Hora de ir

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O sol dourado mergulhava lentamente no horizonte, tingindo o céu com uma paleta infinita de cores. Cada piscar de olhos revelava nuances sutis, como se a própria natureza estivesse realizando uma dança mágica diante dos meus olhos. Era um espetáculo único, uma obra-prima da criação, e eu me encontrava ali, maravilhada pela grandiosidade do momento.

Contudo, em meio à contemplação do entardecer, uma tempestade de pensamentos agitava-se em meu interior. Não havia ainda tomado uma decisão definitiva, mas sentia as correntes invisíveis do destino me puxarem em direção ao desconhecido. Era como se todas as minhas aspirações e anseios estivessem convergindo para esse momento crucial, onde o passado e o futuro se entrelaçavam em uma dança cósmica de possibilidades.

Recordações do meu passado ecoavam em minha mente, como fragmentos de um quebra-cabeça que finalmente começavam a se encaixar. Desde os meus quinze anos, alimentava o sonho de explorar novos horizontes, de expandir meus horizontes para além das fronteiras conhecidas. Agora, diante da oportunidade que se apresentava diante de mim, sentia-me dividida entre a segurança do que conhecia e a ousadia de perseguir meus anseios mais profundos.

Assim, decidida a encontrar respostas para os questionamentos que tumultuavam minha mente, dirigi-me ao abraço acolhedor de minha mãe. Seu sorriso afetuoso e suas palavras sábias trouxeram conforto ao meu coração inquieto, recordando-me da sabedoria contida nas voltas do destino. Em meio às incertezas e aos receios, sua voz suave ecoava como um farol, guiando-me em direção à luz do meu próprio caminho. E, com o apoio amoroso de minha mãe e o incentivo sincero de meus amigos, tomei uma decisão que mudaria o curso da minha vida. Em um gesto corajoso e decidido, enviei a resposta afirmativa à Universidade de Sydney, aceitando o desafio de explorar novos horizontes e embarcar em uma jornada de autodescoberta.

De volta ao meu lar temporário, preparei-me para a próxima etapa da minha jornada, enquanto aguardava ansiosamente os detalhes da minha partida. Enquanto isso, desfrutei dos preciosos momentos que ainda me restavam naquela cidade que tanto me ensinara e acolhera ao longo dos anos. E, reunida com meus amigos na confraria de sempre, brindamos à vida e às aventuras que estavam por vir. Entre risadas e memórias compartilhadas, celebremos o presente e antecipamos o futuro com otimismo e gratidão, cientes de que, onde quer que a vida nos leve, nosso vínculo permanecerá inabalável, transcendendo as fronteiras do tempo e do espaço.

- Oi gente. -- Uma voz bastante conhecida surgiu as minhas costas e o meu coração inquieto decidiu reagir. O que Nathalia queria dessa vez? -- Me levantei para questionar suas intenções e para novamente iniciarmos uma nova conversa. Eu precisaria ter muita calma. 

- Como você sabia que eu estava aqui? Questionei. 

-- Eu liguei para Duda, ela disse que você estaria aqui! -- Assim que Nathalia terminou sua frase eu fuzilei minha amiga com um olhar. Caminhei em direção a calçada para que eu e Nathalia pudéssemos ter uma conversa em particular. 

-- O que tanto precisa falar? -- Fui direta esperando o que de fato a mulher tinha para me falar. 

- Eu estava com saudades esse tempo todo, eu preciso de você. Eu terminei com minha noiva porque naquela noite eu percebi que era você que eu ainda queria. -- Ela também foi direta e isso me deixou desacreditada.

-- Nathalia, eu... Eu não sei o que dizer. -- Tentei formular uma frase após ficar surpresa com sua fala. -- Merda! Eu também nunca deixei de te amar. Mas por que só agora?

-- Quando a gente terminou eu fui embora pois achei que não tinha mais como reatar com você, porque você não queria, eu saí destruída mas eu prometi que assim que desse eu te procuraria. --  A mulher afirmava com lagrima nos olhos. 

-- Nath, eu sinto muito por tudo o que aconteceu. Eu também sofri muito com nossa separação. 

-- Eu sei, Priscila. Mas agora, eu estou aqui, diante de você, dizendo que quero recomeçar. Eu quero tentar de novo, se você me permitir.

- Nathalia, eu sinto muito! -- Disse com certo receio. -- Estou indo para a Austrália, vou me mudar e não pretendo voltar. -- Joguei a informação e vi os seus olhos mudarem a cor, tonalidade. Ela carregava tristeza em sua feição e isso me machucou. 

Perdido ao sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora