Acordei com a cabeça latejando, os flashes da noite anterior se misturando na minha mente. O gosto amargo na boca e a dor no corpo me lembravam de cada gole que tomei e da confusão que arranjamos. Enquanto tentava me recompor, ouvi a porta do quarto se abrir bruscamente.
-- Vamos, Nath! Acorda, que o dia tá lindo e eu acabei de chegar da Austrália! -- A voz de Ana Clara ecoou pelo quarto, me arrancando de vez da cama.
-- Caramba, Ana! Você quase me matou do coração! -- respondi, ainda tentando processar a animação dela enquanto minha cabeça girava.
— Desculpa, mas é que a gente tem que comemorar! Tem um pub na praia que eu tô louca pra ir, e eu quero todo mundo lá comigo!
Eu soltei um gemido baixo, sentindo o peso da ressaca me puxar de volta para a cama. Mas o entusiasmo de Ana era contagiante. Ela sempre foi assim, uma bola de energia positiva que não aceitava um 'não' como resposta.
Tá bom, tá bom. Eu vou. Só me dá alguns minutos pra me recompor! — murmurei, já sabendo que seria impossível resistir a ela.
— Isso mesmo! Eu vou animar todo mundo, e você vai ver, vai ser incrível! — Ana saiu saltitando, deixando-me sozinha com meus pensamentos e a dor de cabeça.
Respirei fundo, tentando organizar as lembranças da noite anterior. Haylley e eu tínhamos decidido que seria uma ótima ideia ir para aquele bar de estrada, onde a diversão sempre terminava em confusão. E, claro, não demorou para que tudo desmoronasse quando um idiota desrespeitou Haylley. Eu não pude deixar aquilo passar, e as coisas ficaram feias antes de finalmente fugirmos para a praia, onde terminamos a noite bebendo até o sol nascer.
Mas agora, com Ana Clara de volta, parecia que o dia tomaria um rumo diferente. E, apesar da ressaca, eu não conseguia deixar de sentir um pouco de empolgação com a perspectiva de passar o dia na praia com todos. O céu estava claro e o som das ondas parecia me chamar.
Depois de me arrumar rapidamente, encontrei todo mundo na sala, já se preparando para sair. Haylley, com óculos de sol gigantes, provavelmente tentando esconder o cansaço, e Ana Clara, vibrante como sempre, mal conseguindo conter a animação.
— Prontas pra mais uma aventura? — Ana Clara perguntou, sorrindo de orelha a orelha.
— Com você, sempre! — respondi, tentando sorrir de volta, mesmo com a cabeça ainda latejando.
E assim, todos nós prontos para sair, animados juntos com Ana! Quando ela simplesmente solta o seguinte comentário:
— Ah, gente, esqueci de contar... Victória vai encontrar a gente lá no pub hoje! — Ela disse, sem perceber o impacto que isso teria em mim.
Quando eu ouvi isso, quase engasguei com a água que estava bebendo. Victória? Lá no pub? Com a gente? Senti o pânico começar a tomar conta.
— Oi? A Victória vai?! — perguntei, tentando manter a calma, mas minha voz deve ter saído uma oitava acima do normal.
A Gal, que sempre gostou de me zoar, levantou uma sobrancelha, claramente se divertindo com a minha reação. — Ih, Nathalia, por que essa cara? Achei que vocês tivessem superado isso!
— Eu... eu acho melhor não ir, gente. Talvez vocês possam se encontrar outro dia, né? — sugeri, já imaginando mil desculpas para sair daquela enrascada.
Mas a Haylley, como sempre, não deixou barato. — Você tá brincando, né? Depois de 10 anos casadas, ainda fica assim só de ouvir o nome dela?
A Ana Clara começou a rir, pegando no meu pé. — Sério, Nathalia, você tá parecendo uma adolescente que acabou de ver o crush na escola!
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Perdido ao sonho
Ficción históricaQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...