Medo

18 1 0
                                    

Pov Ana Clara.

Acordei às 10 da manhã com o som insistente do meu despertador. A primeira coisa que fiz foi pegar o celular e tentar ligar para Nathalia. Estava preocupada com o fato de que ela não tinha respondido às minhas mensagens e ligações da noite anterior. A ligação não completava e meu coração começou a acelerar, um pressentimento ruim começava a tomar conta de mim.

Foi então que Victoria apareceu na porta do meu quarto, com um olhar confuso e cansado.

— Ana, o que você está fazendo acordada tão cedo? — perguntou ela, ainda meio sonolenta.

— Estou tentando ligar para Nathalia — respondi, sem conseguir esconder a preocupação na minha voz. — Não consigo falar com ela, e estou começando a ficar inquieta.

O semblante de Victoria mudou instantaneamente, e eu pude ver o medo em seus olhos. Ela se sentou ao meu lado na cama, e com a voz embargada, confessou:

— Eu... eu tenho medo, Ana. Fiz uma grande besteira ontem à noite, e não queria contar para Nathalia. Eu sei que tudo está complicado entre nós, e eu tenho medo de que isso tenha a ver com o que pode estar acontecendo agora.

Antes que eu pudesse responder, o telefone de Nathalia tocou novamente. Desta vez, a chamada foi atendida por um desconhecido, e a voz do outro lado estava carregada de urgência e tensão.

— Olá? — a voz era masculina e claramente preocupada. — Eu estou ligando em nome da garota que estava na moto. Houve um acidente muito feio. Eu achei que a moça estava morta, mas a ambulância está a caminho e vai levar ela para o Hospital de St. Vincent, em Sydney.

Meu coração parou por um instante, e eu olhei para Victoria, que agora estava completamente paralisada, o rosto pálido e os olhos arregalados. O pânico tomou conta de mim, e eu tentei manter a calma, mas as palavras saíram de forma desordenada.

— Victoria, houve um acidente. Eu não sei o que aconteceu, mas a pessoa que estava na moto, que eu acho que é Nathalia, está no hospital agora. Eles estão levando-a para o Hospital de St. Vincent em Sydney. Eu... eu não sei se ela sobreviveu, precisamos esperar para saber.

O desespero tomou conta de Victoria, que imediatamente começou a se movimentar sem rumo, perguntando repetidamente o que estava acontecendo. A situação parecia estar fora de controle.

Foi então que Haylley chegou à casa de Victoria. Ela já estava a par da situação, pois Scott havia contado a ela no mesmo momento em que soube do acidente. Haylley entrou com um semblante sério, mas uma aura de tranquilidade que imediatamente começou a acalmar o ambiente.

— Calma, meninas — disse Haylley, dirigindo-se a nós com uma voz calma e reconfortante. — Eu já sabia do acidente. Scott me ligou assim que aconteceu. Vamos esperar pelas notícias e nos mantermos calmas. A ambulância já está a caminho do hospital e eles farão o melhor para cuidar dela.

A presença de Haylley foi um alívio em meio ao caos. Victoria e eu, ainda tremendo, tentamos nos apoiar nela enquanto aguardávamos ansiosamente por qualquer atualização. O silêncio na sala era pesado, mas Haylley estava lá para nos dar forças e, de alguma forma, tentar nos fazer sentir que, apesar de tudo, havia esperança.

Passaram-se apenas dez minutos, mas para nós, cada segundo parecia uma eternidade. O desespero nos envolvia enquanto decidíamos ir para o hospital. O trajeto foi um borrão, uma mistura de ansiedade e medo. Quando finalmente chegamos ao Hospital de St. Vincent, fornecemos as informações necessárias à recepcionista. Cada um de nós estava em um estado de pânico absoluto, com Victoria especialmente desmoronada.

Enquanto aguardávamos, a sensação de angústia era quase insuportável. Eu tentava mentalizar alguma coisa, qualquer coisa que pudesse aliviar o sofrimento, mas só conseguia chorar. A dor e o medo eram tão grandes que não conseguia raciocinar. Meus pensamentos se desenrolavam em um caos desordenado, e eu me agarrei a qualquer força do universo, pedindo desesperadamente aos deuses, ao destino, para que enviassem forças a Nathalia.

O tempo parecia arrastar-se e, de repente, um médico se aproximou de nós. Ele tinha uma expressão grave, e o simples olhar para ele fez meu coração acelerar ainda mais. Quando ele começou a falar, suas palavras soavam como um eco distante, misturadas com a própria angústia que eu sentia.

— A paciente Nathalia Reis felizmente sobreviveu — disse o médico, sua voz grave e sóbria. — No entanto, o impacto foi forte demais e, mesmo com o capacete, ela sofreu um traumatismo craniano. Ela está em coma. Sua condição é instável e pode piorar a qualquer momento. Infelizmente, não sabemos quando ela voltará a consciência. O quarto está aberto para visitas. Obrigado.

As palavras dele foram um misto de alívio e terror. Embora Nathalia tivesse sobrevivido, a gravidade da situação era esmagadora. Eu olhei para Victoria, e o que vi era um desespero profundo, algo que eu nunca havia testemunhado antes. Seus olhos, normalmente tão brilhantes e cheios de vida, estavam opacos e sem brilho. A tristeza e a angústia eram palpáveis, e ela parecia perdida, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés.

Victoria não conseguia encontrar palavras, e eu sabia que, de alguma forma, o impacto das notícias a estava destruindo. A sala estava mergulhada em uma atmosfera de desespero, onde cada um de nós lutava para encontrar um fio de esperança em meio ao caos. Eu me senti impotente, minha mente estava em um estado de confusão, e a única coisa que podia fazer era esperar e rezar, que Nathalia encontrasse a força para voltar a nós.

Perdido ao sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora