Capítulo 79 - Sou um parvo :)

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Zayn

Encosto delicadamente a moleta no banco do lado. A cara serena e pacífica da minha namora confirma o que eu já suspeitava, Emma dorme. E bem precisa, duvido que aquele sacana a deixasse dormir. Por falar em Joseph, uma vez mais, ele conseguiu fugir. Todavia, não posso culpar a policia, não agora que estive a ver a situação deles por dentro. Recebem milhões de queixas por dia e é impossível salvar todo o mundo e focar-se apenas num caso. 

Joseph fugiu, eles não podem simplesmente pegar num carro e andar até aos confins do mundo como se ele fosse o único a cometer crimes.

- Zayn... - Ouço a voz suave da minha namorad... irmã, e rapidamente pego na moleta, levantando-me a algum custo. 

- Acordei-te? - Ando até à sua cama, mais parecida com uma maca. 

- Sim, mas não há problemas. - Responde, sorrindo. 

Ontem, vim ao seu quarto e ela imediatamente me contou tudo o que lhe aconteceu naquele lugar. Após muito discutirmos, não de uma maneira bruta mas sim de uma maneira tranquila, decidimos deixar de namorar. 

Mas está-me a custar tanto aceitar que somos irmãos de sangue e que isso é, na verdade, um motivo bastante forte para não estarmos juntos.

Uma coisa é sermos meios irmãos, não é o fim do mundo nem há qualquer problema assim relevante. Mas nós somos irmãos verdadeiros, é óbvio que a coisa se complica dessa forma, por isso mesmo optamos por nos separar-mos, pelo menos temporariamente. 

- O Niall deve estar a chegar ao hospital com os nossos amigos, ele foi libertado à pouco, após ter mostrado a gravação à minha chefe, Megan. - Informei a minha namo... coisa.

- Ainda bem. - Ela curva fracamente os lábios, brincando com os dedos. - A culpa foi minha, afinal de contas. 

- O quê? - Sento-me junto a ela, encostando a sua cabeça no meu ombro. - Não digas isso, Em. Não é verdade.

- Eu matei o nosso pai, eu matei o meu padrasto, e ele retirou a vida à Mia, em consequência, por minha causa. - Cospe a dura realidade. - Como pode a culpa não ser minha? 

- Porque não foste tu que lhe sugaste a vida, nem foste tu que premiste o gatilho sentenciando a morte daquela inocente. - Sou directo, fazendo-a estremecer. 

Ela ainda não me contou a história toda da sua vida. O padrasto dela, aquele que supostamente morreu, estava lá. E algo me diz que a história do que verdadeiramente ela fez e o que aconteceu quando ela era pequena ainda não será desvendada, pelo menos, para mim. 

Ainda me pergunto o verdadeiro motivo da existência daquela parte secreta, que agora não é mais secreta, da sua casa.

Emma levanta a cabeça, fitando-me atentamente. 

- Porque é que a nossa vida parece um filme de terror? - Inquire, cabisbaixa. 

- Se fechares todas as portas e não te aventurares no escuro sozinha, quem sabe a protagonista se salva. - Murmuro.

- Não sejas fofo, por favor, estar afastada de ti já é tortura suficiente. - Exibe uma cara debochada, fazendo-me gargalhar um pouco. 

- Só te afastas se quiseres, a vida é nossa, fomos namorados antes de sabermos a verdade, e por muito que seja errado, talvez seja o certo. - Encolho os ombros.

Os olhos da minha irmã fogem dos meus olhos para os meus lábios e sei que ela me deseja, sem me aperceber, mordo o lábio, fazendo-a gemer baixinho e fechar os olhos, tentando lutar contra a vontade do seu corpo. 

- Sabes? Foste tu que me mudaste, e foi por ti que o meu coração disparou apaixonado pela primeira vez. Tu esforçaste-te para me domares e conseguiste. Foste tu, Emma Malik. - Sem rodeios, sou frontal acerca do que acho da nossa relação. 

Ela abre os seus olhos, queimando o meu corpo por largos segundos, que parecem eternidades. Subitamente, num movimento brusco, sinto os seus lábios colidirem com os meus e imediatamente a minha língua começa a trabalhar, indo para todos os cantos da sua cavidade bucal. Já conheço o corpo da Emma com a palma da minha mão, assim como a minha língua conhece o interior da sua boca.

- Tens razão. - Ela diz, separando-nos por pequenas fracções de segundo. - Afinal de contas, se me casar contigo, já tenho o teu nome, poupa trabalho.

Rio-me da sua parvoíce. 

- Não interessa se somos irmãos, que venha o mundo para cima de nós. - Digo contra o seu ouvido, fazendo-a estremecer. - Somos felizes, e ninguém consegue derrubar dois corações unidos. 

- À quase oito meses atrás, quando te mudaste para minha casa, eu achei mesmo que a tua faceta romântica não existia, mas tenho de admitir, Mister Malik, você sabe sê-lo. - Goza e ironiza, simultâneamente, fazendo-me cerrar os olhos com um sorriso torto.

- E olha lá, quando vais falar com a Lisa e dizer-lhe que a filha que ela procura, é, na verdade, tu. - Relembro, fazendo-a ficar sem expressão.

Ups. 

- Eu não sei como ela vai reagir. E se eu não for o que ela espera? E se eu não for a filha que imagina? 

- Ai, poupa-me. - Faço-a cruzar os braços e arquear as sobrancelhas, com a minha atitude arrogante. - Que foi? É verdade, ela conhece-te e adora-te, e tu aí toda coisa, até me mete nojo tanta insegurança.

Mulheres.

- Amo-te. - Ouço baixinho. 

- Amo-te! - Berro bem alto, fazendo-a quase cair da cama abaixo, ainda se aleijando por estar ligada ao saco com soro. 

- És parvo?

- Sou, por ti. 


Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora