Zayn
Não tinha qualquer resposta. Não sabia como reagir ao facto dela saber que acabamos e, não, não faço ideia de porque menti. Tenho medo de a perder e esqueço-me que são as mentiras que levam uma relação a esse ponto. Se a Emma nunca recuperar as suas lembranças, não quero que viva rodeada de mentiras e encobrimentos deste último ano.
O nosso ano.
A minha irmã era e é a única que me intimida sem nem querer. Ainda me lembro de quando lhe fazia a vida negra e bem no fundo eu ficava frustrado, porque era ela a única que me conseguia levar aos limites e socar unicamente com as mãos os grandes muros de titânio que eu tanto ergui.
Liberto um pequeno sorriso ao relembrar da nossa música e os momentos da magnifica noite que por fim uniu os nossos sentimentos e os nossos sentimentos num só. Fundidos no nosso destino de permanecer juntos para todo o sempre. Porque eu sei. Os meus lábios encaixam nos da Emma e os dela nos meus, suas mãos pequenas ficam perfeitamente entrelaçadas mas minhas, apesar de serem muito maiores. Os seus olhos fitam os meus e basta-me isso para me esquecer do espaço envolvente e me enfeitiçar uma e outra vez por ela, repetitivamente num ciclo vicioso. E custa, custa ver que me tornei tão dependente de uma mulher em unicamente um ano, nem isso. Mas ao mesmo tempo... céus, é mesmo reconfortante.
E eu lembro-me, lembro-me daquele maravilhoso beijo que lhe dei ao achar que ela estava morta, o medo e a angústia de quando Joseph a atacou em casa e esta rolou das escadas abaixo. Senti novamente esta mesma angústia e este doloroso medo no dia em que a baleei e vi o seu sangue a espalhar-se no chão e eu continuo a sentir agora e para toda a eternidade, sempre que o meu coração se partir em mil bocados com ainda mais medo, medo do nosso futuro, medo do incerto daqui para a frente.
Vivemos um romance, misturado com tragédia, suspense e terror. Vivemos as mais traumáticas experiências todos os dias e o mal que as traz está debaixo do nosso nariz sem o sequer vermos. Todavia, é o amor. O meu amor e o amor da Emma foi que nos manteve vivos até aqui. Pode vir vento, chuva, uma tempestade e até os três simultaneamente, porque a nossa chama pode enfraquecer, mas nunca apagar.
Só espero que ela se lembre, um dia, desse mesmo nosso amor.
- Estou à espera de uma resposta. - A sua voz faz-se notar e eu acordo dos meus apaixonados pensamentos.
- Sim, eu menti. - Respondo e noto imediatamente que ficou decepcionada. - Mas apenas porque eu não te quero perder, Emma. E também porque eu não te traí, aquilo não pode ser chamado de traição porque eu sou inocente, eu juro!
- Zayn, eu...
- Não, escuta! - Corto-a. - Para de pensar em hipotéticas situações e acredita quando digo que te amo. Eu sei tudo sobre ti, o único que verdadeiramente te conhece e sabe do teu passado.
O seu olhar arregala-se um pouco e quando dou por mim, vejo-a a pegar nas chaves de casa e sair pela porta da frente, berrando para eu não a seguir.
Tentei conter a minha vontade de lhe dar espaço e deixá-la espairecer, porém acabei por desistir e corri para fora de casa rapidamente.
Tenho de me desculpar mesmo que não saiba exactamente pelo quê, porque eu não faço ideia da confusão que deve ser a cabeça da Emma, neste momento.
Eu voltei a ser um idiota e a trazer-lhe aquelas horríveis memórias da sua infância, que infelizmente não foram apagadas juntamente com as outras.
Nunca confessei a ninguém, nem mesmo à minha irmã, mas eu sentia que ela tinha um passado conturbado. Senti isso quando fizemos amor pela primeira vez. A minha mão foi delicadamente até à sua intimidade e, mesmo que na altura eu tenha sido cuidadoso, senti o seu arrepio. Não um arrepio de prazer, bom. Foi um incontrolável. Doloroso. Como se o seu corpo recusasse absolutamente o meu toque. Emma dizia que sim, que queria aquilo, mas o seu corpo parecia recusar e aceitar. Estava confuso.
Perguntei se ela me dava permissão por isso mesmo. Ela assentiu que sim, mas eu via nos seus olhos tudo, menos prazer naquele momento. Parecia angústia e medo, misturados com curiosidade e vontade. Emma queria aquilo, mas tinha medo de acabar magoada novamente. No final, ao deitar-me ao seu lado, como havia entendido que ela não era virgem e que parecia ter sido algo mais sério, tentei fazer uma piada e dei a resposta mais parva, contudo verdadeira, que consegui arranjar, na tentativa de não estragar o clima.
Passo o jardim com toda a rapidez que possuo, mas a minha princesa já tinha desaparecido, não havia sinal nem do lado direito da rua nem no esquerdo.
Subitamente, uma jovem que ia no passeio choca contra mim e cai ao chão.
- Caralho, não sabes ver por onde andas? - Respondo amargamente.
Os meus olhos petrificam, assim que encaram a rapariga que relembra imediatamente a minha irmã...
- Safaa? - Deixo sair.
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Step-Brother [Z.M]
Fanfiction"E eu não queria acreditar, acreditar que era verdade. Acreditar que o meu maior pesadelo virasse o meu maior sonho. Acreditar, que estou totalmente, completamente, incondicionalmente, apaixonada pelo meu meio-irmão." * A vida de Emma vai mudar dras...