Assim que encerramos nossa conversa, adentramos o bar com uma sensação de leveza no peito, como se o peso do passado tivesse sido suavizado pelo calor do reencontro. Era inegável: Nathalia fora meu primeiro amor, e mesmo com o tempo e a distância, sua presença ainda ecoava em mim como uma suave melodia, reavivando memórias entrelaçadas em nossas histórias. Enquanto compartilhávamos risadas e brindes, percebia que havia superado de fato. Nathalia não era apenas uma página virada em meu livro da vida, mas sim um capítulo essencial, cujas palavras e ensinamentos ecoavam no meu ser. Nossa conexão era como uma dança cósmica, onde nossas almas se entrelaçavam em harmonia, reacendendo sentimentos há muito adormecidos.
Em tempos idos, jurei a mim mesma que Nathalia era meu grande amor, o sol que iluminava minha existência e o infinito que preenchia minha alma. No entanto, aprendi que nem sempre o primeiro amor é o destino final da jornada. Às vezes, ele é apenas um prelúdio, uma estrela cadente que nos conduz ao verdadeiro encontro com a felicidade.
Os oito dias passaram velozes, como se o tempo tivesse asas e voasse em direção ao destino que se aproximava. Entre arrumações e despedidas, permaneci grudada à Nathalia, como se cada momento fosse uma tentativa de eternizar a presença dela em minha vida. Enquanto finalizava os preparativos no apartamento, uma mistura de saudade e expectativa preenchia meu coração, deixando-me em um limiar entre o passado e o futuro.
-- Deixa esse moletom comigo, ele é meu preferido-- Disse Nathalia, interrompendo meus devaneios. Sorri, entregando-lhe a peça de roupa, sabendo que seria um elo entre nós, mesmo à distância.
Ao concluir as últimas arrumações, despedi-me do apartamento, da família e dos amigos, sabendo que aquela despedida era apenas um até breve, uma pausa em meio à jornada. A ansiedade crescia à medida que nos aproximávamos do aeroporto, onde os rostos familiares me aguardavam, prontos para compartilhar aquele momento marcante.
-- Então é assim que a gente se separa, é assim que a animadinha da turma cai fora!-- Brincou Luiz, quebrando o clima de emoção com sua habitual descontração. Os outros se juntaram às despedidas, expressando orgulho e carinho, amenizando a dor da partida com suas palavras de apoio. Após as últimas interações com meus amigos, vi-me diante de Nathalia, envolvida em um abraço carregado de significados. "Sem querer guardei pequenos detalhes sobre ti no fundo da minha gaveta e não consigo mais tira-los de lá", confessei, deixando transparecer a profundidade dos sentimentos que permaneceriam comigo para sempre.
- Como o destino é irônico, né? Colocamos tantos pontos finais em nós que acabamos cheios de reticências - refletiu Priscila, ecoando os anseios e incertezas que compartilhávamos. Trocamos um último olhar, um derradeiro beijo, e então segui em frente, rumo ao portão de embarque, com a certeza de que aquele não era um adeus, mas sim um até logo.
No avião, entre lágrimas e suspiros, permiti-me absorver a magnitude da decisão que tomara. Aquela cidade era minha casa, meu refúgio, mas também era o ponto de partida para uma nova jornada rumo aos meus sonhos mais profundos. Ao fechar os olhos e sentir o avião decolar, entreguei-me ao sono, consciente de que aquele era apenas o início de uma história ainda por escrever.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Perdido ao sonho
Ficción históricaQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...