso... — Falo 

Ainda era muito doloroso falar sobre tudo que aconteceu com a minha mãe, e o fato dela ter escondido isso de mim por anos.

— Sei que você ainda tá com raiva — Desvio o olhar encarando o chão. — E você tem razão pra isso, mas espero que você encontre um caminho verdadeiro pra você, mesmo que o meu tenha sido cheio de falhas.

— Eu sei... Mas não me peça pra ser quem eu não sou só pra atender ás suas expectativas, eu preciso descobrir quem eu sou, mesmo que isso signifique fazer escolhas difíceis. — Volto a encarar seu rosto.

— Eu só quero o melhor pra você, Luna. E, apesar de tudo, eu vou sempre está aqui te apoiando, até mesmo quando eu não concordar com as suas decisões.

É a primeira vez que ela fala isso e eu espero muito que seja verdade, porque não sabia sua reação quando soubesse que eu e o João Pedro estávamos juntos.

— Obrigada. — Falo e ela vem se aproximando e me abraça.

— Você não deixou ela te bater né? — Pergunta ainda abraçada comigo e dou risada com essa fala dela.

— Claro que não, eu chutei ela. — Ela arregala os olhos  e depois sorri também, ficamos um tempo abraçadas e depois ela sai de lá me deixando sozinha no quarto.

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora