Eu estava sentada no sofá, com o celular na mão, olhando para a tela com uma mistura de frustração e preocupação. Já tinha tentado ligar para Victoria inúmeras vezes nos últimos dias, mas ela não atendia. A caixa postal era tudo o que eu recebia em resposta, e isso estava começando a me deixar realmente aflita. Tentei falar com Ana Clara também, mas ela estava sumida, sem dar notícias por três dias. Sabia que algo estava errado, mas não conseguia descobrir o quê.
Suspirei profundamente, apertando o celular com força antes de tentar ligar para Victoria mais uma vez. O som de discagem parecia ecoar na sala silenciosa, cada segundo estendendo a angústia que sentia no peito. Mas, como nas outras vezes, a ligação caiu na caixa postal. Deixei o telefone cair no meu colo, frustrada. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo.
De repente, ouvi passos atrás de mim, e quando me virei, vi Haylley entrando na sala. O rosto dela estava sério, o que imediatamente fez meu coração acelerar. Algo estava errado, e ela sabia o que era.
-- Haylley, o que foi? -- Perguntei, a voz tremendo um pouco. -- Tem algo errado com a Victoria?
Ela se aproximou, hesitando por um momento antes de sentar ao meu lado. -- Nathalia... eu tenho algo importante para te contar.
Eu a encarei, o estômago se revirando em antecipação. -- O que aconteceu? Você está me assustando.
Haylley respirou fundo antes de continuar. -- É sobre o Erick. Ele foi encontrado morto ontem. Fiquei paralisada por um momento, sem conseguir processar o que ela havia dito. Erick estava morto? O Erick que eu denunciei, que causou tanto sofrimento... -- Como assim, morto? O que aconteceu?
-- Ele saiu da cadeia recentemente, e... bem, alguém o encontrou morto. Parece que foi pouco tempo depois de ser solto! -- Haylley explicou, ainda me observando de perto, como se estivesse tentando medir minha reação.
Senti um calafrio percorrer minha espinha, o coração acelerando ainda mais. Eu sabia que Erick era perigoso, mas isso... isso era extremo. E o fato de ele ter morrido logo após sair da prisão... algo parecia muito errado.
-- Nathalia... -- Haylley começou novamente, com a voz mais baixa, quase como se estivesse com medo de fazer a pergunta. -- Você... você tem algo a ver com isso?
A pergunta dela me atingiu como um soco. Olhei para ela, incrédula. -- O quê? Claro que não! Haylley, eu nunca faria algo assim! Eu queria que ele fosse preso, que pagasse pelo que fez, mas matar? Não! Eu nunca faria isso!
Ela pareceu aliviada, mas ainda havia uma sombra de dúvida em seus olhos. -- Eu sei, eu sei... é só que, com tudo o que ele fez, não seria difícil de entender se... você sabe...
Balancei a cabeça veementemente. -- Não. Isso não é algo que eu faria. Jamais.
Haylley suspirou, passando a mão pelos cabelos. -- Eu acredito em você, Nathalia. Mas isso complica as coisas, principalmente com a Victoria. Ela precisa saber sobre isso, mas... como vamos contar?
Mordi o lábio, tentando pensar claramente. Victoria já estava distante, e agora, com essa notícia... -- Eu não sei, Haylley. Ela já está me evitando, não responde minhas ligações. Isso só vai piorar as coisas.
-- Talvez. -- Haylley concordou, sua expressão preocupada. -- Mas se ela descobrir por outra pessoa... poderia ser pior.
Fiquei em silêncio por um momento, considerando as opções. Não queria esconder nada de Victoria, mas também não queria jogar essa bomba em cima dela agora. Ela estava lidando com tanta coisa, e isso poderia ser demais.
-- Vamos esperar um pouco! Contamos a Ana Clara e ela vai saber como lidar com isso, eu acho! -- eu disse finalmente, tentando soar mais confiante do que me sentia. -- Eu vou tentar falar com ela mais uma vez.
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Perdido ao sonho
Historical FictionQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...