Capítulo 96 - O final da história

53 5 0
                                    

Zayn

1 dia depois

- Zayn, acorda, Zayn! Não, por favor, fica comigo! - A voz angustiante da Emma fazia-se escutar. 

Uma dor enorme atravessa a minha cabeça como uma pontada permanente. Tento levar a minha mão até à testa, todavia, não o consigo. Estava acorrentado. Abri lentamente os olhos, habituando-me à claridade e percebi que me caiam pequenas gotas de sangue. 

- Emma? - Da minha boca sai mais sangue do que palavras, porém cuspo-o sem hesitação. - Finalmente encontrei-te. 

- Ele trouxe-te para aqui neste estado e acorrentou-te, eu tentei impedi-lo, eu juro! - Ela vertia as suas lágrimas sem parar por um segundo.

- Está tudo bem. - Exibi o meu melhor sorriso, perante poder visualiza-la, ao fim de um mês dada como desaparecida.

A muito custo, unimos a ponta dos dedos. Era esse o máximo que podíamos alcançar um do outro. A minha vontade era abraçá-la e retirá-la daqui. Embora saiba que não é possível, estamos condenados.

- Eu estou pronta para contar. - A sua voz sai sem medo e hesitação. Arregalei os olhos com a surpresa daquelas palavras.- Estou pronta para contar, finalmente, a alguém o que aconteceu naquela sala secreta em minha casa. Serás o primeiro... e certamente o último. 

- Emma...

- O corpo do meu pai nunca foi encontrado pela policia porque eu o escondi naquela sala. Eu matei-o. - Os meus olhos abrem-se abruptamente com aquela afirmação. - É, namoras com uma assassina.

Engulo um seco.

- Ele abusou de mim desde que fiz dois anos de idade. Ele era desempregado, então, assim que a minha mãe ia trabalhar, ele espancava-me. Não até ao ponto de ficar negro para a minha mãe desconfiar, mas dava-me uns estalos que doíam tanto, mas tanto... - Uma lágrima escorre-lhe pela face. - Depois levava-me para aquele lugar secreto e abusava de mim. Fazia de tudo comigo. Se reclamasse levava, se gritasse puxava-me os cabelos com toda a sua força... 

Queria abraçá-la, queria beijá-la e sussurrar-lhe que tudo estava bem, mas estou preso. Sou um inútil.

- Aos cinco anos, tomei uma atitude. Fiz o que imaginava desde o primeiro dia em que ele me tocou e me marcou para toda a vida. Escondi uma tesoura na almofada que há no teu quarto, ele começava sempre pelo teu quarto, visto que era o menos visitado. - As gotas de sangue no primeiro dia em que fui viver para lá surgem-me na memória.

- E o que fizeste?

- Quando ele estava a retirar a sua camisola para se colocar em cima de mim, peguei na tesoura e cortei-lhe a orelha. Enquanto ele berrava de dores, enfiei-a pelo nariz acima e rasguei-lhe a cara. Por fim, espetei a tesoura no meio da sua testa, matando-o. Não me arrependo, Zayn! Não me arrependo do que fiz!

- Mas tu tinhas cinco anos, como colocaste o corpo na sala secreta? 

- Empurrei, fiquei a manhã inteira a empurrar o corpo imundo e sujo dele, mas consegui. Escondi-o. Em seguida peguei num pano e limpei o rasto de sangue desde o teu quarto até ao armário. 

Não respondi, e sei que isso é um erro. Eu não tenho medo dela, invés disso estou orgulhoso. Ela matou o pai aos cinco anos. Se me acontecesse o mesmo, provavelmente aos cinco anos suicidar-me-ia. Agora tudo fazia sentido, quando ela não queria ficar sozinha, o trauma que ela sofreu quando o Joseph a forçou e abusou, o rasto de sangue no meu quarto. Tudo ao longo deste ano ligou-se em uma simples, mas bem complexa, afirmação.

Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora