67 - o grande final

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8 de julho; 2028
A final das olimpíadas
NARRADORA

O estádio vibrava com a energia de milhares de pessoas, todas ansiosas pela grande final. As arquibancadas estavam lotadas, e bandeiras de diversos países tremulavam, criando um mosaico colorido no ar, enquanto a torcida explodia em gritos e aplausos. Era o dia da final olímpica, o duelo esperado: Brasil contra EUA. O ouro estava em jogo, e o Brasil precisava vencer.

Amélia assistia de forma discreta, rodeada pela família e por Yuri, mas seu foco estava distante, fixo na quadra. Seu olhar vagava pelas jogadoras em aquecimento, captando os movimentos rápidos e a tensão que permeava o ambiente. Sentia aquele frio na barriga, uma sensação que a acompanhava desde o momento em que decidiu deixar a ilha e encarar a realidade. Embora estivesse ali fisicamente, sua mente estava em um espaço onde tudo girava em torno de Gabi.

Quando seus olhos finalmente encontraram Gabi, a capitã da seleção brasileira, o barulho ao seu redor pareceu sumir. No centro de tudo, Gabi sorria, confiante, e aquele sorriso, tão familiar para Amélia, trazia uma sensação mista de conforto e dor. Era o sorriso que a fazia sentir-se em casa, mas a distância entre elas parecia intransponível.

Gabi estava tão próxima e, ao mesmo tempo, tão longe. Amélia sabia que os anos separados e as escolhas que fizeram tornavam tudo mais complicado. Mesmo sem saber o que Gabi pensava, Amélia sentia o peso do tempo, a saudade que apertava o peito e o receio de que pudesse ser tarde demais.

Gabi, por outro lado, não sabia que era observada com tanto carinho e intensidade. Em sua mente, apenas o jogo importava - o time, a busca pelo ouro. Mas um vazio persistia, uma saudade que ela tentava ignorar. Mesmo sem vê-la, sentia que algo faltava ali, na plateia.

E assim, os dois mundos, separados pela distância e pelo tempo, se cruzavam novamente, de forma silenciosa. As emoções estavam à flor da pele, quase palpáveis, numa intensidade que qualquer um poderia sentir, bastando olhar de perto. No calor da competição, ambas sabiam, mesmo sem palavras, que a história delas ainda não havia terminado.

Gabi mantinha-se focada, os olhos atentos na bola, nas adversárias, traçando estratégias. Ela não sabia que Amélia a observava como quem revive memórias, cada movimento um lembrete do que viveram. O time brasileiro estava confiante, e Amélia sentia um misto de orgulho e incerteza. Afinal, tanto tempo havia passado. Agora, ela estava ali, com o coração apertado, sem saber se haveria chance de se aproximar de Gabi novamente.

O jogo começou com toda a intensidade que uma final olímpica exige. Brasil e EUA disputavam ponto a ponto, alternando o controle do jogo, mas Gabi, com sua liderança inabalável, destacava-se em cada movimento. A torcida ecoava pelo estádio em uma onda contínua de gritos e aplausos, alimentando a energia na quadra.

Gabi estava concentrada, os olhos fixos na bola, cada jogada calculada com precisão. Ela sabia que não podia se distrair; o ouro estava ao alcance. No entanto, mesmo enquanto tentava afastar tudo que não fosse o jogo, havia uma sensação persistente, uma presença vaga que incomodava. Amélia não estava ali com ela, mas, de algum modo, parecia estar em cada batida do seu coração, em cada respiração. E, sem saber, Gabi era observada por Amélia, que a acompanhava das arquibancadas, com um olhar atento, como se cada movimento fosse uma lembrança do que já viveram.

A cada ponto do Brasil, a euforia tomava conta do estádio, e Amélia sentia-se cada vez mais conectada àquela cena, como se, mesmo distante, ainda compartilhasse algo com Gabi. Ela sabia que o tempo e as escolhas tinham alterado o caminho entre elas, mas, no fundo, seu coração ainda batia com esperança de algo mais.

A atmosfera no estádio era eletrizante. A torcida explodia a cada ponto, e o Brasil parecia ganhar terreno. Para Amélia, Gabi brilhava ali, liderando com a paixão que sempre a caracterizou. Ver a determinação de Gabi lhe trazia um misto de orgulho e um leve aperto no peito. Orgulho pela força com que Gabi conduzia o time e dor pela distância que agora as separava.

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