Emma
Os meus pais saíram agora do hospital. Sempre que podem, vêem fazer-me companhia. Quando lhes contei do bebé, ambos se engasgaram e imediatamente entristeci. Mesmo tendo dezassete anos, eu adoraria ter o bebé. Não abortaria. Não deixaria alguém, nem mesmo os meus pais, fazer essa decisão por mim, mesmo sendo eu menor.
Será que o Zayn está a reagir bem a isto tudo? Milhões de pensamentos circulam na minha mente, e sinceramente, não sei se devia deixar o meu coração ouvi-los. Eu nem consigo decidir mais o que é o certo e o que é errado. Não sei se o Zayn é inocente ou culpado. Eu tornei-me totalmente dependente dele e a sua falta parece matar-me por dentro. A minha vontade é retirar estes fios e correr para os seus braços. Um conselho de alguém, neste momento, vinha mesmo a calhar.
Subitamente um batuque na porta é ouvido, autorizo a entrada, arregalando os olhos, colocando um pequeno sorriso.
- Olá, eu sou a tua psicóloga. - Os seus olhos esverdeados param de olhar para o papel e pousam em mim. - É você, querida!
- A mulher do diretor. - Sorri, contente por finalmente ver alguém conhecido.
- Lisa. - Ela corrige, surpresa por ser eu. - Tu andas-te a atirar aos carros, minha menina?
Gargalho um pouco, olhando para as suas feições. Ela é tão parecida comigo em alguns aspectos, não há que duvidar. O seu sorriso genuíno é muito parecido com o meu e ela tem um sinal de nascença no pescoço, como eu. Quando dou por mim, estou a derramar lágrimas, sem razão aparente.
- O que se passa? - Ela abraça-me desajeitadamente, por eu me encontrar deitada. - O teu irmão... Zayn, certo? Ele foi o motivo do teu acidente...?
- Eu e ele... - Não queria enchê-la com os meus problemas, então optei pelo duro e penoso silêncio.
- Eu não sou a mulher com quem falaste na escola, eu sou tua psicóloga. Eu estou aqui para te ouvir e guardar segredo. Todavia, se achares que ainda não podes falar, muito bem.
Engoli a seco, eu queria contar, mas sei que a Penny é filha do director, ou seja, estou frente a frente com a mãe da rapariga que destruiu a minha vida. Não poderei simplesmente falar que a filha dela é uma merda.
- Eu sei, é só que... você é a mãe da Penny e ela tem haver com este assunto... - De súbito, Lisa desata a rir, deixando-me confusa.
- Eu sou a madrasta. Madrasta de uma menina insolente que mereceu o que apanhou. Ela apareceu à duas semanas toda pisada em casa e discuti com o meu marido pois eu concordei e agradeci aos Deuses a quem lhe fez isso. - Arregalo os olhos, rindo. Meu Deus, por esta não esperava.
- Eu... apaixonei-me pelo Zayn... - Murmuro.
Sinto-me como se estivesse no poço mais fundo do planeta terra. Lá em cima está Zayn e Penny. Grito pelo meu irmão e ele apenas... apenas me abandona e beija a loira. Eu berro enquanto me afogo, porém ninguém me salva... porque eu não sou nada. E nada é esquecimento, e esquecimento é solidão, e solidão é inexistência...
- A filha dele não dormiu em casa à duas semanas, diz-me que não é o que eu estou a pensar... - Assenti com a cabeça, fazendo os meus olhos mergulharam na água salgada que começou a escorrer infinitamente.
- É sim, aquela vaca meteu-se na cama com o meu namorado e ele nada fez para o impedir! Eu vi aquilo com os meus próprios olhos. Eu assisti à traição e ela ainda me piscou o olho e teve a decência de me dar as fotografias! - Berrei, cansada de guardar tudo para dentro. - Perdi um filho, um ser vivo por causa daquele cabra!
Lisa apenas me fitava, estudando atentamente o meu comportamento e registando tudo na folha.
- E agora deve achar que eu sou louca. - Murmuro. Todavia, sentia-me tão mais leve após descarregar isto tudo para o exterior, mesmo que para isso tenha sido preciso gritar.
- Louca? Não. É uma reacção totalmente normal e devias dizer-lhe isso tudo na cara dela. Penny é daquele tipo de pessoas que pensa que tudo e todos pode ser derrubado, e o teu relacionamento ter sido destruído para ela é uma vitória. Eu percebo os esquemas dela a partir do momento em que a loira dizia mentiras a meu respeito, ao meu marido, ou seja, pai dela. O que ela merece agora, é a tua chegada deslumbrante à escola, e um par de estalos da tua parte. Penny tem um muro, mas é feito de cartão, o teu? Pelo que vi é de tijolos, pois uma pessoa que perde o filho, o namorado e é atropelada da maneira que foi e sobrevive, é de enlouquecer. E tu, Emma Stewart, estás totalmente sã.
Sentia-me tão bem por falar com Lisa. É como se a conhecesse à anos. Ela sabe sempre o que dizer para me animar. Esta mulher faz-me levantar a cabeça e mostrar a todos o quão derrubada eu fui, o quão rejeitada eu me senti, mas o quão forte eu fiquei através disso.
Com ela, sinto que os problemas são palavras baralhadas numa sopa de letras e eu, com as suas palavras, consigo rodear todas, não importa o quão difícil o grau de dificuldade seja, eu sempre as consigo achar. Tive apenas duas conversas com Lisa, mas em ambas, eu senti-me tão acolhida e amada.
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Step-Brother [Z.M]
Fanfiction"E eu não queria acreditar, acreditar que era verdade. Acreditar que o meu maior pesadelo virasse o meu maior sonho. Acreditar, que estou totalmente, completamente, incondicionalmente, apaixonada pelo meu meio-irmão." * A vida de Emma vai mudar dras...