A cena estava tranquila, e a noite estava quieta quando eu cheguei em casa, carregando sacolas de supermercado. O relógio marcava 10:45, e eu encontrei Victoria sentada, concentrada no notebook, com seus óculos que a tornavam irresistivelmente sexy.
— Oi, meu amor — ela disse, levantando-se ao me ver.
— Ei, meu dengo. Tá tudo bem? Fiz algumas compras pra nós. A gente vai pedir algo pra comer ou quer que eu faça o jantar? — perguntei, dando-lhe um abraço caloroso.
— A gente pode pedir alguma coisa, o que você preferir — respondeu Victoria.
— A gente pede então, meu amor.
O clima estava leve, mas logo percebi uma tensão no ar. Victoria olhou para mim com um olhar perdido, e eu soube que ela queria falar sobre algo importante.
— Eu preciso conversar com você — ela disse, com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas.
— Claro. Pode falar — incentivei, preocupada.
— Nath, quando você saiu na nossa última briga, eu fiquei com tanta raiva, muita raiva. Eu fiz coisas das quais me arrependo muito. Eu queria te pedir desculpas. Eu preciso te contar — Victoria começou a chorar, e eu a olhei com uma mistura de compaixão e compreensão.
— Ei, se acalma, tá? — falei, enquanto a abraçava novamente. — Olha, Vi, eu sei o que você fez. Quando você estava naquele terraço, eu estava ao seu lado. Eu estava em coma, e foi a pior coisa do mundo. A sensação era horrível. Você tem noção do que é ver as pessoas chorando e lamentando por não ter feito nada, só porque você está em uma cama, praticamente morta? Eu escutava tudo. Não sentia nada no começo, mas os sentimentos foram voltando aos poucos. Eu me sentia sozinha, fria, sem cor, sem ninguém. Mas o que me deu forças para voltar foi você, Vi.
Eu fazia uma pausa, tentando controlar as emoções enquanto lembrava aqueles momentos.
— Quando eu subia no terraço uma última vez, você estava lá, chorando de desespero e me pedindo desculpas por uma traição. Eu voltei a sentir ali. Eu só queria abraçar você e dizer que te perdoava, que você era a pessoa mais importante para mim. Eu só queria que soubesse que todos nós erramos. O que me fez voltar foi o nosso amor. Você me contou a verdade, e a verdade pode doer, mas no final sempre vai ser melhor. Sim, Victoria, eu te perdoo por ter mandado a Priscila embora, por ter me traído. Porque eu te amo, e você sentiu que devia me contar a verdade. No seu tempo, mas contou. Eu te perdoo, Vi. Eu te amo. E no amor, a gente vive com alguns erros cometidos precipitadamente.
Victoria continuava a chorar, e eu a olhei com amor, sabendo que o perdão era o primeiro passo para nossa cura.
— Eu te amo tanto. Me desculpe por mandar a Priscila embora. Eu não tinha esse direito — ela disse, sua voz embargada pelo choro.
— Eu te perdoo, meu dengo. E eu te amo. Vamos seguir em frente, aprendendo e crescendo com tudo isso. O importante é que estamos aqui agora, juntos.
Victoria assentiu, limpando as lágrimas e me abraçando apertado. O silêncio que se seguiu foi cheio de compreensão e alívio. Sabíamos que, apesar das dificuldades, o amor que compartilhávamos era forte o suficiente para superar qualquer obstáculo.
Às vezes, o perdão e a compreensão são as maiores provas de amor que podemos dar. E com isso, a promessa de um novo começo se fazia presente, iluminando o futuro que teríamos juntos.- Me diga Victoria, por qual motivo você a chamou ?
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Perdido ao sonho
Historical FictionQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...