Cap. 19 - O perigo tem as suas vantagens

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Emma

Saboreava o gelado juntamente com Zayn. Estávamos no meio de uma estrada deserta enquanto conversávamos como verdadeiros irmãos, pela primeira vez. Subitamente, as luzes, de um lado e do outro, acenderam-se, uma de cada lado, de segundo em segundo. 

- Nem todos tem a chance de ver algo assim, é lindo ver as luzes se acenderam, sobretudo desta forma, estando nós no centro. - Admiti. 

-"A alegria evita mil males e prolonga a vida." - Zayn cita uma frase de Shakespeare.

- Não pode. - Deixo escapar, espantada.

- Que foi? - Leva mais um pouco de gelado à boca.

- Zayn, tu tens quase negativa nos testes de português, dizes que nunca leste um livro, mas acabaste de citar William Shakespeare. 

- Emma, esquece, foi... mera coincidência. - Tenta justificar-se, mentindo, e começa a coçar-se atrás da orelha. 

- Zayn, explica-me. - Tento. 

- Já disse para esqueceres. - Quase que rosna, parecendo o antigo Zayn novamente.

- Foda-se! O que é que foi agora? 

- Eu disse para esqueceres, tu esqueces! - Deita o gelado dele ao chão, nem se apercebendo disso. 

- Não posso esquecer, e sabes porquê? Porque tu percebeste a frase. - Coloco-me à sua frente. - Há pessoas que citam frases e nem entendem o contexto, no entanto, tu usaste-a numa situação em que ela se adequava perfeitamente. 

- E depois? 

-  Olha, ouve: "Para o trabalho que gostamo--(...)" 

- Por amor de Deus, António e Cleópatra a esta hora não por favor. - Resmunga e eu arregalo os olhos. Nem no inicio da frase ia quando ele me interrompeu, e descobriu a obra que citei à primeira. Ele é um génio. 

- Porque é que te fazes de burro? - Finalmente entendo o esquema dela. 

- Os inteligentes nunca podem fuder, as mulheres gostam é de badboys. - Ao fim de algum tempo a perguntar-se a si próprio se contaria, ele decide arriscar.

- Deixa-me corrigir, as putas. - Reviro os olhos devido ao seu raciocínio idiota.

Ambos nos entre-olhamos e por incrível que pareça, desatamo-nos a rir em conjunto. 

Subitamente, a buzina de um carro ouve-se. Volto-me para trás. Um berro deixa-se escapar da minha boca, o meu corpo ganha vida e fica estático automaticamente. De repente,  sinto-me a ser completamente empurrada para o lado. Rebolo até ao passeio amparada nos braços de Zayn.

- Zayn... muito obrigada. - Respiro pesadamente, devido ao susto.

- Vou-te proteger, sempre. - Murmura perto do meu ouvido, devido a estar em cima de mim. 

Os seus braços fortes não me largavam. Os seus olhos castanhos encaravam os meus e ambas as nossas respirações estavam ofegantes. A minha mão direita levantou-se ligeiramente, deslizando pelas suas costas. Senti o seu membro enrijecer e logo pensei em parar, no entanto, algo me fazia continuar, os lábios carnudos de Zayn pareciam chamar-me e para ser franca, não é a primeira vez que sinto isto com ele. A sua mão esquerda acariciou de leve a minha cara e pelo seu olhar eu via que também ele sabia que era errado, no entanto não conseguia parar. Os meus olhos fecharam-se devido ao seu toque na minha pele facial. Senti o seu nariz próximo da minha cara e saberia que iria beijá-lo. É tão errado, nós temos de parar, mas... o nosso corpo está-nos a atraiçoar.

Quando sinto os seus lábios...

- Peço imensa desculpa, eu não vi a menina! - Ouço um homem aproximar-se e arregalo os olhos, empurrando bruscamente o Zayn e levantando-me. 

- Sem problemas! - Corro até ao homem, parecendo normal. - Está tudo normal, completamente normal, sem problemas anormais, eu estou no paraíso do normal. - Afirmo enquanto estrangulo a sua mão sem me aperceber. 

"O que ia eu fazer da minha vida se este homem não interrompesse?"



Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora