Capítulo 105 - Confronto

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Emma

Desço as escadas, pronta para falar com todos os meus supostos amigos. Sim, porque alguns deles eu não faço ideia de quem são e têm mais aspecto de serem amigos do meu irmão.

Zayn. Uma coisa que eu não entendo é o motivo do meu coração bater mais depressa sempre que penso nele. É como se eu já estivesse habituada à sua presença, mas ao mesmo tempo não fizesse ideia de quem ele fosse. 

E ele beijou-me como se fosse uma coisa normal, não faz sentido.

Assim que me faço notar, os seus olhos castanhos colidem nos meus e sinto as minhas pernas falhar. Foi automático, sem explicação. No hospital, a maneira esperançosa com que ele me olhou quando acordei também me fez sentir tão segura, mesmo que eu não fizesse ideia do que é que ele estava a fazer ali. Ao inicio nem o conheci, mas soube-me bem.

Desvio rapidamente o meu olhar do seu e continuo a descer as restantes escadas, ficando frente a frente a todas. A campainha toca e sorrio imediatamente. Provavelmente é Jake, o policial que conheci no outro dia. 

Abro rapidamente a porta e imediatamente curvo os lábios ao vê-lo bem à minha frente. 

- Demorei muito? - Pergunta. 

- Não, chegaste mesmo a tempo. - Gargalho e concedo-lhe passagem. 

Volto a olhar para o meu irmão institivamente e visualizo-o a fechar o punho enquanto olha raivosamente para Jake. 

Ele deve ser parvo, só pode. 

Eu não faço ideia do que aconteceu durante o tempo que não me lembro, mas sinceramente tenho medo de saber algo em relação a mim e ele.



Zayn


- O que tens para nos dizer? - A voz de Liam faz-se prenunciar num tom de impaciência e nervosismo. 

- Gostaria de saber como é que a Mia foi para Espanha e como é que ela decidiu isso, se falou comigo e explicou os detalhes da sua viagem. - Cruza os braços.

Oh não, vai dar merda. Eu conheço a minha miúda, ela está a falar sarcasticamente apesar de não o parecer, ela provavelmente descobriu que a Mia morreu.

- Foi muito repentino. - Harry começa, gaguejando um pouco. - Só isso. 

A minha namorada dá dois passos em frente, ficando cara a cara com o seu suposto namorado. 

- Olha-me nos olhos e diz-me que isso é verdade. - A sua voz sai fria e arrogante e todos os que estão aqui presentes arregalam os olhos ao perceber que ela desconfia da verdade.

- Emma, tens de entend--

  - Olha-me nos olhos e diz-me que isso é verdade, não torno a perguntar. 

O silêncio parece durar mais alguns minutos e vejo o pequeno sorriso na cara do gajo que ela trouxe, como se estivesse a gostar da discussão. Com um pingo de fúria, por sentir que ele tem haver com o facto da minha princesa saber que a ex-melhor amiga dela está morta e não de férias, começo aos berros:

- Olha lá! - Aponto para ele aos gritos, fazendo as pessoas ao meu lado estremecer de susto e os olhos arregalados de espanto da Emma encontraram-se com os meus. - Mas foste tu que andaste a contar o que não devias? 

- Sim, foi. - A Emma responde por ele, falando tão alto como eu. - Pelo menos não escondeu as coisas de mim.

- Acho que ela tem o direito de saber a verdade. - A voz de idiota faz-se notar à distância e sinto a mão de Liam prender-me o braço, como se soubesse o desfecho. 

- E tu por acaso sabes porque lhe estamos a esconder a verdade em primeiro lugar, ó anormal? -  Cuspo amargamente.

- Então admites. - Os olhos da Emma queimam os meus em busca de verdade. 

Desvio o olhar num ato de fraqueza.

- Eu não entendo porque estão todos tão nervosos. Eu não vos conheço, na verdade! Todos tão nervosos, tão secretos. O que é que aconteceu durante este tempo que vos mudou assim tanto? Parecem todos traumatizados. 

- Tu também mudaste antes de perder a memórias, foram muitas coisas! Contudo se tu souberes podes ficar num estado bastante frágil. Por mim tu saberias de tudo, mas tens de descobrir sozinha. 

- Eu só quero uma simples verdade, algo para me agarrar!

- Muito bem, aqui vai: tu e eu acabamos o nosso relacionamento e tu voltaste-te a apaixonar. Tu não me amas e eu sei que bem lá no fundo o teu coração, apesar da amnésia, deixou de bater como batia por mim e provavelmente sentes isso noutra pessoa nesta sala. É nela que te deves focar! 

Se eu não valorizava o Harry, agora com certeza o faço. Eu nunca gostei muito dele, mas com certeza que ele é um bom amigo e isto acabou de o provar.

- Enganas-te. Eu não sinto diferença nenhuma. - Arregalo os olhos, abrindo a boca. As pessoas olham instintivamente para mim, com medo da minha reação. 

Não me prenúncio. Viro simplesmente costas e vou para o meu quarto. Grace estava a ouvir tudo do corredor de cima e assim que me vê aproximar aproxima-se, todavia eu apenas aceno que não com a cabeça e passo por ela. 

- Boa. E eu tenho um irmão aparentemente bipolar. - É a última coisa que ouço antes de fechar a porta e enfiar-me no meu mundo. 

Escorrego pela mesma e levo as mãos à cabeça. A Emma sempre foi muito doce. Algo me diz que apesar dela não se lembrar do que aconteceu, a tragédia lhe alterou a personalidade. Nota-se que ela está mais fria e focada em descobrir a verdade. Ela sempre foi teimosa e curiosa, mas nunca nestas proporções. 

Já tomei a minha decisão: Vou reconquistar a Emma e vou voltar a viver aqui. Eu não posso simplesmente esperar que a sua memória caia do céu. 

Eu vou lutar pela minha miúda. 

Não vai ser fácil, mas a partir do jantar eu vou começar a lutar por ela. Ainda é de manhã, até lá ela vai acalmar e não estará tão zangada. 


***

- Estou cheio. - Arrumo os talheres e deito-me praticamente na cadeira, colocando as mãos atrás da cabeça. - Emma, gostavas de fazer uma caminhada pela praia? 

Grace coloca um sorriso na cara e pisca-me o olho. A praia é um dos lugares favoritos da minha pequenina e sei que ela não irá recusar.

- Não. 

O quê? 

- Posso saber porquê? - Pergunto, receoso. - É um dos teus lugares preferidos. 

- Porque vocês não me contam nada. - Fala agora com mais calma do que de manhã, suspirando. - Eu não preciso de saber de tudo, eu tenho noção que coisas graves aconteceram ou não estaria com amnésia. Eu só quero saber quem são os meus novos amigos, o que aconteceu aos antigos bem explicado e o que eu fiz durante este tempo.

Levanto-me da mesa e curvo os lábios. 

- Não te prometo contar tudo, mas posso falar de ti e dos outros. 

A minha menina sorri como uma criança e imediatamente tal sorriso mexe comigo, me dando mais vida e felicidade. Emma levanta-se da mesa, caminhando em direção ao cabide com o seu casaco. 

- Vais demorar muito? - Bate com o pé inúmeras vezes como se estivesse à espera por horas e eu apenas gargalho, acelerando o passo na sua direção. 



Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora