Eram seis da manhã, os primeiros raios de sol timidamente se infiltravam pelas cortinas, iluminando o quarto de forma delicada. Era sexta-feira, e eu precisava me levantar cedo para mais um dia de faculdade. Apesar do cansaço que ainda pesava sobre meus ombros, uma sensação de empolgação vibrava em meu peito. Hoje seria um dia especial, o dia em que tocaríamos no Dick's Bar com minha nova banda. A ironia não passava despercebida por mim; de alguma forma, essa apresentação era o ponto de partida para algo novo e promissor.Após alguns instantes, consegui vencer a batalha contra o conforto do edredom e me pus de pé. Tomei um banho revigorante, deixando que a água quente despertasse cada músculo do meu corpo. O pensamento no palco e na música que nos aguardava trouxe um sorriso discreto aos meus lábios. Vesti-me rapidamente, optando por uma roupa confortável, mas com um toque de estilo. O coração batia um pouco mais rápido à medida que me preparava para sair. Peguei minha mochila, onde guardava os cadernos e os acordes que ensaiara exaustivamente nos últimos dias.
Ao abrir a porta, uma visão familiar me aguardava do lado de fora. Haylley, com seu sorriso acolhedor, estava ali, como sempre, pronta para enfrentar o dia de frente. Sua presença era reconfortante, um lembrete de que não estava sozinha nessa jornada. Cumprimentamo-nos com um aceno, e seguimos juntas em direção à faculdade. O ar fresco da manhã envolvia-nos enquanto caminhávamos pelas ruas silenciosas da cidade adormecida. A ansiedade pelo que estava por vir misturava-se à serenidade da manhã, criando uma atmosfera única e carregada de expectativas.
"Victoria vai hoje?" Haylley começava o dia me enchendo de expectativas.
"Claro, a gente acertou a nossa jornada" Falei irônica para minha amiga.
O relógio parecia ter decidido brincar com o tempo, esticando cada segundo como se fosse uma eternidade. Cada minuto na sala de aula se arrastava como uma sombra preguiçosa, tornando a espera pelo fim da aula uma provação de paciência. Ao sair, o sol já declinava no horizonte, pintando o céu com tons dourados e alaranjados que contrastavam com o azul profundo.
Caminhei pelas ruas movimentadas em direção ao supermercado, um oásis de tranquilidade em meio ao frenesi urbano. Entre os corredores repletos de produtos, meu olhar foi atraído por uma figura que, à distância, lembrava vagamente alguém que conhecia. Um breve lampejo de reconhecimento despertou um sorriso irônico, uma lembrança fugaz da ironia do destino.
Entretanto, deixei essa coincidência de lado e continuei com minhas tarefas, concentrando-me nas compras que precisava fazer. Enquanto escolhia os itens, meu telefone rompeu o silêncio com sua melodia familiar, anunciando uma chamada entrante.
"oi, Pri" Atendi de prontidão estranhando a chamada que me deixava surpresa.
"Preciso de um favor, hum?" Priscila falava animada me deixando bastante intrigada.
"Claro, o que estiver ao meu alcance"
"Preciso que me busque no aeroporto" Assim que ela terminou a frase meu coração parou de bater por alguns segundos. Eu havia escutado direito? Ela disse aeroporto?
"Como?" Questionei sem entender muito bem e para provar pra mim que eu não estava ficando doida.
"Acabei de desembarcar em Sidney" Ok, ela que havia ficado louca.
"Você o que?" Questionei novamente ainda tentando entender.
"Poderia vir me buscar? Eu te explico isso pessoalmente, hum?"
"Claro, chego em alguns minutos"
O eco do da ligação ainda reverberava em meus ouvidos quando decidi deixar o supermercado para trás, com as sacolas cheias em mãos. Optei por mandar as compras diretamente para casa e segui em direção ao aeroporto para buscar Priscila. Era quase como se o destino estivesse brincando comigo, traçando caminhos que se entrelaçavam de maneira inesperada.
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Perdido ao sonho
Historical FictionQuando nos apegamos ao passado, o futuro promissor se obscurece sob o véu das lembranças, aprisionado entre os escombros do que já foi. É como se nossos sonhos, outrora radiantes e audaciosos, se perdessem na penumbra da nostalgia, enquanto nos enco...