Capítulo 77 - Salvamento...?

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Zayn

Passo de leve as minhas mãos nas cordas da guitarra, enquanto a saudade se manifesta fortemente. A minha vontade era mandar tudo pelos ares. Grace está desesperada com a perda de dois entes queridos, sua filha e seu namorado... mas eu? Apenas me importo com um um dos desaparecidos.

Emma.

O despertador começa a tocar atrás do candeeiro e eu amaldiçoo-me mentalmente por me ter esquecido de retirar o alarme, visto que hoje me deram uma pequena folga na parte da tarde. 

Outrora esperava ansiosamente para estar sozinho em casa, para não aturar Emma e o amor nojento de Yaser e Grace. Seguidamente, esperava ficar sozinho em casa com a Emma para finalmente fazer-mos o que quiséssemos. Mas agora, apenas desejo que todos voltem para casa...

Como a vida dá voltas tão depressa. Parece que foi ontem que eu conheci a Emma e lhe puxei os cabelos, a aleijei, e desejei ir-me embora. E agora, hoje, apenas quero protegê-la de todos os perigos, apenas quero tê-la aqui comigo. Não quero sair daqui. 

O maldito despertador não se cala e eu com a fúria deito-o abaixo, fazendo o candeeiro, ligado à extensão, cair igualmente. Por um milagre, a luz não se partiu e dei graças a Deus, uma lâmpada destas é caríssima. 

Fixo o chão, arregalando os olhos. 

- Onde está o rasto de sangue? Alguém o descobriu e limpou?! - Falo comigo mesmo, procurando pelo mesmo. 

Coço a queixo, pensando seriamente numa teoria que me vem à cabeça diversas vezes. Será que a Emma quis mesmo desaparecer e o Joseph não tem nada haver com isto? 

- Não, ela não iria assim. Algo aqui está mal. - Vislumbro o meu quarto, pensando. 

E subitamente, eu tive a confirmação que alguém andou no meu quarto. Uma moldura cuja fotografia sou eu e minhas irmãs está posicionada para o lado esquerdo. Eu coloco para o direito pois escrevo com essa mão e esse lado sempre me parece o melhor e mais bonito. Porém, Emma é esquerdina, e costuma colocar as coisas para esse lado.

Saio disparado do meu quarto, descendo as escadas e ficando frente a frente com a estante. Não me interessa se prometi à minha namorada que não iria entrar neste sítio, se ela está lá, eu irei tentar. 

Coloco o meu telemóvel na marcação rápida e deixo a luminosidade ligada para uma hora, caso algo aconteça, só preciso premir um botão e deixar Shawn ouvir tudo e localizar-me.

Emma, espera por mim! 


Emma

Olho pela janela de vidros fumados pretos, impedindo que os outros me vejam. Me pergunto quantos dias passaram, semanas, e talvez meses. 

- Um dia equivale a quatro, tic, tac, tic, tac. - Continuo a cantar, encostada à janela. - tic, tac, tic, tac... 

A morte da minha melhor amiga está-me marcada na memória e ainda não me abandonou por um único segundo. A minha língua dói e estou desidratada de tanto cantar, mas sempre que o seu rosto sem vida me vem à cabeça, só tenho duas opções: Ou continuo o que estou a fazer, ou berro por ela. Chorar está fora de questão. Não consigo, não mais, não depois de vinte e quatro sob vinte e quatro horas a fazê-lo.

Flashback

- Diz-me exactamente como Zayn tinha a tomada ou irei pendurar o corpo da tua loira querida à tua frente, onde a verás dia após dia até ao dia em que darás o teu último suspiro. - Joseph ameaça. 

Step-Brother [Z.M]Onde histórias criam vida. Descubra agora