Zayn
Subo degrau a degrau no silêncio absoluto. Eu não acredito que estou a cometer tal loucura só para ver a Emma mas eu já não aguento mais ficar longe dela. Não importa que esta não se lembre de mim, isso na verdade até é bom. Posso recomeçar do novo e desta vez não ser um idiota.
Assim que subo o último degrau, rodo lentamente a maçaneta e entro sorrateiramente para dentro do quarto.
- Emma. - A minha voz não passa de um simples sussurro levado pela pequena ventania proveniente da janela aberta do seu quarto.
Contemplo a minha miúda a dormir profundamente e curvo os lábios com a sua beleza e com a sua personalidade, que nem com cicatrizes, marcas e amnésia mudam.
Aproximo-me da cadeira onde outrora me sentei e ela contemplou as minhas tatuagens pela primeira vez. Lembro-me que fiquei meio irritado mas senti também um pequeno desejo. Desejo de a abraçar, tocar e beijar.
É engraçado como o tempo passa, parece que à uma semana atrás eu estava simplesmente no inicio da nossa história e agora estamos aqui. Num ponto de tragédia.
Aproximo-me lentamente da minha princesa e pego na sua mão suavemente.
- Eu sempre soube que no fundo tudo podia terminal mal, mas quis arriscar... mesmo contigo a dizer que não podíamos. Tudo o que te aconteceu é por minha causa. Joseph nunca te teria achado se eu não tivesse entrado na tua vida. Desenterrei o teu passado e isso é o que mais me custa nesta história toda. Não foram os de fora que te fizeram sofrer e sim eu.
Sinto a sua mão tremer e vejo os seus olhinhos se abrirem. Imediatamente me coloco de joelhos para ficar da altura dela e deposito-lhe um pequeno beijo na testa.
A chuva cai lá fora infinitamente, o som faz-me relaxar e as pequenas luzes provenientes dos relampagos são a nossa única fonte de iluminação.
Os seus olhos fixam em mim e arregalam-se um pouco perante a surpresa de me ver aqui. Todavia, tem os lábios curvados, exibindo um pequeno sorriso. Esta espreguiça-se um pouco, levantando os braços como sempre o faz. Já eu apenas a continuo a encarar, com um enorme sorriso na face.
- Maninho... estás a tremer. - Gargalha um pouco, tocando-me nas duas mãos.
Fecho os olhos inevitavelmente ao sentir o seu toque.
- Frio. Tu dormes sempre com a maldita janela aberta, sua idiota. - Minto, porque na verdade é o medo de conversar com uma pessoa que não se lembra de tudo o que passamos juntos.
- Parece que durante este ano nos passamos a conhecer muito bem para saberes esse detalhe sobre mim.
- Nem fazes ideia.
- Podes ir fechar a janela, eu não quero de todo que fiques doente por minha causa. - Imediatamente se prontifica.
- Porque é que te preocupas comigo, se não me conheces ainda? - A questão escapa-me dos lábios.
Não podia conter.
- És meu irmão e o Harry contou-me que é a ti a quem eu devo mesmo dedicar o meu tempo. - Gargalha um pouco.
Mostro imediatamente os dentes, contentado com o que acabara de ouvir. Levanto-me do chão e estico-me um pouco, uma vez que as pernas começaram a ficar dormentes. Caminho até à janela silenciosamente, admirando a paisagem e relembrando memórias.
- Uma vez nós fizemos uma coisa super embaraçosa e eu fugi pela janela do teu banheiro e vim depois ter contigo aqui.
- A sério? Isso soa divertido... - Gargalha um pouco.
- Acredita que foi. Houve muitas partidas que eu te fiz, como te despejar um leite inteiro pela cabeça.
- Ok, eu podia sobreviver sem saber essa. Aposto que não devo ter ficado nada contente.
- Oh, eu estava era a ver quando é que me espancavas. - Desato a rir e ouço-a a fazer o mesmo.
É estranho como após ela ter apagado todos os acontecimentos, ainda me trate como a Emma que me amou. E dói, dói vê-la a falar-me como quando eu era seu namorado mas ela não fazer ideia disso. É como se nos estivéssemos a conhecer novamente, estivéssemos no nosso primeiro encontro.
O meu reflexo e o dela está presente no vidro da janela. Vejo-a remexer-se na cama e ajeitando delicadamente o lençol, enquanto não retira o seu olhar de mim.
O silêncio predomina no ar, contudo é totalmente apreciado. Não é algo angustiante, é na verdade um silêncio bom, confortável.
- Little star. - A voz da Emma murmura a alcunha da minha irmã subitamente e eu simplesmente... paraliso.
Volto-me para ela enquanto uma lágrima automaticamente me escapa do olho direito, o meu corpo volta uma vez mais a tremer inteiramente e sinto-me até zonzo só do que acabei de ouvir.
- O quê?
- Little star... eu acho que me lembro dela, de como disseste que ela se converteu e foi para um lugar melhor.
Um pequeno sorriso forma-se na minha cara e, mergulhado em felicidade, atiro-me para cima dela, o que a faz rir inevitavelmente.
- Meu Deus, tanta felicidade!
- Tu lembraste-te... tu lembraste-te de tudo! - Exclamo, lavado em lágrimas, colidindo imediatamente os meus lábios nos seus. - Eu pensei que isto seria perma--
Não termino a frase ao sentir a mão da Emma entrar fortemente em contacto com a minha bochecha. Os seus olhos arregalados mostravam o quão surpresa e indignada a mesma se encontrava com meu ato. Os seus lábios totalmente separados pela sua boca aberta de espanto também davam a entender que ela não fazia ideia do motivo de eu a ter beijado.
- Tu estás parvo?! - A voz dela sai como um grito. - Tu... tu fizeste isto alguma vez comigo e eu não me lembro?!
- Emma... não é o que pensas!
- Isto é violação otário, estás parvo?! - Os passos de Grace a subir as escadas são audíveis e sei que sinto uma treta a chegar.
Eu não tive culpa... eu achei que ela tinha recuperado a memoria!
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Step-Brother [Z.M]
Fanfiction"E eu não queria acreditar, acreditar que era verdade. Acreditar que o meu maior pesadelo virasse o meu maior sonho. Acreditar, que estou totalmente, completamente, incondicionalmente, apaixonada pelo meu meio-irmão." * A vida de Emma vai mudar dras...