Acordei com o som forte da chuva caindo lá fora, a tempestade parecia que ia durar o dia todo. Estranhei a sensação de um corpo quente e próximo ao meu e me dei conta de que Gal estava enlaçada a mim. Não me lembrava de tê-la convidado para a cama na noite passada, mas não me importei; até achei um pouco agradável. Decidi deixá-la dormir e fui tentar levantar com cuidado.
No entanto, ao me aproximar do banheiro, tropecei em meu próprio pé e caí com um estrondo. O barulho foi o suficiente para acordar Gal.
— Desastrada como sempre... — Gal murmurou, ainda sonolenta, mas com um tom brincalhão na voz. —. Pau que nasce torto nunca se endireita. Então, pare de fazer bagunça e me diga como eu fui parar na sua cama?
— Se eu parar de falar, acho que você vai achar difícil de me responder. — Ela respondeu com um sorriso, ainda meio sonolenta.
— Ai, Gal, você continua com essa sua cara de quem sempre quer brincar. — Tentei mudar o tom da conversa para algo mais leve.
— Eu resolvi deitar com você. — Gal se aproximou um pouco mais, e sua presença era impossível de ignorar. — Estava sentindo falta do seu cheiro, da sua boca, do seu corpo.
O calor da sua presença e o olhar intenso foram demais para mim. Sem saber como reagir a isso, decidi entrar no banheiro antes que ela me convencesse a ficar.
— É... eu vou tomar banho e depois podemos aproveitar um pouco, o que acha?— Disse, trancando a porta atrás de mim e rindo da situação.
— Vamos aproveitar o tempo que ainda temos, Nathalia... — Ela disse com um tom divertido misturado com diversão do outro lado da porta.
Enquanto eu me preparava para o dia, o barulho da chuva e a lembrança do que aconteceu na noite anterior me fizeram refletir sobre o quanto a vida estava cheia de surpresas e reviravoltas. Gal e eu estávamos passando um tempo incrível juntas, e eu me perguntava como tudo isso se encaixaria no futuro.
Após um banho revigorante, desci para a cozinha da mansão, onde já podia sentir o aroma do café fresco e do bacon frito. A manhã estava animada e, por um momento, parecia que a chuva lá fora tinha se dissipado, dando lugar a um sol tímido que iluminava a cozinha.
Quando entrei, encontrei Hayley e Ana Clara já na cozinha, rindo e preparando o brunch. Gal estava sentada à mesa, devorando um croissant com uma expressão satisfeita.
— Bom dia, senhorita Nathalia! — Hayley exclamou, com um sorriso largo. — Finalmente decidida a se juntar a nós?
— Eu estava pensando em como posso ter uma manhã tranquila, sem fazer barulho — respondi, tentando me esconder atrás de um sorriso tímido. — Mas parece que vocês têm outros planos.
— Ah, não vamos deixar isso acontecer — Ana Clara disse, piscando para mim. — Já estamos nos divertindo muito por aqui!
— Falei para a Gal que deveria ter a chance de ser a chef de cozinha oficial do grupo — Hayley riu. — Ela tem um talento incrível para preparar um café da manhã digno de um restaurante cinco estrelas.
— Só não deixem que ela comece a achar que está em um reality show de culinária, ou nunca mais conseguiremos cozinhar em paz — brinquei, me sentando ao lado de Gal, que estava colocando mais bacon em seu prato.
Gal sorriu e levantou um pedaço de bacon.
— Sabe, Nathalia, estava pensando em como esses últimos anos foram incríveis. Lembro-me da primeira vez que te vi no palco, e aqui estamos, comendo bacon em uma mansão australiana.
— É verdade, e os últimos 12 anos foram uma montanha-russa incrível — concordei, sentindo um misto de nostalgia e gratidão. — Desde os primeiros dias com a banda, as turnês, até essa nova fase da vida. Tivemos tantas aventuras e desafios. É incrível pensar em tudo o que vivemos.
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Perdido ao sonho
Historical FictionQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...