Capítulo 18

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1 MÊS DEPOIS...

João Pedro | Complexo da Pedreira...

Já fazia umas semanas que as coisas estavam tranquilas aqui no morro, nenhuma invasão, as drogas chegavam e vendia que nem água, fazendo a gente faturar pra caralho, tinha uns dias que eu não via a Luna, falava vez ou outra no whatsapp e isso me deixava tilt porque parecia que ela tava se afastando, eu curtia a garota mas vou fazer o quê, se ela quer assim, eu que não fico atrás.

— Caralho levanta desse sofá porra. — Vejo Andrézinho no celular, cara folgado, cheio de droga pra contabilizar.

— Calma filho, tô vendo as últimas notícias da Choquei.

— É o que? — Olho pra ele sem entender porra nenhuma.

— Página de fofoca.

— Vai se fuder, tá pior que mulher.

— Tu tá mal humorado pra caralho em filho, é falta? — Ele se levanta rindo.

Só olho pra cara dele que para de rir na hora, enquanto contabilizo passando tudo pro papel.

— Cadê o FP? Cadê os cara dessa boca? onde se enfiou todo mundo? — Ele diz com as mãos na cintura.

— FP saiu, e a gente também vai e então bora adiantar isso ai.

— Pra onde? — Vejo ele endólar a maconha.

— Reunião.

Hoje ia rolar uma reunião com os chefes daqui e mais algumas bocas, FP já tinha ido na frente e pediu que eu fosse depois, apenas eu iria participar da reunião por ser seu braço direito, andrézinho iria fazendo a segurança.

Chegando no local marcado já avisto alguns homens, era num galpão que parecia abandonado, nunca tinha vindo até hoje, era a primeira reunião que eu participo junto com os cabeça, fico até um pouco nervoso, mas suave.

— Esse aqui é o JP. — FP me apresenta aos homens. — Meu braço direito.

— FP fala muito de você, seja bem vindo. — Um dos homens que parecia ser o mais velho daqui vem e aperta minha mão com firmeza, era no total de 7 homens, acredito que cada um representando uma favela.

— Então... não vamos demorar muito. — O coroa fala.

— Fala tu Baiano. — Um dos homens fala.

— A reunião tá sendo feita porque ficamos sabendo que tem gente de olho na tua área FP.

— Na última invasão matamos mais de 15 rivais, eles sabem que se tentar invadir vai... — Ele é interrompido por Baiano.

—Tô falando de policia caralho, ou alguém tá passando informações pra eles, ou alguém tá subindo de olheiro.

— E porque teve que reunir todo mundo pra falar isso? Não bastava só o FP? afinal quem comanda a pedreira é ele. — Um homem na sala diz.

— Ficamos sabendo que isso tá rolando em mais de 4 favelas, temos que ficar esperto e descobrir quem são os ratos.

— E depois que descobrir? — O homem diz.

— É sério? — Ele estreita o olhar pro mesmo.

— Matamos. — falo.

— Exatamente. — Baiano aponta pra mim.

Ali passamos umas horas resolvendo algumas questões da boca e estratégias de como descobrir quem tá passando informação, depois da reunião cumprimentei todos que foram saindo, até Baiano que me olhava fixamente.

— Você me lembra seu pai. — Ele diz soltando a fumaça do baseado.

— Espero que positivamente.

— Você tem a postura dele, além dos traços. — Ele analisava meu rosto.

— Você tem potencial garoto, vai se tornar ainda maior, tem garra, mais do que muitos que já estão aqui há tempos, FP me fala muito de você. — Concordo com a cabeça apertando sua mão.

— Até mais.

— Bora JP, temos trabalho pra fazer. — FP vem e aperta a mão de alguns homens e em seguida saímos do local.

...

Chegando na boca, começamos uma mini reunião com os nossos homens agora, tá proibido de subir qualquer um que não seja morador, não podemos correr o risco.

Logo saio da sala, tava cansado pra caralho e amanhã era dia de baile, precisava esvaziar a mente, pego o celular abrindo no whatsapp, abro na conversa da Luna que ainda não tinha me respondido, me pergunto o que aconteceu com a garota pra se afastar assim do nada, gostava da paz que sua companhia me trazia, por um momento me fazia esquecer toda essa merda, bloqueio o celular e logo subo na moto metendo o pé pra casa.

...

— Oi filho. — Minha mãe diz quando entro na cozinha.

— E ai. — Me aproximo deixando um beijo na sua cabeça, logo em seguida puxo uma cadeira e sento.

— Cadê Juliana e Victor?

— Juliana saiu com uma amiga e Victor deve tá chegando da escola.

— Vai sair ainda? — Vejo ela na beira do fogão mexendo alguma coisa, tava cheiroso pra caralho.

— Não, tô liberado.

— Liberado?

— É coroa, da boca. — Falo e vejo ela negar com a cabeça, seu semblante muda na mesma hora.

— Não sei onde tava com a cabeça pra entrar nisso. — Ficamos em silêncio, vejo ela fechar a tampa da panela e vir em minha direção.

— Filho, isso não é a vida que eu queria pra você, você sabe disso e... — Interrompo ela me levantando.

— Mas é a vida que eu escolhi, foi a vida que ajudou a gente a sair daquela merda toda, essa porra dessa casa foi construída com essa vida que eu levo, seu meu pai tivesse aqui talv... — Agora ela me interrompe.

— João Pedro, você precisa superar!

— Eu não vou descansar enquanto aquele filho da puta que matou meu pai tiver vivo.

— O que você tá falando João Pedro? — Ela encara meu rosto.

— Eu vou matar ele, e toda sua família vai junto.

— Você ficou maluco? Olha o que você tá falando! — Ela começa a gritar e vejo que seus olhos enchem de lágrimas.

Apenas saio do cômodo deixando ela lá.

O peso da vingança moldou cada fibra do meu ser desde o dia em que perdi meu velho, meu pai, um homem que caiu pela maldita ganância de outros. Sua morte não foi um acidente, foi um acerto de contas não resolvido, um golpe sujo que me deixou com um fardo insuportável.

Minha mãe ainda não consegue entender por que escolhi esse caminho, ela cuidou de mim e dos meus irmãos sozinha, sem ajuda, ela me viu crescer, me educou com princípios que agora parecem distantes, mas não compreende que a única dívida que carrego é com o sangue do meu pai derramado no chão.

O tráfico foi minha escolha, não só por luxo ou poder, mas pela necessidade de justiça queimando dentro de mim, cada vez que eu fecho um negócio, faço um movimento, é uma peça no quebra-cabeça da minha vingança, sei que lá no fundo ela entende que, cada passo que dou, é um passo em direção á redenção que tanto almejo pra o nome da nossa família.

Também puta que pariu em, não entrava na minha cabeça como ela aceitou meu pai no tráfico e não me aceita, já fazia anos e o sermão era o mesmo, por um lado entendo seu lado, perdeu meu pai pro tráfico, e temia me perder também.

NÃO ESQUEÇAM DE VOTAR!!!!!! <3

CAPITULO PEQUENO PQ TO NO TRAMPO, BJS

DOSE DUPLAOnde histórias criam vida. Descubra agora