Capítulo 123 - Passar a perna à morte (Parte 1)

21 4 0
                                    

Mia

Abro a porta de entrada, com um pouco de receio. Preciso de contar à minha melhor amiga tudo o que se anda a passar. Eu devia ter contado antes de tudo isto acontecer e sei que agora não é a melhor altura, porém a Emma está fraca e vulnerável e o filho de Joseph pode usar isso como uma vantagem.

- Emma? - Chamo.

Silêncio.

Apenas isso, silêncio.

Eu estava a pensar em subir as escadas para a procurar lá em cima, mas nem foi necessário. O papel em cima do sofá com o nome de cada um fez o trabalho todo.

- O que é que tu fizeste...? - Pergunto, já suspeitando do que se tratava.

Rasgo o envelope rapidamente e desdobro a folha, iniciando a leitura:

"Olá seus idiotas :)

Em primeiro lugar, eu queria dizer o quão especiais foram para mim. Saber que neste último ano rodeei-me de pessoas que me amam pelo que sou soube mesmo muito bem. Vocês não foram só um grupo de amigos. Vocês, cada um de vocês, foram como uma família para mim. Não importa se eu conheça o Harry, ou a Mia, ou o Niall à mais tempo. TODOS, sem exceção, foram importantes para mim.

Vocês fizeram-me rir tantas vezes como me fizeram chorar, ficar emocionada, sorrir... então não posso exactamente descrever o que fizeram por mim. Mas posso agradecer, porque tudo o que até aqui aconteceu foi maravilhoso.

Quando o Zayn acordar com o meu coração... não lhe contem... ele nunca me perdoaria e tudo o que eu menos quero é isso... :(

Sei que me acharão fraca por não o estar a fazer cara a cara, mas se eu vos visse... não seria capaz de voltar atrás... e eu preciso de fazer isto pelo Zayn. Eu preciso de o salvar.

Para o caso de ainda não terem percebido: eu recuperei a memória, ver o Zayn daquela forma foi um choque por cima do choque anterior, o que o destabilizou e me libertou da amnésia.

Zayn: Não irei escrever rigorosamente nada, porque tu sabes o quanto eu te amo e eu não tenho de provar nada. Tu sabes. TU SABES. E só isso basta.

Mia: Tu foste a primeira a esticar a mão e a acolher-me. Foste a pessoa que me entendeu e me ajudou desde pequena, foste como uma irmã para mim. Nunca me esquecerei de ti. Obrigado por sempre seres sincera e teres dado a vida por mim naquele dia.

Niall: Tu vais acabar gorda.

P.S - Eu sei que me roubavas o lanche na universidade, mas decidi ignorar e fingir-me de burra. Vês como sou boa pessoa? xP

Harry: Ama o Louis e se algum dia fores mauzinho eu venho do céu só para te atormentar

Louis: Continua a ser a pessoa humilde que és. Tu e eu nunca falamos muito, contudo também não houve chance, eu fiquei mais de metade do ano grudada no Zayn... mas tivemos os nossos momentos e sem ti, sem a sua coragem e habilidade de te esconderes debaixo da cama naquele dia e teres ficado com o papel das investigações do Zayn, tanto ele como eu teríamos morrido sem nunca sermos encontrados naquele lugar escuro, frio.. horrível.

Liam: Que o silêncio reine para sempre na tua boca xDD... agora fora de brincadeiras, tu és o mais inteligente e uma das melhores pessoas que eu conheço. Tal como escrevi no Louis... eu e tu nunca falamos muito, mas eu sei que tu és sensível e nos amas a todos.

E e--"

Não termino de ler, uma vez que os meus olhos ficaram marejados e uma gota, cheia do meu sofrimento e raiva perante a decisão da Emma, caiu no papel.

Pego no meu telemóvel, procurando o número do Harry imediatamente. Eu ainda vou demorar a chegar ao hospital, ele tem de impedir a Emma de cometer o maior erro da sua vida.

Ela tem de ter aquele bebé!

Tirar duas vidas para salvar uma... ela está completamente cega pelo seu amor.

- Tsssk... pousa isso. - Ouço atrás de mim e volto-me para a porta de entrada, vendo o...

Filho de Joseph...

- Tu... - Analiso-o de alto abaixo, ainda sem acreditar. Arregalo os olhos, demonstrando o meu espanto, ao visualizar a roupa este que traz vestido. - A pessoa que salvou a Emma e empurrou o Zayn... foste tu!

- Ding, ding, ding! - Faz uma pequena dança. - Estou a ver que és inteligente, muito bem!

- O que estás aqui a fazer? - Vou-me afastando em direção à cozinha à medida que este se aproxima com a mão no bolso.

- Eu? Vim matar-te. - Fala com calma e serenidade, contudo era isso mesmo que me deixava apavorada.

Ele é ainda pior que o pai.

- Porque decidi ficar do lado dos meus amigos? - Pergunto, tentando ocultar o quão assustada eu estava. - Tu deste-me liberdade de escolha e eu fiz a minha.

Sinto o fogão atrás de mim e uma ideia maluca surge-me na cabeça. Uma ideia que tem um lado bom e um lado mau.

- Não tenho mesmo tempo para conversar contigo, querida. Tenho uma mãe para matar e umas máquinas para desligar. - Retira uma pistola do bolso. - Mas podes ter acesso a um último desejo. Diz lá, vá, que eu sou generoso.

Rodo secretamente o botão do fogão, ligando o gás.


Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora