Cap. 32 - A verdade

98 14 0
                                    

Emma

Fritava as batatas enquanto Zayn via televisão no sofá, estendido e sem me ajudar uma única vez. O típico. Uma ideia surge-me e sorrio maliciosamente com o que me vem à cabeça. Ele consegue ser ameaçador quando quer, e muito provavelmente na semana passada era sequer incapaz de tentar fazer isto. 

Encho uma panela de água a escaldar e coloco detergente, fazendo espuma. Levo-a cuidadosamente até ao sofá, sendo cautelosa e indo por trás. Quando ia despeja-la mesmo em cima dele, a sua voz trava-me.

- Nem tentes, maninha. - Arregalo os olhos e abro a boca. 

- Como... sabias? 

- O teu reflexo horrível está estampado na TV.

- Idiota. - Pouso no chão a panela, atirando-me para o seu colo e aconchegando-me no seu peito. - Ainda estás zangado por te ter falado daquela maneira? 

- Depende, estás-me a perguntar se estou muito zangado ou furioso? Se for a segunda opção acertaste. - O seu olhar não descola da TV.

- Zayn desculpa por te ter falado daquela forma, a sério. Eu estou arrependida, mas tens de compreender que aconteceu lá algo que eu nunca contei a ninguém. A minha mãe pensa que sabe a história toda, mas na verdade, ela nem na primeira página do meu livro vai... - Admito, mordendo o lábio para impedir as lágrimas de saírem, perante as recordações que me surgem na memória.

O meu irmão fechou os olhos, suspirando. Em seguida, beijou-me profundamente, o que me fez sorrir a meio. 

- Quando estiveres preparada para contar, estou aqui. 

- Nunca duvidei disso. - Admiti. 

Os nossos olhares cruzaram-se novamente, quando nossos lábios iam matar a fome do desejo que sentíamos, ouvimos a porta de entrada ser destrancada, anunciando a chegada dos nossos pais.

- Tinham de chegar agora, porra. - Ouço Zayn murmurar e começo a rir.

- Olá meninos. 

Acenamos com a mão, fingindo conversar sobre filmes. Percebi que os nossos pais franziram a sobrancelha. Subitamente, lembrei-me que da última vez que saíram daqui, nós discutíamos sem parar.

- Odeio The Hunger Games, que mau gosto que tens. - Cuspo a boca do nada, deixando Zayn confuso. 

- O quê? 

- Estás surdo? Tem cotonetes na casa de banho do segundo piso. - A minha vontade era rir da cara do meu irmão, mas eu tinha de me controlar. 

- Ah, percebi! - Coloco a minha mão na testa assim que ele o diz em voz alta. - Odeio Divergente também. 

- Mas filho, até foste ver ao cinema no ano passado. - Yaser entra na discussão falsa, fazendo-o petrificar.

Começo a rir-me com a cara de pânico e tento esboçar o sorriso mais falso de toda a minha vida. 

- Ele vai ao cinema para dormir, a sala é escura, assim como a maior parte do seu cérebro.

- Estás quase a ganhar uma molhadela bem quente nessa beiça. 

- Zayn! - Yaser grunhe, repreendendo-o pela linguagem.

- A panela é de ferro, vê lá se não te cai na cabeça com força. 

- Emma! - Minha mãe grita da cozinha.

Eu e o Zayn erguemos o nosso corpo em direcção às escadas, abro a porta do quarto deixando o meu irmão entrar e assim que ele o faz, rimo-nos imenso. Fecho a porta à chave rapidamente.

- Podias ter avisado. - Gargalha. - Não sou bom actor.

Bato o pé no chão.

- Com que então tenho beiça? 

- Quando estás de trombas nota-se mais. - Assim que a frase lhe sai da boca, dou-lhe um chapada no braço. 

- És mesmo idiota.

- Mas tu amas o teu irmão. - Zayn pega-me ao colo, beijando-me. 










Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora