Step-Brother [Z.M]

Capítulo 54 - Dor inexplicável

Emma

Bato infinitamente com o comando da televisão do hospital na cabeça, nem me dando conta. O meu olhar fixava o chão e eu apenas pensava na cena horrorosa a que assisti naquele dia. Por muito que o meu cérebro me dê as memórias e me diga que ele me traiu, o meu coração diz-me exactamente o contrário. Diz-me que ele é inocente. Suspiro, derrotada. O meu mal é seguir o coração, viu-se aonde ele foi dar, ao idiota do Zayn Malik.

- Made a wrong turn, once or twice, welcome to my silly life... - Canto, todavia a minha voz sai quase num sussurro, por estar bastante rouca. 

O acidente afectou-me imensa coisa e a barriga é uma delas. Ao que aparenta, o logótipo colado na chapa do carro tinha uma ponta bastante afiada e cortou-me a barriga, ao tentar desviar-se do lado esquerdo para o direito. A anestesia impede-me de sentir dores, no entanto, já fui avisada que sem ela devia estar a gritar, neste momento. Ao que aparenta, a cicatrização nem começou nestas duas semanas, por ser um golpe tão profundo.

O meu telemóvel tinha o vidro partido, porém ainda estava funcional. Peguei nele, relembrando da mensagem enviada pelo Zayn. O meu coração mais uma vez me obrigava a pensar na sua inocência, e de facto, o meu cérebro também. Na mensagem, o moreno usou um smile e assinou o seu nome. Porém, o Zayn diz-me que assinar com o nome é estúpido pois o nome que dás à pessoa está em cima, e nunca usa um smile porque acha, segundo ele, bastante mimado e infantil.

Penny podia ter mandado a mensagem, por outro lado. Eles podiam ter combinado isto e Zayn sabia que eu ia lá... fogo, sei lá! Bufo, frustrada. Pousei novamente o telemóvel na mesa ao lado da minha cama e ruí as unhas com os dentes, nervosa. 

De súbito, observo a loira na minha porta, a rir-se feita louca. Arregalo os olhos, indignada com aquela mula. 

- Olha a pequena acordou. - Penny diz, dando um passo para a frente. - Eu vinha só esfregar-te na cara umas fotografias.

- Como é que entraste aqui, bandalha?

- Disse na portaria do hospital que era a tua melhor amiga. - Gargalhou. - Como se isso fosse possível, risos. 

- SAI DAQUI! - Grito, sentindo outra vez dor na minha barriga. 

- Ou o quê? Nem te podes levantar, querida. - Goza, rindo-se da minha situação, as suas mãos vão até à mala cor-de-vinho que ela transporta e de lá ela retira quatro fotos em papel, entregando-me. - Observa-as bem, podes ficar com elas para sempre, beijinhos. 

A porta é fechada e ainda a consigo ouvir a gargalhar feita vadia. O seu rosto estava cheio de nódoas negras. Só espero que quem quer que lhe tenha feito aquilo vire o meu melhor amigo e talvez futuro namorado, porque, vamos ser sinceros, aquela cabra tinha um dente partido e um olho negro, é de amar essa pessoa.

Virei as fotos para cima, gelando por completo. O sangue que circula em meu corpo parou e minhas veias secaram. A minha respiração torna-se irregular e os meus olhos ganham imediatamente água salgada. Zayn e Penny, na mesma cama. Zayn a dormir e Penny a beijá-lo enquanto sorria para a câmara. 

Nas outras o rapaz de olhos cor de avelã dormia, igualmente. Rasguei todas elas a atirei para o meio do chão, nem querendo saber se é a enfermeira simpática que vai apanhar. 

A porta é novamente aberta, relevando Niall com um queque na mão, totalmente intacto. Os seus olhos não encaravam os meus e ele apenas se encolhia, me deixando confusa.

- As tuas análises chegaram... - O loiro suspira, ganhando coragem para algo. - O Zayn é que te devia dizer, mas ele saiu do hospital e ninguém sabe dele... então eu digo... - As suas mãos estavam suadas e tremidas, me deixando nervosa.

- O Zayn desapareceu? - Amaldiçoo-me mentalmente pela pergunta ter escapado da minha boca. - Quer dizer, não e que eu me importe, de todo. 

- Sim, e tem o telefone desligado. - Completa. - Mas isto é importante Em, foca-te...

- Estou focada. - Rio um pouco. - Diz lá. 

- Emma... tu e o Zayn já fizeram sexo sem protecção? 

- A sério? Não te vou responder a uma coisa dessas. - Coro inevitavelmente. O Nini nunca tinha falado disto comigo, meu Deus.

- Mas Emma... é que--

- Não vou falar disto, esquece. - Corto-o, entristecendo. Não quero ouvir o nome do Zayn, e muito menos falar dele, ainda por cima sobre isto.

- Emma, cala-te e ouve. Fizeste, não fizeste? 

- Fiz... - Digo a medo. 

Niall suspira, sentando-se ao meu lado, os seus olhos ficam marejados e engulo um seco perante a forma estranha em como ele está a reagir. Devo me preocupar? Estou em risco de vida...? 

- Tu... estavas grávida do Zayn. - Sussurra-me. 

- ... O quê...? 

Toda a dor no meu corpo, toda a dor de cabeça causada pelos meus pensamentos, toda esta turbulência na minha vida subitamente amainou com a noticia. Eu vou ter um filho... isso é fantástico... é... maravilhoso... e o filho é do Zayn. Eu vou ter um filho... do Zayn...

- Eu vou dar vida a uma criança do Zayn... - Mordo o lábio, tentando conter o choro de alegria.

- Não... Emma... tu não vais. - Os olhos do loiro derramam as lágrimas. - Eu lamento dizer-te isto mas tu simplesmente perdeste o bebé. Ele estava quase a chegar ao primeiro mês. Lamento...

Não me pronuncio. As lágrimas de alegria não rolam pela face. O meu sorriso desaparece aos poucos e eu apenas olho sem expressão para o Nialler. Com uma mão, pego no cobertor da cama e abaixo-me, tapando-me. Os meus olhos fecham-se e apenas espero que a escuridão que encaro agora dure para todo o sempre.

- Boa noite, Niall.