Cap. 15 - Guerra.

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Emma

Zayn cumpriu o que disse. No entanto, eu não era capaz de ficar sozinha naquela casa que tanto me traz tão má recordações. 

- Ainda não sei como te retribuir por hoje. - Falo finalmente, olhando para a frente e vendo a universidade lá ao fundo. 

- Sempre às ordens, para isso servem as amigas. - Piscou-me o olho e a minha vontade era abraçar a Mia aqui mesmo, no meio da rua.

Assim que telefonei a Mia, ontem a noite, ela correu literalmente para minha casa, arrastou-me até ao seu carro e quando dou por mim, estava na beliche de cima do quarto dela. Viu o meu estado de desespero, no entanto não perguntou nada, e não imaginam o quanto estou agradecida por isso. 

- Estamos um minuto atrasadas. - A voz daquela rapariga cabelos cor de mel faz-se soar pela rua. 

- Quando mais tempo não vir o Zayn na cadeira ao lado, melhor. - Reviro os olhos.

- Porque é que o odeias tanto? Dá-lhe uma oportunidade. - Aconselhou.

- Se soubesses metade da história, estavas mais do que do meu lado. - Suspirei, e ela logo se calou, no entanto olhava-me um tanto receosa.

O resto do caminho foi feito em um silêncio total. Um silêncio constrangedor. Mia queria fazer perguntas, às quais eu não queria responder. Ela sabia disso, sabia que eu não queria falar do que aconteceu, ficando calada, presa nessa sua vontade de descobrir.


(...)

Zayn não me dirigiu a palavra ou trocou olhares comigo uma única vez, apenas comia outra desconhecida. O habitual. Agradeço a Deus por tal, seria bastante difícil encará-lo depois de todo este ódio que ambos temos um pelo outro. Era a última aula, faltavam apenas uns trinta minutos para sair daqui e ir para casa e rezava para nesse tempo ninguém me incomodar, muito menos a figura ao meu lado.

- Emma... - Ouço-o murmurar.

Merda. Para que é que eu pensei?

- Emigrou. - Respondi rispidamente, continuando a fingir ler o livro, talvez ele acredite que esteja mesmo a estudar a matéria.

- Só te queria dizer que viramos a página à uns dez minutos. 

- Alguém te perguntou alguma coisa? Eu estudo o que eu quiser. 

- A cota vai fazer perguntas e depois tu fodes-te, mas quero lá saber. - Aumenta o tom de voz, e sinto o olhar de alguns colegas em nós, porém a professora pareceu não ter ouvido, felizmente.

- Não te ped--. - Sou interrompida por uma voz segura e madura.

- Sim, stôra? 

- O que é que o roteiro parece admitir e para o quê? Que estabelecimento têm? E sê explicita nas tua resposta.

O Zayn tinha razão, mas tenho de engolir o orgulho e dar o meu melhor, nunca irei deixar que ele tenha um motivo para se rir nas aulas. Com a raiva que tenho dele era capaz de lhe retirar o abono de família. 

- Emma, o roteiro parece admitir uma certa automaticidade para a escrita e para a leitura académica com um estabelecimento de metas e fases. - Ouço-o sussurrar, enquanto ele fingia limpar o nariz.

- Ninguém te perguntou nada! - Levanto-me da cadeira irritada, e Zayn, com o susto deixou mesmo ranho verdadeiro aparecer no seu nariz.

- Estava a ajudar! - Berra igualmente, limpando o nariz, agora de verdade e erguendo o seu corpo, igualmente.

- Me... - Hesita. - Meninos, rua. 

- O quê? - Dizemos ao mesmo tempo. - Mas foi ela/ele!

- Não quero saber, rua! - Aponta para a porta, fula.

- Deixe estar, a Emma que fique, mais tempo tenho eu para fuder uma gaja. - Arregalo os olhos perante aquilo que ele disse, mesmo à frente da nossa professora.

A porta é fechada.

No entanto a turma ainda continuava incrédula. Uns fizeram "Ooo", outros "Eeee" e alguns simplesmente riram, mas eu? 

Eu continuava parada no tempo.

Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora