Capítulo 78 - Delírios.

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- O teu pai morreu... e-eu matei o teu pai, Zayn. Eu matei, e não aguento esconder-te isto! - Emma berra. Recuo instantaneamente. 

O quê? 

- Ele fazia parte disto, ele ajudou a raptar-me! E eu... sou tua irmã de sangue...

Levanto-me totalmente atordoado, dou alguns passos para trás mas nem isso sou capaz de fazer, pois volto a sentir o chão duro, após cair.

- O quê? - Murmuro, horrorizado.

Uma coisa é desaparecido, outra coisa é ele ter morrido... 

- É uma longa história, mas eu prometo que te conto tudo quando sairmos daqui, eu entendo se quiseres acabar comigo, mas por favor, por favor, tira-me daqui! - Fecho os olhos, colocando o que ouvi de lado, para ajudar a minha namorada.

Dou-lhe um beijo rápido, mostrando toda a saudade que eu senti. Noto que a sua pele está bastante quente, como se ela ardesse em febre. Uma vez que Joseph vende droga de todo o tipo, imagino que a minha namorada foi obrigada a consumir.

O quanto eu senti a falta dela!

Separo os nossos lábios, cessando o beijo e elevo o meu corpo para cima, andando em direcção à janela, levo as minhas mãos até ao meu telemóvel, premindo o botão de ligar para ela falar com Shawn. De seguida, pisco-lhe o olho para ela manter a calma e passo para a sua mão o aparelho.

Preparava-me para dar um murro na janela e parti-la, mesmo que isso custasse os ferimentos que teria na minha mão, quando a vejo mandar o meu Vodafone Smart 4 para o chão.

Olho para ela confuso e o seu olhar parece que transmite medo de mim.

- Zayn? - A sua voz treme.

- Que se passa?

Ajoelho-me, todavia ela apenas se mantém atenta, como se falasse alguma baboseira ou a ameaçasse.

- Não pode ser... tu também não, não! 

O quê? 

- Emma? - Pergunto, abanando-a um pouco.

- Zayn, tu também não... - Pede, entre soluços.

Observo uma navalha bem afiada em cima de uma mesa, e curvo os lábios instantaneamente. Poderei tentar rodar os parafusos e libertá-la da parede. As correntes é, obviamente, impossível.

- ZAYN, POR FAVOR, NÃO! LARGA ISSO, POUSA A NAVALHA, POR FAVOR! - Encolhe-se toda.

- Tu estás a delirar! - É a droga, o que quer que seja que Joseph lhe deu, está a fazer com que tudo o que eu faço e diga seja distorcido na sua mente. 

Coloco-me ao pé dela, depositando-lhe um pequeno beijo que ela parece nem sentir ou visualizar e vejo-a fechar os olhos. Começo a perfurar o parafuso, rodando-o.

- Zayn... - Chama-me, num fio de voz. 

- Calma, aguenta... - Peço, retirando o último parafuso, libertando-a. 

Bem, mais ao menos, pelo menos agora pode-se mover, mesmo tendo as correntes. 

Pego rapidamente no telemóvel, ouvindo Shawn a falar com April. Vejo Emma de olhos fechados, fazendo uma expressão de dor. 

- Pessoal! - Grito, fazendo Emma guinchar e o rapaz do outro lado fazer silêncio. - Venham a casa da Emma, eu consegui, ela esteve este tempo todo na própria casa! 

- Estamos a ir! - A chamada desliga, após esta resposta.

Levanto-me rapidamente, respirando fundo, engulo um seco e cerro os dedos, formando a minha mão num punho. Começo a socar o vidro diversas vezes, todavia, como é um duplo, não se quebra nem um pouco. Por outro lado, a minha mão virou uma bela merda ensanguentada que me dói para caralho. 

- Final feliz. - Ironizo, tentando ignorar por completo a dor. 

- Matei o teu pai e tu vais matar-me, por favor, chega! Não me cortes! - A minha namorada berra novamente, enquanto treme e geme por todo o lado, ardendo em febre. 

Vejo as correntes das suas mãos ligadas à madeira e uma ideia surge-me. Pego nela rapidamente, enquanto ela se contorce toda e grita, e estico os seus pulsos. Começo a girar a madeira e corrente velozmente, atirando-a de seguida para o vidro fumado preto, que se estilhaça em segundos. Com o cotovelo, começo a partir os bicos que ficaram nos cantos, e, após ter a confirmação que era seguro, ouço uma salva de palmas. 

A figura de Joseph aparece e tanto eu como Emma apenas paramos de fazer o que fazíamos. Por momentos ela parece ficar sã novamente e encara-me, assustada.

Com a mão esquerda ainda no meu telemóvel, ligo-o disfarçadamente e com o polegar que se encontrava para dentro, coloquei o meu código, indo ao gravador e pondo a conversa a gravar. 

Nunca se sabe o que posso acabar por guardar neste aparelho.

- Achavam mesmo que fugiam de mim, crianças? - Senta-se na mesa, bebendo champanhe por uma garrafa. 

- O que deste à Emma? Ela está a delirar! - Dou um passo em frente, porém, um segurança que estava à porta mira-me sem demoras, impedindo que me mova. 

- Uma dose elevada de cocaína, nada demais. - Dá um gole. - Irias adorar ver o estado dela ontem à noite, a tua amada canta tão bem. 

Pareço um vulcão prestes a entrar em erupção.

- Mataste a Mia, não foi? - Grunho, fazendo os olhos da minha miúda decaírem sobre nós, pois agora o assunto era relacionado com a sua melhor amiga. 

- Estás a ver como és inteligente? Sabes que fui eu e não o loirinho. Mas também gravares a conversa não te leva a lado nenhum, Malik. Nunca sairás daqui. - Começa a gargalhar. 

- Isso pensas tu! - Pego em Emma que estremece por não estar à espera.

Joseph levanta-se da cadeira, não estando à espera, corro até à janela e, numa atitude de coragem, atiro-me deste primeiro andar. O segurança dispara, acertando-me no pé. Uma dor enorme toma conta dele e grunho de dor, enquanto me vejo a aproximar do chão. 

As costas de Emma parecem estar a um ponto de bater bruscamente e se isso acontecer ela morre, com as costelas partidas. Rodo-a no ar e ambos caímos de lado, magoando-nos ainda mais. A minha mão e o meu pé batem no chão e deixo um grito de dor escapar dos meus lábios. Vejo o homem que me deu o tiro preparar-se para saltar, mas sirenes ao longe são audíveis. 

- O que está a acontecer? Estou tão confusa... - Emma pronuncia-se, levando a mão até à cintura, massajando-a. 

- Está tudo bem, agora está tudo bem. - Contemplo diversas viaturas aparecerem e deixo um suspiro, que esperava à muito poder libertar, escapulir-se dos meus lábios. 

- Zayn, Emma! - Os meus amigos, em uníssono com Shawn e April, saem dos quatro carros da policia que apareceram.

Ouço as portas da frente, ao longe, serem arrombadas e abraço Harry, Liam e Louis, que se atiraram a nós dois. Apesar de gemer de dor por um dos seus corpos me ter acertado no pé e outro ter estrangulado a minha mão direita, retribuo o gesto. 

Coloco-me de pé com a ajuda de Liam e Harry, juntamente com Louis, levantam a minha namorada. April e Shawn aparecem, sorrindo para ambos. 

- Não, por favor! - Emma começa a gritar, assustando os meus amigos.

- Ela está a delirar da cocaína. - Informo.

Deposito um beijo na cabeça de Emma, e, apesar dos delírios, ela parece relaxar. Viro costas por um instante, mancando imenso. Apesar da dolorosa afronta, eu sentia que este não era o fim. 

- E não é. - Safaa aparece, por entre os três, e eu arregalo os olhos.

O quê...? Como é que ela...? 

- Nem dei conta que estavas aqui, pequenina. - Abraço-a, sem questionar mais nada.

No meio de tempestades, surgiu um raio de sol. 

Esse raio de sol, é o milagre que aconteceu hoje.

Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora