Cap. 8 - Morte?

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Emma

- Não! - Grito, elevando o meu corpo. 

"Foi só um pesadelo, só um pesadelo..."

Coloco a mão na minha testa e limpo o suor que lá existia. Era o quarto pesadelo esta noite. Sentia-me mal por ter acordado Zayn. 

- Desculpa... Acorde--. - Travo-me a mim própria, quando vejo o colchão, aos pés da minha cama, vazio.

- Emma! - Entra rapidamente no quarto. - Está tudo bem? 

- Sim Zayn, já está vestido? 

- Ia agora para a universidade. - Olho-o confusa.

Como assim ele vai para a universidade? Ainda é super cedo de certeza e Zayn nem me acordou sequer.

- Tu hoje não vais, Emma. - Lê-me os pensamentos.

O quê?

- Vou sim. - Retalio. 

- Não, vais ficar a dormir e a repousar. - Insiste e eu levanto-me da cama, indo em direção ao armário.

- Emma, para a cama. - A sua mão prende-me o braço e arrasta-me de volta para a cama, embora tente me soltar. E inútil, Zayn é bem mais forte que eu, não adianta. 

- Tenho dezoito anos, sou maior de idade. - Cruzo os braços, amuada.

- Deixa de ser criança, foda-se! - Explode, e eu estremeço novamente.

São estas atitudes que eu não entendo no Zayn. Esteve a noite toda a meu lado, naquele colchão, a tomar conta de mim. Sempre que tinha um pesadelo levantava-se e corria até mim, abraçando-me. Tal como um verdadeiro irmão. E agora... estamos outra vez assim. 

- Zayn... - Murmuro. 

O meu olhar desvia-se até ao relógio e tudo torna-se confuso. O Zayn vai para a faculdade às cinco e trinta da manhã? Não faz sentido nenhum. 

- Porque me olhas assim? - Inquere.

Levanto-me da cama e aproximo-me dele, abraçando-o. Zayn parece surpreso, porém retribui o abraço. 

- Zayn, o que vais fazer a estas horas? - Sussurro e o seu corpo torna-se tenso. - Não me mintas, por favor. - Imploro-lhe com o meu tom de voz.

- Vou a um sitio, fazer umas coisas. - Ele responde-me e eu reviro os olhos, no entanto não podia reclamar, ele não mentiu, tecnicamente. - Volto num instante, prometo mana

Ele deposita-me um beijo na minha testa e um sorriso pequeno aparece-me no rosto. A porta do meu quarto é fechada e fico totalmente às escuras, porém tudo parecia luz para mim. Ele chamou-me mana... pela primeira vez. Deito-me na cama com um sorriso na cara e desta vez sabia que não iria ter pesadelos, não depois desta conquista, que apesar de pequena, adorei com todas as letras.

Para ele, já faço parte da família, e isso é uma grande vitória para mim.

Zayn

- Adeus, Emma. - Murmuro para mim próprio, pegando nas malas. 

Não posso continuar aqui, a Emma está em perigo, não posso deixar a minha meia-irmã com medo o tempo todo. A única solução é fazer o que vou fazer, voltar para casa da minha mãe até o meu pai voltar da tal viagem com a dona Grace. 

Apertei o pequeno botão do comando e o meu carro emite um som, dando-me a confirmação que o carro estava aberto. Coloquei as malas no porta-bagagens. Olhei uma última vez para o casarão da Emma e acenei para a janela da cozinha, mesmo sabendo que ela não estaria a ver.  

Abri a porta do lado do condutor e sentei-me, fechando-a. Liguei o carro, coloquei o cinto e preguei a fundo, era uma viagem um pouco grande. 

E por momentos, pareceu-me ter ouvido a Emma berrar por mim, apesar de já ter o carro a andar.

Emma

Não conseguia adormecer. Estava mesmo feliz com o que aconteceu, e com os pulinhos e os guinchos de alegria que dava na cama, todo o meu sono desapareceu. A minha barriga dá horas e só aí me lembro que não como desde ontem, ao almoço. 

Abro a porta do quarto e desço a escadaria. Esfrego os olhos, devido ao pouco sono que ainda tinha escondido e abro a boca, bocejando. Assim que entrei na cozinha, abri o frigorífico e a minha mão pegou na água gelada que lá estava. Peguei no meu copo de ontem e enchi-o de água. 

Levei-o à boca e olhei para a janela, porém os meus olhos arregalam-se e eu petrifico por completo.

O copo estilhaça-se em bocados. 

Zayn acenava-me. Levei as mãos ao peito sabendo o que aquilo significava. Aquela distancia era enorme, e os vidros são fumados, ele não consegue ver para o interior. Zayn entrou no carro e eu corri até à janela, batendo no vidro com as palmas das mãos.

- Zayn, Zayn, não me deixes, eu tenho pânico! - Berrei, deixando as lágrimas rolar pelos meus olhos.

Vejo-o pregar a fundo.

- ZAYN! - Berro com tudo o que tenho. A minha alma e o meu corpo pareciam ter unido forças e berrado juntas, intensificando o meu grito. A minha força desvanece com o grito, estava exausta. 

Volto-me, ficando de costas, e deslizo pelos vidros abaixo, encolhendo-me.

- Estou sozinha, ele vem ai... - Começo.

Sempre tento parar com o pânico mas é mais forte que eu. Eu sei que... o meu pai... ele vem ai, eu sinto-o...

As lágrimas rolam descontroladamente ao relembrar aquela sala escondida para onde eu era arrastada, as vezes enquanto sangrava. Os meus pensamentos esvoaçavam para todas as vezes em que era chicoteada. O medo de voltar àquela sala que à treze anos permanece fechada e escondida toma conta de mim. 

Estou sozinha.

Subitamente, ouço um disparo de uma arma e grito, escandalizada e assustada com o barulho repentino. Olho para a frente e vejo novamente a pessoa que ontem me atacou. 

- Não... - Murmuro, deixando mais lágrimas rolarem pelo meu rosto.

A bala estava no meu colo, tinha caído de cima, o vidro duplo da janela foi resistente o suficiente e apenas rachou um pouco. O meu olhar fitava o do sujeito à minha frente. Memórias de ontem invadem a minha mente. Olho para os vidros partidos e pego rapidamente num, enquanto o homem se ri novamente. 

Levanto-me vagarosamente e desta vez tinha uma vantagem, tinha uma faca mesmo à minha frente e cinco pratos. Tinha era de utilizar bem as armas que tinha. 

O homem vem na minha direção com um sorriso na cara e eu apenas pensava...

Vou morrer?



Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora