Capítulo 76 - Os seus sentimentos

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Zayn

Arquivo mais uma possível localização de Joseph, enquanto não paro de pensar na minha namorada, faz já duas semanas que ela está desaparecida e seis dias que Niall foi detido. Em breve, ele será presente a um juiz e não me agrada nada. Posso excluir com toda a firmeza que o amigo da Emma não é um assassino. 

E depois, temos outra pessoa desaparecida, o meu pai. O dia em que a Mia morreu marca também o dia em que o meu pai evaporar sem deixar rasto. Grace está destroçada. Todavia, eu até estou a lidar com a ausência do mesmo, ele sempre usou a chantagem como um meio de atingir os seus objectivos, e para mim, essa técnica é um golpe bem baixo.

- Novidades? - April pergunta, sentando-se na cadeira rotativa e bebendo o seu café típico da manhã. 

- Enviei as rosas de Joseph para a nossa equipa cientifica. - Ponho-a a par das minhas decisões.

- Ainda estou curioso para saber porquê. - Shawn, que se mantinha ao meu lado a ver-me trabalhar finalmente manifesta-se.

- As rosas são diferentes do normal, se repararem, o caule é mais rígido do que o habitual e foi cortado com uma navalha. Todavia, os mesmos, por terem esse tipo de rigidez, deveriam apresentar mais espinhos. Mas não há quaisquer vestígios ou sinais que Joseph os havia cortado. Na primeira rosa que aquele homem enviou só havia um único espinho. 

- É, fizemos bem em colocá-lo no departamento. - Megan, que estava a passar, ouviu atentamente a minha explicação. 

- Podiam compensar-me retirando o melhor amigo da minha namorada da cadeia. - Reviro os olhos, colocando os documentos confidenciais deste caso na pasta castanha. 

- Nós não podemos. - Responde com uma voz meiga. 

- Olha merda. - A minha chefe arregala os olhos e eu cruzo os braços. - Ele não é culpado. Sim, ele estava sozinho em casa com a Mia, mas vale sublinhar que ele saiu de casa para ir comprar o lanche, tudo pode acontecido.

- No corpo dela haviam impressões digitais do Mr. Horan. - Afirma. 

- Onde? 

- Nos pulgares dela.

- Quer dizer, duh. - Todos reviram os olhos perante a minha arrogância. - Se eles partilham o Ipod, é normal terem impressões digitais dele, ele também mexe no aparelho.

- O que eu acho estranho é a arma do crime não ser encontrada, é como se tivesse sido evaporada, nem nos arredores da casa se encontra. - Shawn realça. - Na verdade, os policiais especularam que o assassino podia ter colocado a arma na parte inacessível da casa. Mas tal como eu referi, inacessível.

Relembro a porta que prometi a Emma nunca entrar e penso seriamente se devia contar-lhes sobre ela. Quer dizer, apenas ela parece saber da existência daquela passagem, e a minha namorada não ia simplesmente fingir desaparecer. Para não constar que existe evidências que Joseph é o responsável. 

Já sinto um nó formar-se no meu estômago e a dor dia após dia começa a tornar-se insuportável. A verdade é que finalmente entendi o porquê das pessoas trabalharem demais. Querem esquecer. E, para ser sincero, isso ajuda. Quando estou focado em pistas, provas e futuros locais onde ela está, estou sempre atento e nem tempo para sentir a sua perda tenho. O problema... é quando a noite escura, gélida e dolorosa chega, e eu me deito na cama. Olho para o lado, mas ela não está mais lá...

Ela se foi, e a culpa foi minha, não a pude proteger, acolher.

- Poderei ir ver o Niall? - Quebro o silêncio que se havia formado. 

- Para quê?

- E que tal para ir vê-lo, tal como referi na pergunta acima? - O meu mau humor começa a tornar-se habitual e por momentos é como se o meu eu antigo estivesse a renascer das cinzas.

- Nada de conversas muito longas ou tentativas de fuga. - April aponta o seu dedo indicador em mim, de olhos bem arregalados.

- Lol, quando chegar lá abaixo, logo veremos se irei acatar as suas ordens ou ser rebelde. - Digo, fazendo-a abrir a boca com a resposta ameaçadora. 


Niall

Fechava os olhos, mas a culpa perseguia-me novamente. Pela primeira vez na minha vida, não tenho fome. Quando vou ao refeitório não consigo comer e não é porque não sabe bem, é porque fora ela a culpada da morte de uma das minhas melhores amigas. Sou considerado um assassino pela policia e concordo. 

- Hey. - Vejo o rapaz moreno empoleirar-se nas grades. - Como estás? 

Não respondo. Gosto de optar pelo silêncio a maioria das vezes. Este é um caso em que eu o escolho sem qualquer dúvida. 

- Também me tem doído muito. - Começa. - Perder a minha namorada e uma pessoa a quem me afeiçoei aos poucos, sendo que é a melhor amiga dela... e... b-bem...

Zayn desce a cabeça, deixando o seu corpo ser segurado pelas únicas coisas que me impedem da liberdade.

- É, secalhar o silêncio é melhor. - Desanima. - Tenho tentado esconder o que verdadeiramente sinto... tenho tentado mostrar-me positivo... mas tem sido tão complicado... sinto que a culpa do que aconteceu a Mia e Emma é minha. 

- O quê? - Levanto-me da cama da minha cela. - Nem pensar! 

- Sabes o que é sentires que ela está ao teu lado todas as noites, sentires a sua presença, como se ela estivesse bem debaixo do teu nariz, mas no fim... ela não está?

- Secalhar estás a procurar mal e no lado errado. - Digo.

- De qualquer das formas... - Os seus olhos fitam os meus. - Prometo que te tirarei daqui, Horan. 

Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora