Dia 1/2

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Acordei com a luz do sol filtrando-se através das cortinas, aquecendo meu rosto. Senti o peso suave de Victoria repousando sobre mim, um lembrete da noite intensa e apaixonada que compartilhamos. Meu corpo estava dormente, mas a sensação era reconfortante; valia a pena qualquer desconforto para ver minha esposa dormindo tão tranquilamente ao meu lado.

- Bom dia, meu dengo — murmurou Victoria, sua voz ainda carregada de sono, mas com um toque de carinho.

- Bom dia, meu amor. Dormiu bem? — perguntei, acariciando seu cabelo com suavidade.

- A gente transou a noite inteira, fomos dormir só quando o sol estava prestes a nascer. Estou completamente sem energias para sair dessa cama — respondeu ela, um sorriso preguiçoso dançando em seus lábios.

- Eu também estou cansada, mas hoje somos turistas. Sabe o que turistas fazem? Eles exploram lugares novos. E hoje quero te levar para a deslumbrante ilha de Santorini — falei com entusiasmo, tentando animá-la.

- Se você vai ser minha guia, então aceito o convite! Vamos tomar café primeiro? — Victoria disse, seus olhos começando a brilhar com a perspectiva da aventura.

- Claro, depois seguimos direto para o Porto. A nossa embarcação está nos esperando, meu bem.

Quando finalmente chegamos ao Porto, o sol já brilhava intensamente sobre as águas, e o dono da embarcação estava lá, pronto para nos receber.

- Bom dia, Sra. Reis. Sou Müller Falcone, o proprietário da embarcação que a senhora  alugou. O barco está pronto e o comandante aguarda para levá-las ao seu destino. Tenham um excelente dia e aproveitem a Grécia — disse Müller, sua voz carregada de entusiasmo e hospitalidade.

- Bom dia, Sr. Falcone. Muito obrigada. Estamos ansiosas para o que o dia nos reserva — respondi, meu coração palpitando de excitação.

- Primeira vez na Grécia? — Müller perguntou, com um olhar curioso.

- Apenas para minha esposa. Eu já estive aqui duas vezes durante minhas turnês. Conheci um pouco da cultura e da história, por isso decidi voltar — expliquei, meu tom carregado de nostalgia.

- Entendo. A Grécia tem um jeito especial de atrair os visitantes de volta — comentou Müller, um sorriso compreensivo no rosto.

- Não duvido disso. Agora, vamos seguir com o turismo. Onde exatamente o barco está ancorado? — perguntei, ansiosa para começar a jornada.

- Sigam pela plataforma até o final. O piloto estará aguardando vocês na entrada do barco. Tenham uma boa viagem e divirtam-se — respondeu Müller, acenando enquanto nos dirigíamos para a plataforma.

O piloto nos cumprimentou com um sorriso acolhedor e, após o breve contato, entrou para preparar o iate. Enquanto aguardávamos o momento de embarcar, eu e Victoria permanecemos do lado de fora, imersas em uma conversa animada.

- Qual é a primeira parada, meu amor? — perguntou Victoria, sua curiosidade evidente.

- Santorini, querida — respondi com um sorriso.

- Me diga, quanto tempo você trabalhou para alugar este iate? — perguntou Victoria, rindo, com um olhar curioso.

- Bem, não tenho certeza exata. Você nunca pareceu se importar muito com isso — respondi, tentando manter a leveza.

- Deve ter sido caro. Aposto que foi muito caro — disse Victoria, seus olhos brilhando com um misto de surpresa e humor.

- Victoria, eu sou a maior acionista da Produtora Young. Depois que o irmão da Kylie faleceu, ele deixou tudo para mim, que era uma de suas melhores amigas, e para a Kylie. Mas Kylie, sendo uma administradora menos experiente, acabou me deixando cuidar de tudo. Portanto, sou uma das donas da segunda maior produtora de artes do mundo. E, além disso, toco em uma banda que ganhou Disco de Platina nas últimas grandes premiações. Tenho dinheiro suficiente para comprar quantos iates quiser. Você sabe disso muito bem. Então, por favor, não se preocupe com o custo. O que importa para mim é fazer você feliz e desfrutar do que a vida tem a oferecer — expliquei, com um sorriso reconfortante.

- Desculpe, amor. Eu fico sem jeito de agradecer por tudo. Eu te conheço melhor do que ninguém e sei o quanto é verdade — disse Victoria, seus olhos carregados de gratidão e um leve embaraço.

- Não precisa se desculpar, meu amor. Eu entendo perfeitamente. Agora, vamos aproveitar o nosso passeio — respondi, puxando-a para dentro do iate.

Entramos no iate e começamos nossa viagem em direção à ilha. Quando o barco navegou pelo pequeno arquipélago de Santorini, Victoria ficou maravilhada com a beleza do lugar.

- É deslumbrante, não é? — perguntei, enquanto ela observava a paisagem com admiração. — Tudo isso é resultado de um desastre natural. As erupções vulcânicas formaram o que hoje é Santorini, cercada por duas outras ilhas que exploraremos nesses dois dias. À sua esquerda está a lagoa da caldeira, separada do mar por uma ilha menor chamada Terásia. A profundidade de 400 metros da cratera permite que os maiores navios de cruzeiro ancorem em qualquer lugar da baía protegida. Há também uma marina recém-construída em Vlichada, na costa sudoeste. O principal porto da ilha é Atínias, e a capital, Fira, está no topo de um penhasco, de frente para a lagoa da caldeira.
Essa ilha tem uma rica história, querida. Na mitologia grega, diz-se que a ilha surgiu quando Eufemo, um dos argonautas, lançou ao mar um pedaço de terra dado por Tritão. A ilha passou a se chamar Caliste, "a mais bela", e serviu como lar para os descendentes de Eufemo. As ilhas menores ao redor de Santorini possuem diversas culturas e fontes de interesse, que você descobrirá ao longo da nossa visita.

- Uau, que guia incrível! Ainda bem que é só minha. Mas me diga, quando aprendeu tudo isso? — Victoria perguntou, beijando-me com ternura.

- Ah, Vi, eu aprendi muito sobre o mundo durante minhas turnês. Sempre procurei saber mais sobre os lugares onde tocaria, e adorei conhecer tudo isso em cada destino que visitei — expliquei, com um sorriso satisfeito.

- Nossa, então você sabe bastante coisa, né? Que bom, meu amor — ela disse, mordendo levemente o lóbulo da minha orelha.

- Victoria, não brinque com fogo... — sussurrei, beijando seu pescoço com carinho.

- Você que está me incentivando, não é? Acho melhor eu me controlar, pois estamos chegando e temos companhia, né? — ela respondeu, rindo, enquanto a atmosfera ao nosso redor se enchia de antecipação e diversão.

Após explorar vários pontos turísticos da ilha, decidimos passar um tempo relaxando na praia. O sol estava se pondo, tingindo o céu de tons quentes, e eu e Victoria estávamos à beira da água, admirando a cena deslumbrante. A água cristalina se fundia com o azul do céu, criando uma única imagem de serenidade.

- Nath, você se lembra de como nos conhecemos? O destino é realmente curioso, não é? — Victoria perguntou, olhando para o horizonte

— Sim, lembro. Eu estava tão interessada na Ana naquela época. Na nossa primeira conversa, eu realmente queria ela — respondi, refletindo sobre o passado.

— O que te fez mudar de opinião? — Victoria questionou, curiosa.

— Na nossa primeira conversa, você me tratou com uma gentileza rara. Quando olhei em seus olhos, vi um universo inteiro. No início, ainda estava focada na Ana. Mas, no segundo dia, eu tentei descobrir a cor dos seus olhos. No terceiro dia, desisti de tentar definir uma cor específica. Eu queria desvendar o universo que estava dentro deles. A partir de então, só pensava em você. Quando estivemos juntas pela primeira vez, não havia dúvidas; eu sabia que queria você. Só não queria admitir. Com o tempo, percebi que seu olhar é uma mistura de muitos tons. No final, achei que seu olhar tem o tom de Marte. E, desde então, não havia mais volta. Era você. É você. E sempre será você.

— Eu também te amo, mas me diga, qual é a cor dos meus olhos? — perguntou Victoria, com um olhar curioso e terno.

— Seus olhos não têm uma cor definida, Vi... Eles são uma combinação de muitos tons. Seu olhar é como uma galáxia. É impossível definir com precisão, mas eu encontrei um tom que me faz pensar em Marte. Seu olhar é formado por vários tons que, no fim, criam um tom marciano. Existe uma galáxia em seu olhar. Tom sobre tom, eu me alinhei e me tornei um planeta no universo que você representa. Recriei-me para me encaixar na sua órbita. E hoje somos um só planeta.

— Então a letra da sua música era para mim? — perguntou Victoria, com um sorriso intrigado.

— E você ainda tem dúvidas, Victoria Garcia? — respondi, com um sorriso confiante, sabendo que, no fundo, nossas almas estavam entrelaçadas de uma forma única.

Perdido ao sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora