O coração parecia um rio desenfreado, fluindo na direção daquele olhar que me cativava a cada piscar. As palavras fluíam suavemente, uma sinfonia de sentimentos entrelaçados, cada risada ecoando como uma nota perfeita em uma melodia celestial. Como poderia não me entregar à magia que emanava de você?
Seus olhos, fiéis narradores da sua alma, desvendavam os mistérios por trás do meu sorriso, distinguindo entre a genuinidade e a máscara sutil que eu tentava manter. Você entendia, mesmo quando as palavras se calavam, e isso me confortava de uma forma única. Era como se você lesse os recantos mais profundos da minha essência, onde os segredos se abrigavam timidamente.
Cada gesto seu era um delicado carinho para minha alma, uma sinfonia de atenção aos detalhes que somente os corações sensíveis sabem tocar. Você sabia o momento exato em que eu precisava de silêncio reconfortante, ou quando minhas palavras silenciavam um clamor oculto por sua presença.
Você me compreendia, em todos os matizes da minha existência. Mesmo que tenha sido pouco tempo desde que nossos caminhos se entrelaçaram pela primeira vez, desde aquele primeiro beijo, você tem sido a constante nos meus pensamentos. E sim, dói, porque sei que sou a única que sente assim, me culpo por me entregar tão profundamente a você.
"Victoria, espera, onde você vai?"
"Esperar para quê? Para ouvir você explicar por que não sente o mesmo?"
"Quem colocou isso na sua cabeça? Quem te disse que não sinto? Me diz, Victoria Garcia. Quem te disse essa bobagem, que eu não sinto tudo isso?"
Quando ela já estava distante, gritei no meio da rua:
"Quem disse que eu não sinto? Quem te disse que não me apaixonei?"
Assim que terminei a frase, ela se virou e abriu o maior sorriso, transbordando-me de sentimentos. Ela veio em minha direção e me beijou, como se naquele instante existisse apenas Victoria e Priscila, fundidas em um único ser.
"Vi?"
"Oi, Pri."
"Vamos manter isso em segredo?"
"Não vamos pensar nisso agora, não quero rotular nada, nem temos esse direito. Vamos deixar as coisas fluírem, está bem?"
"Claro que sim, Vi."
Ao chegarmos em casa, todos já estavam acordados. Subi para o quarto para tomar um banho e comer algo antes de sair para a praia com o pessoal. Quando ouvi o toque de mensagem do meu celular:
Ao deslizar o dedo pela tela, meus olhos se iluminaram ao ler as mensagens dos meus amigos brasileiros. Luiz, Duda, Thaís e toda a família estavam compartilhando a notícia emocionante: eles iriam passar seis meses na Austrália comigo, prontos para explorar e descobrir a vida do outro lado do mundo.
Uma onda de euforia e gratidão inundou meu ser, como se o próprio universo estivesse conspirando a meu favor. A ideia de ter meus amigos queridos ao meu lado durante essa jornada era como um presente divino, uma bênção que aquecia meu coração e enchia minha alma de esperança.
"Vai ser incrível!", murmurei Com um sorriso radiante adornando meu rosto, ergui os olhos para o horizonte, onde o sol era forte, pintando o céu com uma paleta de cores deslumbrantes. Em meu coração, a certeza de que essa jornada seria uma aventura inesquecível, um capítulo repleto de amor, amizade e descobertas.
A brisa salgada acariciava suavemente meu rosto enquanto adentrava o quarto onde Victoria se encontrava. O convite para a praia pairava no ar, impregnado de uma promessa de novas aventuras e descobertas compartilhadas.
"Já tomou banho?", perguntei, deixando-me envolver pela proximidade de Victoria.
"Já, e pelo jeito tu também, né? O teu perfume é tão bom, poderia sentir seu cheirinho o dia inteiro", murmurou Victoria, seus olhos revelando um brilho intenso.
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Perdido ao sonho
Historical FictionQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...