Fogo contra fogo

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Quando voltei para o quarto, o cansaço finalmente começou a pesar sobre meus ombros. O sol já estava alto, mas depois de uma noite cheia de adrenalina e de teorias que rondavam minha mente, tudo o que eu queria era me deitar um pouco. Victoria ainda estava dormindo, sua respiração tranquila e compassada. Senti um alívio ao perceber que ela não tinha notado minha saída, nem minha chegada.

Deitei-me ao lado dela, o corpo finalmente relaxando contra os lençóis macios. Meu coração ainda estava acelerado, mas a exaustão logo tomou conta, e em poucos minutos, caí em um sono pesado. Não se passaram mais do que duas horas antes de acordar com uma dor de cabeça latejante. Olhei para o lado e vi que Victoria já havia se levantado.

Ela entrou no quarto, os olhos meio sonolentos, mas com um brilho que me fez sorrir apesar da dor. -- Você acordou cedo hoje! ela comentou, sua voz suave, mas com um tom de cansaço.

-- Sim, tive algumas coisas para resolver! respondi, tentando esconder a exaustão na minha voz. -- E você, como está?

Ela hesitou por um momento antes de responder, como se estivesse escolhendo as palavras certas. -- Estou um pouco enjoada, na verdade. Acordei com essa sensação estranha e achei que talvez fosse algo que comi.

Imediatamente me preocupei. Sentei-me na cama, ignorando a dor que martelava minha cabeça, e estendi a mão para tocar sua testa, apenas para me certificar de que ela não estava com febre. -- Vem cá, deixa eu te medicar para ver se melhora! -- disse, com carinho na voz.

Victoria se sentou ao meu lado, e eu me levantei, indo até o armário pegar o remédio. Enquanto eu o preparava, a preocupação me envolvia como uma sombra. A possibilidade de que algo mais sério pudesse estar acontecendo com ela não saía da minha mente, mas tentei afastar esse pensamento enquanto voltava para a cama.

-- Pronto! -- disse, entregando o remédio a ela. Nossos dedos se tocaram brevemente, e naquele pequeno contato, senti um laço de carinho e proteção se fortalecer entre nós. -- Isso deve ajudar.

Ela tomou o remédio sem reclamar, e depois encostou a cabeça no meu ombro, suspirando suavemente. -- Obrigada, Nath. Você sempre cuida tão bem de mim! -- murmurou, e eu senti meu coração aquecer com suas palavras.

-- É claro que cuido! -- respondi, passando a mão pelos seus cabelos, sentindo sua maciez entre meus dedos. Por um momento, tudo pareceu certo no mundo, como se aquelas pequenas ações de cuidado fossem suficientes para nos proteger de qualquer ameaça. -- Eu não quero que você se preocupe com nada, está bem? Só descanse.

Ela olhou para mim, os olhos cheios de ternura e algo mais que eu não conseguia decifrar. -- Eu vou, prometo. Mas, e você? Você parece exausta.

Não pude deixar de sorrir ao ouvir isso, admirando como ela sempre percebia mesmo os menores detalhes. - Estou um pouco cansada, sim. -- confessei, dando de ombros. -- Mas nada que um pouco de café e trabalho não resolvam.

-- Você vai à empresa hoje? -- Ela perguntou, um pouco surpresa.

Assenti, tentando parecer mais animada do que realmente me sentia. -- Vou sim. Preciso resolver algumas coisas por lá, mas volto no final do dia. Talvez até antes, se conseguir adiantar tudo.

Ela franziu o cenho, claramente não gostando da ideia. -- Eu preferia que você ficasse e descansasse. Não gosto de te ver assim, tão cansada.

Acariciei seu rosto com delicadeza, meu polegar traçando uma linha suave em sua pele. -- Eu prometo que vou cuidar de mim. Vou fazer o que preciso e volto para casa para ficar com você. E hoje à noite, podemos fazer algo tranquilo, só nós duas.

Ela sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno. -- Eu gosto dessa ideia. Vou segurar você nessa promessa, então.

Eu ri baixinho, inclinando-me para beijar sua testa com ternura. -- Fechado. Agora, tente descansar um pouco mais, tá? O remédio deve fazer efeito logo.

Perdido ao sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora