04 de julho
Já se passaram exatamente três meses e alguns dias desde que me mudei para a Austrália. Meus amigos brasileiros alugaram um apartamento dois andares abaixo da cobertura onde eu morava com Bryan. No entanto, apesar de tudo estar bem, minha vida amorosa, especialmente com Victoria, não seguia o mesmo ritmo.
Eu e ela estávamos distantes, muito distantes. As conversas não fluíam como antes, e essa distância me feria profundamente. Apesar disso, eu persistia em tentar me aproximar, enquanto ela parecia se afastar ainda mais. Decidi deixar que o destino mostrasse o momento certo, mas não tinha a intenção de desistir dela. Já se passou um mês e alguns dias desde que a vi pela última vez. A incerteza pairava no ar, mas eu mantinha a esperança de que tudo se resolveria eventualmente.
O suave chamado do celular rompeu o silêncio matutino, arrancando-me dos braços do sono. Como se carregasse o peso do mundo, lutei para abrir os olhos, consciente das longas horas dedicadas aos estudos e ao estágio. Mas a determinação que ardia em mim não permitiria que eu desistisse.
"Alô, Nath?", Após a primeira fala imediatamente reconheci a voz e logo abri um sorriso singelo.
"Oi, Priscila, quanto tempo!" Afirmei não deixando as emoções transparecerem.
"Que voz sonolenta é essa?" Priscila questionou e eu dei uma risada sem graça.
"Sinto lhe informar, mas aqui são cinco da manhã"
"É mesmo! Desculpa se te acordei" A Mulher pedia do outro lado da ligação.
"Não tem problema, eu iria acordar mesmo, tenho faculdade em algumas horas" Afirmei ainda meio sonolenta, Priscila riu de como eu custava para conseguir acordar de verdade.
" Só liguei para saber como você estava, hum? Espero que esteja feliz vivendo sua nova vida." Sorri após sua fala. "Queria também te contar uma novidade, vou me mudar em breve, para outro pais." Ela sorriu do outro lado da ligação "Mas isso é assunto para outro dia, certo? Tenha um bom dia Nath" Após isso ela desligou a ligação e eu estranhei por ser tão direta.
Envolta pela exaustão, mal podia acreditar que ainda era terça-feira. O cansaço pesava sobre meus ombros, mas sabia que não podia me permitir sucumbir ao sono. Lentamente, ergui-me da cama e arrastei-me até o banheiro, onde a água quente do chuveiro prometia aliviar a fadiga que tomava conta de mim. Após o banho revigorante, alimentei-me rapidamente, saboreando cada mordida como um pequeno alento para as horas que se seguiriam. Então, munida de determinação, dirigi-me à faculdade.
Ao chegar, não pude deixar de sorrir ao avistar Haylley, fiel como sempre, à espera na porta. Seu rosto iluminou-se com um sorriso caloroso, contrastando com a frieza da manhã. Era reconfortante saber que, mesmo nos dias mais árduos, podia contar com sua presença acolhedora.
"Ei, Nathalia, tenho uma novidade incrível pra te contar!" Haylley dizia animada.
"Oh, Haylley, que surpresa! O que houve?"
"Lembra daquela banda do meu amigo que está procurando uma vocalista? Então, eu falei de você pra ele, e ele adorou sua voz!" Isso me pegou de surpresa, não pude deixar de sorrir com a fala da garota.
"Sério? Uau, isso é incrível! Mas, sinceramente, não sei se estou pronta para algo assim..."
"Ah, não diga isso! Você tem um talento excepcional, Nath. Eles vão se apresentar no Dick's Bar em alguns dias e estão praticando bastante. Acredite, você deveria considerar."
"Me sinto tão grata por você ter pensado em mim, Haylley. É realmente muito gentil da sua parte." Afirmei abraçando a garota de lado.
"Não precisa agradecer, amiga! É que eu realmente vejo um enorme potencial em você, sabe? Quando você canta, eu sinto que há um brilho especial. Estou torcendo muito por você!"
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Perdido ao sonho
Historical FictionQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...