Cap. 14 - Ódio mútuo.

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Emma

Senti os raios de sol embaterem-me diretamente nos olhos, e resmunguei comigo própria por ter deixado a persiana aberta. A minha mente estava agora a trabalhar novamente, infelizmente. 

Cada memória era mais dolorosa do que outra. Deixei um suspiro ser libertado pelos meus lábios quase que por vontade própria. Eu tinha tanto medo do meu futuro. Zayn beijou-me, e apesar de ter sido boca a boca, nunca tentativa de me salvar, continuava a ser um beijo. Estou tão confusa... eu amo-o como irmão, apenas isso.

Penso eu.

Se calhar fui muito rigorosa quando o acusei que ele abusou de mim, e que eu não era como as que ele fodia, mas eu estava tão revoltada. E confusa. Irmãos não se podem beijar e ponto! Mas talvez, tenha sido aquele beijo que me salvou da morte... naquele dia eu deixei de sentir totalmente o meu corpo, e vi uma luz brilhante no meio de um local completamente preto, no entanto, quando a luz calorosa e aconchegante penetrou no meu corpo, fui puxada novamente para a escuridão. A voz do Zayn foi audível ao longe e ouvia as suas orações. 

Desviei os meus pensamentos que estavam a pôr-me mais uma vez confusa, e virei o meu corpo para alcançar o telemóvel, no entanto, o corpo de Zayn junto ao meu guarda-roupa trava todas as minhas ações e um grito fica preso na minha garganta. Este, ficou a um passo de ser solto. 

Ele está em tronco nu, a dormir... ele veio cá durante a noite ver-me?

Mexi-me lentamente, tentando sair da cama sem esta ranger. Destapei o meu corpo lentamente e os meus pés tocaram de leve no soalho frio do meu quarto, fazendo-me gemer baixinho com este primeiro contacto. Em bicos de pés, contornei a cama, aproximando-me do moreno, agora caído no sono deste fim-de-semana. Coloquei-me de joelhos e fitei a sua cara, caída junto ao peito.

O meu olhar visualiza cada tatuagem existente no seu corpo musculado. Uma sensação estranha surge-me na barriga, uma sensação que apenas Harry me fazia sentir, e que ultimamente já nem tinha existido entre nós.

Deixo um gemido pequeno escapar por entre os meus lábios e arregalo os olhos perante tal coisa. A minha mão parecia ter ganho vida própria, pois queria tocar naqueles abdominais tão bem definidos. 

Fechei os olhos e rezei para Zayn ter um sono pesado.

Os meus dedos passam delicadamente por cada tatuagem, a minha mão quente no seu corpo frio parecia formar electricidade. O meu corpo parecia receber uma onda de energia a cada novo movimento exercido pelas pontas dos meus dedos. As borboletas na minha barriga intensificavam-se a cada segundo que passava. O meu coração batia de uma maneira irregular, fazendo os meus movimentos cardíacos bastante rápidos do que o habitual. 

E foi aí que todo o meu coração se trocou. 

Os meus dedos sobem até à sua cara, parando nos seus lábios. Gemo novamente e amaldiçoo-me mentalmente por não ser capaz de parar. Ele é meu irmão, não devia me sentir assim, merda...

Os olhos de Zayn abrem-se subitamente. Deixo um guincho sair dos meus lábios perante o susto e quando dou por mim, tinha feito uma cambalhota para trás.

- Zayn... - Murmuro. O seu olhar percorre o meu quarto, parando em mim, no fim. 

O seu corpo ergue-se da cadeira e ele apenas vai em direção à porta, abrindo-a.

- O que se passa, que foi agora?! - Aumentei o meu tom de voz, ao ver que ele se encontrava zangado. Este, volta-se e encara-me durante uns segundos que mais pareciam eternidades. 

Zayn dá três passos, entrando novamente no meu quarto e fecha a porta.

- Simples, estou farto de ser um cão. - Atira, rudemente.

Lembro-me de como o tratei ontem, porém memórias do seu primeiro dia cá em casa surgem-me e rapidamente atiro também.

- Eu era o quê quando me puxaste os cabelos e me empurraste até ao corredor desse mesmo jeito? 

- Nem tentes, eu pedi desculpa. 

- Então olha, desculpa. - Digo, num tom aborrecido. 

- Não desculpo. 

- Então as desculpas que vão à merda, porque se bem me lembro também nunca te disse que estavas desculpado. - Levanto-me do chão, onde ainda me encontrava.

- Emma, não me testes. - Ameaça.

- Ou o quê? Vais-me puxar os cabelos? Estou farta das tuas ameaças.

- Devias ter medo. 

- Então espera! - Ironizei, e coloquei-me rapidamente debaixo da cama. - Está melhor? 

- Os pais voltaram para acabar a viagem de negócios hoje, e eu vou para casa da minha mãe. - Informa.

- Quê? - Levanto a cabeça, batendo com esta nas grades da cama, que seguram o colchão. - Zayn tu sabes que... 

- Tens pânico? Que pena. - Completa.

- Zayn... eu não ouvi bem... - Sussurro, saindo daquele lugar escuro e voltando a encarar o moreno de olhos castanhos. 

- Não percebes à primeira caralho?! - Quase berra, e eu instantaneamente dei um passo para trás. 

Odeio que me gritem, porra.

- Onde é que a casa é, deixa-me ir contigo, onde é? - Pedi, quase suplicando-lhe. 

- Não tenho de te dar justificações da minha vida! - Berra, cerrando os punhos. 

- Da última vez que me abandonaste, ia acabar morta. - Gemo, num fio de voz, derrotada pela tristeza e as lágrimas que já escorriam pela minha cara.

- Desta vez aquele caralho está na prisão, querida. - Irozina, fingindo reconfortar-me. - Adeus, Emma, vou fazer as malas. 

- Odeio-te. - Murmuro, desabando.

- Uma vez mais informo-te que é reciproco. - A porta é violentamente fechada.

Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora