Emma
Desço as escadas, pronta para falar com todos os meus supostos amigos. Sim, porque alguns deles eu não faço ideia de quem são e têm mais aspecto de serem amigos do meu irmão.
Zayn. Uma coisa que eu não entendo é o motivo do meu coração bater mais depressa sempre que penso nele. É como se eu já estivesse habituada à sua presença, mas ao mesmo tempo não fizesse ideia de quem ele fosse.
E ele beijou-me como se fosse uma coisa normal, não faz sentido.
Assim que me faço notar, os seus olhos castanhos colidem nos meus e sinto as minhas pernas falhar. Foi automático, sem explicação. No hospital, a maneira esperançosa com que ele me olhou quando acordei também me fez sentir tão segura, mesmo que eu não fizesse ideia do que é que ele estava a fazer ali. Ao inicio nem o conheci, mas soube-me bem.
Desvio rapidamente o meu olhar do seu e continuo a descer as restantes escadas, ficando frente a frente a todas. A campainha toca e sorrio imediatamente. Provavelmente é Jake, o policial que conheci no outro dia.
Abro rapidamente a porta e imediatamente curvo os lábios ao vê-lo bem à minha frente.
- Demorei muito? - Pergunta.
- Não, chegaste mesmo a tempo. - Gargalho e concedo-lhe passagem.
Volto a olhar para o meu irmão institivamente e visualizo-o a fechar o punho enquanto olha raivosamente para Jake.
Ele deve ser parvo, só pode.
Eu não faço ideia do que aconteceu durante o tempo que não me lembro, mas sinceramente tenho medo de saber algo em relação a mim e ele.
Zayn
- O que tens para nos dizer? - A voz de Liam faz-se prenunciar num tom de impaciência e nervosismo.
- Gostaria de saber como é que a Mia foi para Espanha e como é que ela decidiu isso, se falou comigo e explicou os detalhes da sua viagem. - Cruza os braços.
Oh não, vai dar merda. Eu conheço a minha miúda, ela está a falar sarcasticamente apesar de não o parecer, ela provavelmente descobriu que a Mia morreu.
- Foi muito repentino. - Harry começa, gaguejando um pouco. - Só isso.
A minha namorada dá dois passos em frente, ficando cara a cara com o seu suposto namorado.
- Olha-me nos olhos e diz-me que isso é verdade. - A sua voz sai fria e arrogante e todos os que estão aqui presentes arregalam os olhos ao perceber que ela desconfia da verdade.
- Emma, tens de entend--
- Olha-me nos olhos e diz-me que isso é verdade, não torno a perguntar.
O silêncio parece durar mais alguns minutos e vejo o pequeno sorriso na cara do gajo que ela trouxe, como se estivesse a gostar da discussão. Com um pingo de fúria, por sentir que ele tem haver com o facto da minha princesa saber que a ex-melhor amiga dela está morta e não de férias, começo aos berros:
- Olha lá! - Aponto para ele aos gritos, fazendo as pessoas ao meu lado estremecer de susto e os olhos arregalados de espanto da Emma encontraram-se com os meus. - Mas foste tu que andaste a contar o que não devias?
- Sim, foi. - A Emma responde por ele, falando tão alto como eu. - Pelo menos não escondeu as coisas de mim.
- Acho que ela tem o direito de saber a verdade. - A voz de idiota faz-se notar à distância e sinto a mão de Liam prender-me o braço, como se soubesse o desfecho.
- E tu por acaso sabes porque lhe estamos a esconder a verdade em primeiro lugar, ó anormal? - Cuspo amargamente.
- Então admites. - Os olhos da Emma queimam os meus em busca de verdade.
Desvio o olhar num ato de fraqueza.
- Eu não entendo porque estão todos tão nervosos. Eu não vos conheço, na verdade! Todos tão nervosos, tão secretos. O que é que aconteceu durante este tempo que vos mudou assim tanto? Parecem todos traumatizados.
- Tu também mudaste antes de perder a memórias, foram muitas coisas! Contudo se tu souberes podes ficar num estado bastante frágil. Por mim tu saberias de tudo, mas tens de descobrir sozinha.
- Eu só quero uma simples verdade, algo para me agarrar!
- Muito bem, aqui vai: tu e eu acabamos o nosso relacionamento e tu voltaste-te a apaixonar. Tu não me amas e eu sei que bem lá no fundo o teu coração, apesar da amnésia, deixou de bater como batia por mim e provavelmente sentes isso noutra pessoa nesta sala. É nela que te deves focar!
Se eu não valorizava o Harry, agora com certeza o faço. Eu nunca gostei muito dele, mas com certeza que ele é um bom amigo e isto acabou de o provar.
- Enganas-te. Eu não sinto diferença nenhuma. - Arregalo os olhos, abrindo a boca. As pessoas olham instintivamente para mim, com medo da minha reação.
Não me prenúncio. Viro simplesmente costas e vou para o meu quarto. Grace estava a ouvir tudo do corredor de cima e assim que me vê aproximar aproxima-se, todavia eu apenas aceno que não com a cabeça e passo por ela.
- Boa. E eu tenho um irmão aparentemente bipolar. - É a última coisa que ouço antes de fechar a porta e enfiar-me no meu mundo.
Escorrego pela mesma e levo as mãos à cabeça. A Emma sempre foi muito doce. Algo me diz que apesar dela não se lembrar do que aconteceu, a tragédia lhe alterou a personalidade. Nota-se que ela está mais fria e focada em descobrir a verdade. Ela sempre foi teimosa e curiosa, mas nunca nestas proporções.
Já tomei a minha decisão: Vou reconquistar a Emma e vou voltar a viver aqui. Eu não posso simplesmente esperar que a sua memória caia do céu.
Eu vou lutar pela minha miúda.
Não vai ser fácil, mas a partir do jantar eu vou começar a lutar por ela. Ainda é de manhã, até lá ela vai acalmar e não estará tão zangada.
***
- Estou cheio. - Arrumo os talheres e deito-me praticamente na cadeira, colocando as mãos atrás da cabeça. - Emma, gostavas de fazer uma caminhada pela praia?
Grace coloca um sorriso na cara e pisca-me o olho. A praia é um dos lugares favoritos da minha pequenina e sei que ela não irá recusar.
- Não.
O quê?
- Posso saber porquê? - Pergunto, receoso. - É um dos teus lugares preferidos.
- Porque vocês não me contam nada. - Fala agora com mais calma do que de manhã, suspirando. - Eu não preciso de saber de tudo, eu tenho noção que coisas graves aconteceram ou não estaria com amnésia. Eu só quero saber quem são os meus novos amigos, o que aconteceu aos antigos bem explicado e o que eu fiz durante este tempo.
Levanto-me da mesa e curvo os lábios.
- Não te prometo contar tudo, mas posso falar de ti e dos outros.
A minha menina sorri como uma criança e imediatamente tal sorriso mexe comigo, me dando mais vida e felicidade. Emma levanta-se da mesa, caminhando em direção ao cabide com o seu casaco.
- Vais demorar muito? - Bate com o pé inúmeras vezes como se estivesse à espera por horas e eu apenas gargalho, acelerando o passo na sua direção.
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Step-Brother [Z.M]
Fanfiction"E eu não queria acreditar, acreditar que era verdade. Acreditar que o meu maior pesadelo virasse o meu maior sonho. Acreditar, que estou totalmente, completamente, incondicionalmente, apaixonada pelo meu meio-irmão." * A vida de Emma vai mudar dras...