Emma
Batem à porta diversas vezes, e nenhuma de nós atende, como se não estivéssemos cá, o que faz a pessoa desistir. Lisa permanecia estática e a cada segundo que passava, sentia o meu estômago a contorcer-se cada vez mais. Permaneço no mesmo local, enquanto me sinto a padecer, aos poucos. A sua boca abre-se um pouco e, gradualmente, a minha mãe biológica levanta-se, ainda comovida com tudo o que foi dito.
- És tu...? - Sopra, cravando os seus olhos em mim.
Aceno afirmativamente com a cabeça, fazendo-a estancar, paralisar, deter por completo. Os seus olhos ficam marejados, contudo, ela manifesta um enorme sorriso.
Corremos para os braços uma da outra, abraçando-nos sem mais demoras.
- Evelyn... - Murmura ao meu ouvido, e não deixo de mostrar confusão, à qual ela gargalha, entre lágrimas. - Foi o nome que eu te pus, Evelyn Malik.
- Mas... o Yaser disse-me que eu era Emma Malik... - A confusão estampa-se na minha cara.
- Tu nem uma semana estiveste comigo. Ele nem o teu nome sabe, a única coisa que eu lhe disse de ti, por mensagem, é que, para honrá-lo, deixei-lhe o seu apelido.
Fecho os olhos, enquanto penso na tortura que sofri. Se o Zayn não se tivesse mudado para a minha casa: Joseph não saberia da minha existência, Yaser seria um homem diferente, provavelmente, nunca conversaria pela primeira vez com Lisa e tudo o que eu sofri não teria acontecido.
Mas também não seria completamente feliz sem ele. O Harry não era a minha alma gémea destinada, era o Zayn. Eu sempre consegui afastar os meus namorados, quando queria e bem me apetecia arranjava uma maneira deles desgrudarem de mim. Porém, eu não consigo com o meu irmão, ele sempre volta e deixa-me estática, e eu tento impedi-lo e ele sempre invade a porcaria do território e eu... sempre fracasso contra ele, pois ele é o único que me faz baixar as armas e não aceita o meu doloroso não como resposta.
E eu, neste momento, já não sou capaz de lhe dizer não, pois sei que não adianta, voltaríamos a colar-nos novamente daqui a algumas horas ou dias.
- Tantos anos à tua procura e... - Fraqueja, não terminando a frase.
- A minha vida deu uma volta tão grande. - Admito. - À sete meses atrás, quase oito, eu era apenas a Emma Stewart, prestes a ir para a universidade pela primeira vez, com o seu namorado Harry. Ajudava a sua mãe, Grace, a preparar tudo para a chegada de seu padrasto e meio irmão. No entanto, hoje eu sou a Evelyn Malik, perdi um filho de Zayn, meu irmão de sangue, e vim cá para falar com a minha mãe biológica, Lisa.
- E continuas de pé a sorrir. És tão forte. - Lisa deixa a sua profissão falar um pouco mais alto, fazendo-me curvar um pouco os lábios.
Ouvimos diversos estrondos na sala de espera do hospital e arregalamos os olhos, saindo rapidamente do consultório. Assim que vemos sangue jorrado nas paredes brancas e a voz de Joseph a berrar com os doentes, rapidamente cessamos o passo, dando um pequeno guincho.
- Se mais alguém tentar ligar à policia, mais uma bala na cabeça terá. - Gargalha. - Vamos brincar a um jogo, vamos? Então é assim, eu procuro uma paciente de cabelos cor de mel, estatura média e algumas nódoas negras nos braços e na barriga. Chama-se Emma Stewart, ou Malik. Vou perguntar um a um se sabe o quarto em que ela se encontra, se a resposta não me agradar, eventualmente sabem o que acontece.
Dou um passo em frente, mas Lisa agarra-me pelo braço, impedindo-me. Olho para ela, tentando fazê-la entender que não posso deixar aquelas pessoas morrerem, e a minha mãe apenas pisca o olho, retirando o seu telemóvel do bolso.
- Talvez nem precise da vossa ajuda. - Gelo ao ouvir as suas palavras. - Conhecendo a Emma como conheço, ela até já deve andar por aqui a ouvir. Que se pode dizer, adolescentes são tão cuscos.
A minha progenitora nega com a cabeça, pedindo para que eu fique aqui, enquanto coloca o aparelho no ouvido. De súbito, a figura alta e impiedosa de Joseph aparece-nos à frente e ele apenas sorri, vitorioso. Na sua mão está uma arma mirada não para mim, mas para minha mãe biológica, que desliga imediatamente a chamada, petrificada.
- Achavas mesmo que tinha acabado, querida? - Gargalha, levando-nos para o centro da sala, rodeado por seguranças do hospital, que mais devem ser infiltrados com a mesma roupa. - Pensa assim, um lugar público não impede uma pessoa de te raptar. Podes até ter milhões de pessoas à tua volta, mas continuarás a estar sozinha e desprotegida em algum momento.
- Já matei o meu padrasto, digamos que duas vezes, e Yaser. Quem te garante que não acabarei contigo? - Jogo sujo.
O que acabei de dizer, em acto, foi a coisa mais dolorosa e difícil de fazer. Da primeira vez, quis mesmo matar o meu padrasto. Mas, naquele dia em que a minha melhor amiga estava na mão de Jo, eu premi o gatilho acidentalmente, não era a minha intenção acabar com eles.
- Fácil, minha flor, não és igual a mim.
- Porque tu não tens rancor de matar? - Pergunto, mordendo o lábio inferior, nervosa.
- Porque eu antes de matar, jogo com o emocional da pessoa. Sou muito bom com o jogo das palavras, se escolher as certas, as pessoas praticamente entregam-se à morte que eu sentenciei. - Sorri com aqueles dentes amarelos que me dão náuseas.
- Poupa-me.
- Pensa bem, Emma. Todos te mentiram, a Grace ainda nem te veio visitar ao hospital. E sabes porquê? Porque agora sabes a verdade, e ela já não precisa de cuidar da filha, uma vez que está mais ocupada a chorar o namorado que te queria morta.
- Cala-te. - Peço baixinho, tentando controlar as lágrimas. - Ao menos eu tenho família.
E subitamente, o olhar de Joseph parece fulminar e o seu braço raivoso faz a pistola tremer bruscamente na sua mão.
Descobri o seu ponto fraco.
- Retira isso que acabaste de dizer imediatamente, Emma. - As suas veias ficam bastante salientes no pescoço e a pistola permanece mirada em mim, fazendo Lisa, ao meu lado, tremer.
- Não disse mentira nenhuma. - Provoco, e vejo a sua testa começar a suar. - Aposto que não tens ninguém, e esse é motivo de quereres arruinar os outros, porque para a tua família, tu não vales nada.
E então, o gatilho é premido. Fecho os olhos e tapo os ouvidos, já sabendo o meu destino. Sinto o vento da bala passar diante de mim, contudo, não sinto nada perfurar-me em algum lugar. As pessoas reféns gritam e eu abro abruptamente os olhos, vendo o corpo da minha mãe biológica estendido, de olhos abertos, no chão.
Com uma bala na cabeça.
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Step-Brother [Z.M]
Fanfiction"E eu não queria acreditar, acreditar que era verdade. Acreditar que o meu maior pesadelo virasse o meu maior sonho. Acreditar, que estou totalmente, completamente, incondicionalmente, apaixonada pelo meu meio-irmão." * A vida de Emma vai mudar dras...