Perdido ao sonho

Um dia de verão

A semana passou voando. Eu e a Ana passamos todos os dias na água, surfando e aproveitando cada onda como se fosse a última. Ana Clara estava sempre por perto, com sua câmera, capturando cada momento de alegria. Essas imagens vão ser ótimas lembranças do tempo que passamos aqui, em nossa casa em Sydney.

Finalmente, o dia de partir chegou. No caminho para o aeroporto, a van estava cheia de conversas e risadas. Ana Clara e Hayley discutiam animadamente sobre o que fariam primeiro quando chegássemos ao Brasil.

— Eu não vejo a hora de ir ao pagode, — disse Ana Clara, mal conseguindo esconder a empolgação. — Vamos direto para aquele bar que a gente sempre ia, Nath! Não podemos perder tempo!

Hayley concordou imediatamente. — Sim! Preciso de uma boa festa para comemorar o nosso retorno. Já faz tempo que não dançamos daquele jeito.

Eu sorri, me deixando levar pela energia delas. — Vocês não perdem uma, hein? Mas eu também estou ansiosa para chegar lá. O Brasil sempre nos espera com aquele calor humano e alegria que só ele tem."

Enquanto ouvia as meninas planejando a noite, comecei a sentir uma mistura de sentimentos. Estava animada para voltar ao Brasil, mas não podia ignorar o aperto no peito ao pensar que estava deixando para trás a casa que sempre amei. Sabia que estaria em boas mãos, mas ainda assim, era difícil dizer adeus, mesmo que fosse temporário.

Mas uma coisa era certa: estávamos prestes a criar novas memórias, e eu estava pronta para aproveitar cada segundo.

Chegamos ao aeroporto com uma energia contagiante. O barulho das rodas das malas rolando pelo piso de mármore se misturava com nossas risadas e conversas animadas. Estávamos todos prontos para a próxima etapa da jornada.

Enquanto aguardávamos o voo, Ana dormia tranquilamente no meu colo, seu rosto sereno, como se o mundo ao seu redor não existisse. Olhei para ela, percebendo o quanto estava crescendo rápido. Cada dia, parecia mais madura, mais confiante, e isso me enchia de orgulho, mas também trazia aquele sentimento agridoce de que o tempo estava voando.

Hayley, sempre atenta, notou o olhar que lancei para Ana e, com seu jeito direto, começou a puxar assunto. — Sabe, Nath, você seria uma mãe incrível. Ela disse, sua voz carregada de sinceridade. — Eu torço para que a Victoria perceba isso o mais rápido possível.

Eu ri suavemente, tentando mascarar a mistura de emoções que o comentário dela despertou em mim. — Você acha? — perguntei, tentando manter o tom leve, mas sem conseguir esconder totalmente o peso que aquelas palavras traziam.

— Tenho certeza,— respondeu Hayley, sem hesitar. — Olha só para a Ana, como ela se sente segura com você. Dá para ver que você tem esse instinto natural, sabe? E eu sei que você ainda ama a Victoria... Vai ver, as coisas só precisam de um pouco mais de tempo para se encaixarem.

Suspirei, passando os dedos pelo cabelo de Ana, refletindo sobre as palavras de Hayley. — Espero que você esteja certa, — murmurei, mais para mim mesma do que para ela. — Às vezes, tudo o que podemos fazer é esperar e confiar no tempo.

Hayley sorriu de lado, dando-me um tapinha no ombro. — Eu acredito que tudo vai se resolver, Nath. Vocês duas merecem ser felizes, e quem sabe, quando voltarmos, as coisas estejam mais claras.

Eu assenti, tentando manter a esperança viva. Enquanto Ana dormia em meu colo, me permiti acreditar, pelo menos por um momento, que tudo poderia realmente se encaixar de novo, e que o amor que eu sentia por Victoria encontraria seu caminho de volta.

Quando o avião pousou no Brasil, senti um misto de nostalgia e excitação. Todas nós passamos o voo inteiro dormindo, descansando da correria dos últimos dias. Ao acordar com o anúncio de aterrissagem, notei que Haylley e Ana Clara já estavam totalmente despertas, seus olhos brilhando de expectativa.